Esperança Digital
02/08/2006Na mão, em vez da caneta, o mouse. Diante dos olhos, em vez das linhas do caderno, um universo de possibilidades na tela do computador. Usar a informática como ferramenta deveria fazer parte da rotina de mais de 11,6 mil alunos de 22 escolas da região ainda este ano. Eles foram beneficiados pelo Proinfo, programa federal que distribui computadores a escolas públicas.
Santa Maria foi a cidade que mais recebeu terminais no Estado. Foram 150 máquinas em 15 escolas. Mas apenas quatro escolas estão com tudo pronto para os computadores serem usados. Alguns micros chegaram em abril e ainda estão dentro das caixas, situação que se repete na região.
Dois obstáculos atrapalham. Um deles é o contrato entre o governo federal e a Itautec, responsável pela instalação dos terminais. Só a empresa pode romper os lacres. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), os técnicos devem instalar os micros 15 dias após a entrega.
O problema ocorreria porque as escolas esperam pelos equipamentos para começar a fazer as adequações. As salas devem ter grades nas janelas, alarme, cortina, instalação elétrica, rede analógica e ar-condicionado. Se não consegue fazer os reparos nos 15 dias estabelecidos, a escola tem de esperar pela disponibilidade da Itautec.
Outro problema é a falta de pessoal capacitado para auxiliar os alunos. A idéia é usar os computadores como ferramenta para facilitar o ensino das disciplinas. Mesmo assim, os estudantes precisam de alguém que acompanhe e guie seus desempenhos entre as teclas.
O secretário municipal de Educação, Pedro Maboni, explica que um curso de capacitação vai começar a ser dado em agosto. Para os professores das escolas estaduais, o coordenador pedagógico da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Valmir Beltrame, pede que os interessados em fazer o treinamento entrem em contato com o Núcleo Tecnológico de Educação da CRE.
Escola não tem linha telefônica para a Internet
Enquanto a burocracia não se resolve, Nicole Lipman, 8 anos, tenta enxergar, através do papelão das caixas em uma sala da escola Maria Josefina Saldanha, em Caçapava do Sul, a máquina que mal pode esperar para conhecer.
Por lá, os 10 computadores recebidos no dia 7 de julho ainda não foram instalados porque a escola não tem uma sala apropriada. O tão sonhado laboratório de informática ainda não tem data para ficar pronto, mas a diretora Ceci Maria Pereira já pensa em outra dificuldade:
- Não temos telefone aqui. Para a Internet, precisaremos comprar uma antena para acessar a rede por meio do rádio.
Fonte: SEED/MEC