Histórias em quadrinhos facilitam aprendizagem
12/06/2008Desfragmentar textos com o auxílio de imagens é um dos recursos importantes na educação a distância
O marco oficial do surgimento da história em quadrinhos é dos norte-americanos. O personagem Yellow Kid, criado por Richard Outcault, em 1895, teria sido o primeiro a estrear nas tirinhas. No Brasil, porém, especialistas defendem que o primeiro personagem da história dos quadrinhos é Nhô Quim, criado no fim da década de 1860 pelo brasileiro naturalizado Ângelo Agostini, nascido na Itália.
Independente de datas e criadores, o fato é que a história em quadrinhos existe há mais de um século. E, mais importante que isso: evoluiu ao longo desses anos para, na década de 50, migrar também para o plano educacional. Em 1952, o quadrinista Will Eisner aposentou, bem no auge do sucesso, o The Spirit, seu personagem mais famoso, para se dedicar aos quadrinhos educacionais. Por entender que os quadrinhos eram mais do que diversão, na Segunda Guerra Mundial, ele passou a criá-los para divulgar ensinamentos aos soldados.
Cerca de meio século depois, agora, a linguagem e os traços dos quadrinhos também podem ser encontrados no universo virtual, como ferramenta de suporte ao ensino a distância. Os cartoons, como também são conhecidos, estimulam o aluno a ir além da memorização pela repetição de tarefas e incutem o prazer das descobertas e práticas experimentais. O motivo? Simples: por menos intimidade que o aluno tenha com o assunto tratado, certamente as histórias em quadrinhos já fizeram parte de sua vida.
Nívea Maseri de Moraes, coordenadora pedagógica do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) do Senac São Paulo, diz que, exatamente por ter essa proximidade com o aluno, o quadrinho representa uma das estratégias adotadas pela educação a distância, pois torna mais simples todos os temas apresentados ao estudante. "Os quadrinhos os ajudam a desfragmentar a idéia de um texto linear", explica Nívea. "Além de ser de mais simples absorção, o quadrinho tem a função de "quebrar o gelo" entre o aluno e a máquina."
Ela indica que o quadrinho seja utilizado como conceito-chave da aula a distância. "O cartoon deve ser o motivo central da aula. Pode funcionar para transmitir conceitos positivos ou negativos de uma dada situação cotidiana do aluno", diz Nívea. "No entanto, como a primeira imagem é a que normalmente se fixa, costumamos optar por transmitir o conceito correto, seguido por explicações mais didáticas", detalha.
Criando quadrinhos
Na hora de integrar metodologicamente os conteúdos das disciplinas e cursos a distância é preciso considerar como traços e linguagem dos textos na produção artística. Adriana Mitsui Matsuda, ilustradora do NEaD, explica como adapta o roteiro que recebe dos profissionais de design institucional às demandas dos cursos a distância. "Algumas vezes recebemos um texto muito longo, que precisa ser "enxugado" e simplificado para não tornar o quadrinho muito complexo", explica.
Os traços e a linguagem dos quadrinhos aplicados ao ensino a distância também variam conforme o público-alvo de cada curso. "Se você está tratando de um tema mais formal, os desenhos precisam ter um linha mais sóbria, pois o traço tem de acompanhar o conceito", diz Adriana. O segredo, de acordo com ela, está em utilizar a menor quantidade possível de texto, explorando as imagens para transmitir as mensagens desejadas, com traços leves. "Texto e imagem precisam ser muito bem casados. E é preciso saber economizar palavras para explorar mais as imagens", detalha.
Para Adriana, a história em quadrinhos ainda vem sendo adaptada ao meio virtual. As diferenças existentes entre a versão analógica das tirinhas e a virtual incluem também a possibilidade de adotar animações. "A animação é um artifício que prende a atenção do aluno", revela.
No entanto, Adriana não chega a ver os recursos de animação como uma vantagem do ambiente virtual sobre o papel. Isso porque, em sua opinião, a grande diversão dos quadrinhos em papel é exatamente saber que é a imaginação do leitor que dará movimento à história. "Os quadrinhos vivem uma fase de evolução no ambiente virtual. E podem, talvez, até se transformar em outros tipos de ferramenta pedagógica", prevê Adriana.
Fonte: SENAC