TCA2 007 - EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA: FORMAÇÃO CONTINUADA PARA DOCENTES
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
– UNIVALI/SC
Janae Gonçalves Martins, Drª
Universidade do Vale do Itajaí – SC
janae@univali.br
Jeanete Terezinha de Souza, MSc
Universidade do Vale do Itajaí
jeanete@cehcom.univali.br
Bernadétte Beber Campestrini, M.Eng.
Universidade do Vale do Itajaí
berna@tj.univali.br
Luis Fernando Máximo, MSc
Universidade do Vale do Itajaí
Fernando@cehcom.univali.br
Marcos Augusto Meurer, MSc
Universidade do Vale do Itajaí
marcosm@cehcom.univali.br
Formação de Profissionais para Educação
a Distância
Educação Universitária
Resumo
Este artigo tem por objetivo apresentar a trajetória realizada
na Formação Continuada em Educação a Distância
para os docentes da Educação Superior na Universidade
do Vale do Itajaí – UNIVALI/SC. O Programa de Formação
Continuada, promovido pela Pró-Reitoria de Ensino, busca subsidiar
os docentes da Instituição para o trabalho docente com
EaD, tendo por intuito promover a reflexão teórico-metodológica,
estrutura em conceito científicos e o conhecimento das possibilidades
didáticas do uso das tecnologias de forma a constituir-se em
elemento essencial para a construção e reconstrução
da modalidade de EaD na Instituição. Dentre as ações
de formação dos professores para o uso dos recursos
dessa modalidade, foram ofertadas três oficinas: Possibilidades
Didático-Pedagógicas na Utilização de
Ambientes Virtuais de Aprendizagem, Produção de Materiais
Impressos para Educação a Distância e Videoconferência
em fevereiro de 2004.
Palavras chaves: formação
continuada, educação a distância, Educação
Superior.
1 Introdução
A formação continuada de docentes que atuam na Educação
Superior vem sendo palco de inúmeras discussões, centrando-se
na busca incessante do aperfeiçoamento dos saberes, atitudes
e habilidades na qualificação profissional.
Sob este enfoque, Demo (1998, p. 191) com propriedade nos diz que:
“Nenhuma profissão envelhece mais rapidamente
do que a do professor, precisamente porque lida mais de perto
com a lógica do conhecimento. Mais decisivo do que colher
um diploma é manter-se atualizado pela vida afora”. |
Desta forma, a sociedade do conhecimento exige que as
universidades estejam atentas, não apenas ao refinamento dos
conteúdos programáticos mais atualizados, mas que atendam
com eficiência e eficácia a diversidade de metodologias
para que o fazer pedagógico, à luz das concepções
de aprendizagem, tenham uma nova re-significação.
Quando tratamos da formação de docentes necessitamos
ter sempre em mente que é de extrema necessidade focar os direcionamentos
de ensino não meramente como cursinhos rápidos ou pinceladas
de forma superficial, mas um fazer voltado aos conhecimentos teórico-práticos
para auxiliar no processo ensino-aprendizagem visando a qualificação
profissional dos envolvidos neste processo de construção,
pois, de acordo com Pedrosa (2003, p. 70) percebemos que:
Os conhecimentos e habilidades empregados em um campo profissional
são cada vez menos estáveis; em intervalo de tempo cada
vez mais curtos, transformam-se, até mesmo, tornam-se obsoletos.
As novas formas de trabalho, as crescentes demandas resultantes dos
avanços que a ciência introduz nas áreas técnicas
e tecnológicas, nos sistemas de comunicação,
de transporte, e mesmo nas formas de relação, organização
e lazer requerem um maior acesso a novas informações
e um contínuo desenvolvimento de novas habilidades para a adaptação
e assimiladas destas mudanças.
Cada vez mais os processos educativos assumem um caráter flexível,
entre os quais a EaD se apresenta como uma possibilidade de acesso
a informações e conhecimentos por um expressivo contingente
de pessoas, independente da distância geográfica em que
se encontram, promovendo a difusão do saber antes centralizado
em locais e em horários fixos (NISKIER, 2001)
Frente a este contexto, percebemos que o educador deve assumir uma
postura diferenciada mediante a multiplicidade das inovações
tecnológicas, pois nenhum projeto educativo terá sucesso
sem o comprometimento e o aperfeiçoamento dos docentes, que
são os principais agentes da inovação educacional.
Este processo de construção necessita atender não
apenas o domínio cognitivo e o operacional, mas estar voltado
aos valores e as atitudes como parte integrante de todo um contexto
no tripé universitário que se caracteriza em ensino,
pesquisa e extensão.
Dessa forma abrem-se novas perspectivas de atuação docente,
o que por sua vez exige novas habilidades para atuar em EaD, considerando
algumas semelhanças com a modalidade presencial, mas reconhecendo
suas peculiaridades. A isso acresce um desafio comum a todos os professores
cônscios de suas responsabilidades na superação
do paradigma tradicional: a formação de sujeitos críticos,
responsáveis, participativos e solidários.
Esta busca diferenciada de fazer educação está
pautada na Universidade do Vale do Itajaí, através da
formação continuada realizada com os docentes de diferentes
cursos e centros acadêmicos.
