MINI-CURSO 01
 


Algo de novo na Educação a Distancia:
Work-based Learning, a nova geracao do u-learning

Carmen Maia

Durante o mini-curso serão explorados temas como:

  • Teoria da Aprendizagem de Gregory Bateson e Expansive Learning em empresas;
  • Teoria da Knowledge Creation em empresas;
  • Ubiquitous Learning e Ubiquitous Technology;
  • e-portfolio e personal diary;
  • Work-based learning;
  • Sistemas de monitoramento e tracking da aprendizagem.


Proposta: Para participar desse mini curso, é preciso, antes de mais nada, esquecer tudo o que se sabe, o que se leu, o que se ouviu dizer sobre e-learning, web-based learning, plataformas tecnológicas e comunidades virtuais de aprendizagem.

Na verdade, muito mais do que um mini-curso, trata-se de um desafio.
O desafio de romper velhos paradigmas. O velho paradigma do ensino-aprendizagem, onde um ensina e o outro aprende.

O desafio de liberar espaço na mente para perceber que não existe mais uma única fonte do saber e um único lugar para se ensinar e aprender. Vivemos uma época de “ubiquitous learning”, onde a mobilidade tecnológica permite acessar qualquer tipo de informação e conteúdo, aonde quer que a gente esteja. Basta saber o que se quer e aonde queremos chegar.

Ubiquitous significa ubiqüidade, onipresença. Ubiquitous learning significa literalmente Aprendizagem Onipresente. Que esta presente em todo lugar, acessível de qualquer parte do planeta. A atual tecnologia e o que está vindo por aí (ubiquitous technology) possibilita essa pervasividade, essa permissividade, essa invasão de privacidade.
Infelizmente temos de reconhecer, que o atual modelo de e-learning, ainda não soube se utilizar de todas as possibilidades e potencialidades dessa ubiqüidade e mobilidade tecnológica, já que continua preso, fixo, limitado a uma instituição, um projeto de curso, a um ambiente e a um tutor virtual.

Buscando respostas para esse modelo, tive que me abstrair de meus próprios conceitos e de minhas próprias teorias. Me distanciei, literalmente, para procurar alternativas, e, tomei coragem para iniciar minha pesquisa de pos-doutorado no London Knowledge Lab, uma espécie de “Media LAb” para a Europa, iniciativa conjunta do Institute of Education e Birbeck College da Universidade de Londres.

Comecei deletando todos os meus “pré-conceitos” a respeito de e-learning e mídias interativas para buscar nos princípios básicos das teorias de aprendizagem algumas propostas para dar significado e trazer algo de novo para o ensino a distancia.

Nesse mini-curso pretendo apresentar e discutir com os participantes, as alternativas que tenho pesquisado para o ensino superior a distancia, unindo 3 áreas, que até então eram concorrentes e disputavam a aprendizagem, ou melhor, a atenção do aluno, e agora, podem e devem atuar conjuntamente, que são: o ensino superior, o e-learning e a educação corporativa.

O “engagement” proposto dessas 3 areas, é, nada mais do que a união do útil ao agradável.
Com as possibilidades tecnológicas que dispomos e as necessidades de formação e atualização profissional que o mercado exige, as Instituições de ensino tem que entender que precisam se reciclar e reformatar seus modelos, inclusive de EAD, se quiserem se manter úteis e necessárias em um futuro não tão distante.

Como fazer?
Work-based learning não é um conceito novo. O termo, vem sendo utilizado, com freqüência nos últimos anos, para descrever programas acadêmicos desenvolvidos em empresas, para criar e desenvolver novas oportunidades de aprendizagem em locais de trabalho.

O conceito pode parecer muito semelhante ao que conhecemos como Educação Corporativa. Na Inglaterra, já vem sendo implantado há algum tempo, o resultado tem sido compensador, tanto do ponto de vista da empresa quanto dos empregados, a novidade, porém, é que as Instituições de Ensino adotem a proposta como metodologia de ensino. Seria, segundo alguns autores, o ideal, já que em vez de ficarem competindo pela formação dos profissionais, empresas e escolas poderiam trabalhar conjuntamente pelo mesmo fim.

A grande diferença, no entanto, da Educação Corporativa que conhecemos até então, para a proposta de Work Based Learning é que não existe uma divisão, uma fragmentação, uma separação entre o ambiente, local e hora da aprendizagem do ambiente, local e hora do trabalho, já que as duas coisas se engajam e acontecem conjuntamente, dividindo o mesmo tempo e espaço, “economizando” o mesmo tempo e espaço, metodologias, tecnologias e recursos.
So que, em vez de simular problemas e cases, como no tradicional e-learning ou nas salas de aula presenciais, a proposta e utilizar situações reais de trabalho, que exigem posicionamento, liderança, trabalho em equipe e conhecimento do assunto como metodologia de aprendizagem, e que estão acontecendo naquele mesmo tempo e lugar.
Situações que, em geral, geram queixas de todos os lados. As empresas se queixam da falta de vivencia real de situações de trabalho, colocando a culpa na formação muito teórica e acadêmica das Insituicoes de ensino, e, por sua vez, as Instituições de Ensino que também teimam em manter seus programas e propostas baseado no que elas consideram como sendo importantes na formação do aluno.

No caso do Work-based Learning, empresas e Instituições de Ensino trabalham conjuntamente, em um nível mais gerencial e de desenvolvimento de conteúdos e competências a serem perseguidas, bem como, situações de trabalho e metas a serem alcançadas e que a Instituição de ensino com seus expertises colabora para melhorar o desempenho da empresa através do supervisionamento e monitoramento das atividades dos funcionários-alunos.

É uma metodologia que agrega valor ao todo e a todos. Uma metodologia “ganha-ganha”, onde todos saem vencedores e não precisam mais competir entre si pelo mesmo objetivo.
E, para fazer tudo isso acontecer de maneira que todos se sintam seguros, vencedores e atuantes, é preciso agregar mais um ingrediente: os recursos tecnológicos.

Nesse sentido, tenho imaginado e pesquisado algumas possibilidades, como um GPS da aprendizagem, um LMS (Learning Monitoring System) ou quem sabe um LTS (Learning Tracking System), sistemas não apenas mapeadores da aprendizagem, mas sistemas inteligentes alimentados por todas as partes, que alem de monitorar, supervisionar, e promover a interação entre todos, indica aos usuários os sinais da aprendizagem útil, ou seja, pequenas coisas que podem ser significativas ou importantes ao longo do processo...E, como considero que learning is a process, and as a process is in progress, fico pensando em outras tantas possibilidades, como e-portfolios inteligentes como PDLD (My Personal Daily Learning Diary) ou, porque não, outras tecnologias mais sofisticadas de ultima geração, como um chip, implantado em nossa pele, que semelhante a uma câmera digital que registra as imagens, registra nossos pensamentos e os descarrega em um grande servidor central, que os codifica e indica as possibilidades de aprendizagem significativa em cada um deles.... não seria o Maximo????

Acho que deu para perceber que não se trata de um mini-curso qualquer, mas sim de um “não-curso”, e sim um outro formato de ambiente de aprendizagem.

Carmem Maia
Março de 2005

Carmem Maia e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP, editora da revista icoletiva.com.br e autora de diversos livros sobre educação a distancia. Atualmente faz pos doutorado na Inglaterra no London Knowledge Lab, instituto de pesquisa vinculado ao Instituto de Educação da Universidade de Londres.

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