2 Formação Continuada: construindo
percursos
A formação continuada faz parte das ações
prioritárias da Pró-Reitoria de Ensino (ProEn) com o
objetivo de possibilitar ao corpo docente qualificação
profissional através de vários cursos diferenciados.
Dentre estes, em função do rompimento do paradigma verticalista,
estabelecido por muitas décadas, a formação continuada
em Educação a Distância tornou-se necessária
para instaurar uma cultura inovadora que norteia o processo ensino-aprendizagem.
Frente a esta concepção, um grupo de dezesseis especialistas
em EaD, que fazem parte do corpo docente da Instituição,
elaborou um projeto que se caracterizou pelo aprofundamento das discussões
em torno da modalidade EaD, que aos poucos vêm fazendo parte
do cotidiano de professores e alunos da Univali. O enfoque desta etapa
da formação foi o estudo das possibilidades didáticas
do uso das tecnologias de forma a constituir-se em elemento essencial
para a construção e reconstrução da modalidade
de EaD na Instituição.
Os trabalhos do grupo tiveram início em agosto de 2003, quando
foram definidos os temas e subgrupos para produção do
material de referência. Cada equipe organizou os conteúdos
a serem desenvolvidos, bem como o cronograma de produção
do material a ser entregue aos professores. De novembro de 2003 a
janeiro de 2004 procedeu-se a correção dos textos, bem
como o planejamento da oferta das oficinas pelos professores formadores.
As oficinas oferecidas trataram das seguintes temáticas:
Oficina 1: Possibilidades Didático-Pedagógicas
na Utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem,
conhecer as possibilidades didáticas de aplicação
dos ambientes virtuais de aprendizagem nos processos de ensino-aprendizagem.
Oficina 2: Produção de
Materiais Impressos para Educação a Distância,
tendo por objetivo finalidade orientar o docente na produção
do material impresso para Educação a Distância
(EaD), incluindo elementos essenciais e indispensáveis ao aprendizado
e à qualidade de ensino;
Oficina 3: Videoconferência:
compreender o uso da videoconferência no ensino, bem como os
procedimentos metodológicos envolvidos, que possam favorecer
um aprendizado significativo .
Assim, a UNIVALI ofereceu aos seus docentes da Educação
Superior, entre os dias 09 a 13 de fevereiro de 2003, formação
específica em Educação a Distância por
meio dessas oficinas.
Para que os trabalhos fossem desenvolvidos com qualidade os docentes/alunos
foram divididos em nove grupos totalizando oitenta e sete docentes/alunos.
Em cada grupo foram trabalhadas oito horas/aula atingindo profissionais
de diversas áreas do conhecimento como, advogados, filósofos,
administradores, contabilistas, pedagogos, historiadores, psicólogos,
engenheiros de diversas áreas, tecnólogos, fonoaudiólogos,
enfermeiros, fisioterapeutas, dentre outros.
Campos |
Oficina |
Número de
Alunos |
TIJUCAS |
Material Impresso |
11 |
BIGUAÇU |
Videoconferência
Material Impresso
AVA |
14
14
06 |
ITAJAÍ-CTTMAR |
AVA
Material Impresso |
19
11 |
BALNEÁRIO CAMBORIÚ |
Material Impresso
AVA |
05
07 |
TOTAL |
|
87 |
3 Conteúdos e estratégias didático-pedagógicas
no processo da formação continuada
Passamos a relatar os conteúdos e metodologias adotadas em
cada oficina para a formação continuada.
A primeira oficina, denominada “Possibilidades Didático-Pedagógicas
na Utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem”
abordou em sua temática os seguintes itens:os atores pedagógicos
em EaD; o ambiente virtual de aprendizagem; princípio da autonomia;
princípio da aprendizagem colaborativa e cooperativa; princípio
da interação e da interatividade; comunidades virtuais
de aprendizagem; ambiente virtual de aprendizagem X comunidades virtuais
de aprendizagem.
A metodologia escolhida para a realização da oficina
orientou os trabalhos na forma de uma prática teorizada. Os
formadores definiram previamente algumas atividades a serem executadas
pelos professores em formação. Tais atividades privilegiavam
a comunicação mediada pelo ambiente virtual utilizado,
bem como a cooperação e a autonomia dos participantes
da oficina. Aliadas aos recursos do ambiente virtual, também
foram utilizadas ferramentas de busca de informações
na internet.
À medida que os professores em formação colocavam
em prática as atividades, utilizando o próprio ambiente
a ser aprendido, os formadores discutiam com o grupo as potencialidades
e possibilidades pedagógicas de cada ferramenta envolvida nas
atividades em questão e ainda ouviam e debatiam as percepções
dos participantes.
A seguir, os participantes da oficina tiveram acesso ao ambiente,
não mais como alunos, mas como formadores. Com isso, puderam
também experimentar as possibilidades e os limites da utilização
pedagógica das ferramentas do ambiente virtual quando se quer
produzir aprendizagens significativas, possibilitando aos mesmos uma
visão do aluno ao participar das aulas dentro do ambiente virtual.
A segunda oficina “Produção de Materiais Impressos
para Educação a Distância”, discutiu: subsídios
à produção de material impresso para EaD:princípios
pedagógicos importantes em EaD; o texto didático impresso
para EaD; recursos e dicas para a produção de material
impresso;estratégias de produção textual e conteúdo
digital.
A dinâmica utilizada pelos formadores envolveu a reflexão
sobre as diferenças do texto técnico/científico
e do texto didático produzido para a modalidade EaD. Os docentes,
alunos da oficina, analisaram materiais utilizados por outras instituições
a partir de critérios de qualidade deste tipo de material,
avaliando a linguagem empregada, bem como os recursos possíveis
de serem utilizados para torná-lo mais atrativo e rico.
No segundo momento da oficina, os professores em formação
foram desafiados a produzir uma unidade de ensino, dentro da sua disciplina
ou área de atuação. Este momento foi extremamente
rico, pois os participantes puderam experienciar a produção
desta modalidade de material didático, sanar dúvidas,
partilhar seus textos com os demais colegas, submetendo-os à
avaliação dos colegas.
A terceira oficina “Videoconferência” abordou em
sua temática: o que é videoconferência; tipos
de videoconferência; sistemas de mesa ou Desk Top; Sistemas
de grupo; a aula pela videoconferência; características
da aula através da videoconferência; recursos técnicos
da videoconferência; recursos de áudio – potencializando
a voz do professor; recursos de vídeo – a narrativa televisiva;
dinâmicas aplicadas na videoconferência; dicas para a
boa utilização da videoconferência; para o professor;
para o planejamento da aula; para a utilização de arquivos
do computador; para humanizar o ambiente virtual.
A metodologia empregada pelos formadores, nesta oficina, envolveu
primeiramente a exposição das orientações
técnicas para o uso dos recursos da Videoconferência
nos processos de aprendizagem. A parir desse embasamento, os professores
em formação tiveram como tarefa a elaboração
de uma unidade de ensino utilizando as ferramentas de videoconferência,
e a apresentação oral para os colegas.
Nas três oficinas, houve a preocupação em empregar
diversas mídias, com o intuito de que o professor perceba cada
vez mais as possibilidades de uso de vários recursos em sua
prática pedagógica. Os recursos utilizados envolveram:
|
.Projetor multimídia, como recurso para apresentação
expositivo-dialogada; |
|
TV, Vídeo como retroalimentação
através do som e da imagem, expressando a interação
de múltiplas linguagens; |
|
Videoconferência para mostrar que a interatividade
se faz presente de forma síncrona, real através
de sinais de áudio e vídeo; |
|
Material impresso elaborado pelo grupo de professores formadores,
para servirem como texto de referência. Este material
deverá tomar o formato de Caderno de Ensino, e se transformará
em publicação institucional. |
|
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) como suporte tecnológico
para favorecer atividades síncronas (chat) e assíncronas
(fórum, lista de discussão, vídeo e e-mail)
enriquecendo a construção do conhecimento ( ver
figura 2); |

Figura 2: Ambiente Virtual de Aprendizagem
4 Conclusões
A formação continuada em Educação a Distância
com os docentes da Educação Superior da Universidade
do Vale do Itajaí – UNIVALI vem envolvendo ações
específicas direcionadas para auxiliar e inovar a prática
docente.
Constatamos que houve grande receptividade por parte dos docentes
em formação. Embora a utilização das tecnologias
de informação e comunicação ainda se encontrem
numa fase de divulgação e implantação
no meio acadêmico, e a maioria dos docentes e gestores evolvidos
desconhecer de que forma utilizar estes recursos nas atividades docentes,
percebe-se um movimento de adesão e de inserção
desses nas práticas pedagógicas.
Observamos também, no posicionamento dos docentes/alunos, que
a carga horária desta etapa foi adequada, mas que há
necessidade de incluir no programa da formação continuada
uma maior abrangência de temas inerentes à Educação
a Distância, dando continuidade, assim, aos trabalhos desenvolvidos.
5 Referência Bibliográfica
KENSKI, V. M. A profissão do professor em um mundo em rede:
exigências de hoje, tendências e construção
do amanhã: professores, o futuro é hoje. Tecnologia
Educacional, Associação Brasileira de Tecnologia Educacional
(ABT), v. 26, n. 143, out./ dez. 1998.
LANDIM, C. Educação a Distância
algumas considerações. C. Landim, Rio de Janeiro, 1997.
LÉVY, P. A Máquina Universo: criação,
cognição e cultura informática. Porto Alegre,
Artes Médicas, 1998.
MARTINS, J. G. Aprendizagem baseada em problemas aplicada
a ambiente virtual de aprendizagem. Tese de doutorado. UFSC -
PPGEP, Florianópolis: 2002.
MENEGHEL, I. Metodologia para desenvolvimento de cursos
a distância. In: Ead unicamp. Disponível em: <http://
www.ead.unicamp.br/phpead/boletim.php?bolt=1>. Acesso em: 13 jul.
2002.
PEDROSA, S. M. P. A. Educar em Revista. Curitiba, Pr:
UFPR,N. 21, 2003