Concepção de um sistema de interação via "web" para suporte a educadores ambientais


Iracema Stancati Rodrigues
Programa de Pós Graduação em Tecnologia - PPGTE
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná - CEFET/PR
stancati@ppgte.cefetpr.br

João Roberto Mendes
Programa de Pós Graduação em Tecnologia - PPGTE
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná - CEFET/PR
jmendes@ppgte.cefetpr.br

Prof. Doutor: Hilton de Azevedo
Programa de Pós Graduação em Tecnologia - PPGTE
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná - CEFET/PR
Hilton@ppgte.cefetpr.br

Prof. Doutora: Sonia Ana Charchut
Programa de Pós Graduação em Tecnologia - PPGTE
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná - CEFET/PR
Sonia@ppgte.cefetpr.br

(Texto original com imagens: clique aqui)


RESUMO

Este trabalho descreve um ambiente de interação baseado na "web" para permitir que especialistas geograficamente distantes possam dar suporte a educadores ambientais que trabalham com comunidades residentes em uma área de preservação ambiental. A diversidade cultural das comunidades envolvidas exigirá estratégias sócio-pedagógicas que deverão estar em sintonia com a proposta do projeto de educação ambiental. A originalidade da proposta consiste na adoção de conceitos oriundos de teorias sociais como: Comunidades de Prática, Dialógica e Teoria da Atividade.

PALAVRAS-CHAVE

interação ser humano-computador, educação a distância, comunidades de prática, interatividade.


Introdução

Os problemas e contexto desta proposta foram objeto de estudo de uma disciplina ofertada no Programa de Pós-graduação em Tecnologia ¾ PPGTE do CEFETPR ¾ Centro Federal de Tecnologia do Paraná. A idéia principal foi elaborar uma metodologia com ferramental de apoio, para auxiliar na resolução de um problema ambiental com características sociais, intra-institucionais e econômicas conflitantes.

O trabalho trata da aplicação de uma ferramenta para suporte a um projeto de educação ambiental desenvolvido em uma área de preservação ambiental, historicamente compartilhada por pescadores, comunidades indígenas, donos de pousadas, turistas, fiscais do IBAMA e pesquisadores. Mediante o uso da ferramenta, em uma primeira fase, um grupo de professores voluntários da rede municipal de ensino da cidade de Paranaguá, receberá treinamento (naquela cidade) para atuarem como educadores ambientais. Em uma segunda fase, os educadores se deslocarão para a área do projeto na ilha de Superagüi, onde se encontram as comunidades da área de preservação ambiental.

O projeto pedagógico utilizou conceitos de Comunidades de Prática (WENGER, 1998), de Relação Dialógica (BAKHTIN, 1999) e Teoria da Atividade (ENGESTRÖM, 1997). A maneira como foram abordados esses conceitos, foi esboçada para os educadores, mas não claramente definida, pois necessitou ser adequada aos valores de cada comunidade. Foi nesse ponto que os educadores necessitaram do apoio dos especialistas em meio ambiente e pedagogia para orientar suas ações. Como os especialistas se encontram em Curitiba e em outras cidades do país os educadores ambientais interagiram com aqueles através da internet, a partir de Paranaguá.

Contexto do projeto

A ilha do Superagüi está localizada no Litoral do Paraná, faz parte da área de preservação ambiental de Guaraqueçaba, um dos cinco ecossistemas mais importantes do mundo, pois está coberta pela Floresta Atlântica (considerada de Reserva da Biosfera pela UNESCO).

A Barra do Superagüi, principal vila da ilha, tem aproximadamente 2.000 moradores, que vivem da pesca e da extração vegetal. A ilha apresenta problemas sociais e ambientais. O posto de saúde não dispõe de medicamentos básicos e o atendimento é precário. Existe somente uma escola primária com recursos bastante limitados, no momento desativada. Outro problema é a especulação imobiliária, que embora sendo proibida, devido às necessidades econômicas de seus os moradores, vendem seus terrenos para turistas. Por ser um dos principais pontos de referência de turismo ecológico no Paraná e receber um numero significativo de turistas, existe o problema do acúmulo de lixo, acarretando a poluição das suas praias. A ilha foi tombada como Patrimônio Natural do Estado em 1985 e faz parte do Parque Nacional do Superagüi, criado em 1979.

Este projeto se propõe a desenvolver uma conscientização Ecológica e Social nas comunidades locais sobre a importância da proteção dos ecossistemas naturais e facilitar o diálogo entre essas comunidades e os representantes dos órgãos governamentais que regem o Parque. A estratégia adotada associa a divulgação de práticas de preservação com interesses das comunidades envolvidas.

Entendemos que para essa proposta logre êxito, será necessário um processo de ensino e aprendizagem flexível, centrado nas necessidades locais de preservação do ambiente humano e natural, dirigido a educadores ambientais da rede municipal. A Educação a distância, de acordo com ROCA (1998, p. 198), "define-se como um sistema de formação sem condicionamentos de lugar e com poucos condicionamentos de tempo e ocupação do estudante. É uma modalidade de formação com recursos, meios, sistemas de trabalho e de organização próprios e característicos", e pode servir como princípio interativo para orientar as ações de Educação Ambiental.

Isso significa que os educadores ambientais precisam conhecer as características sócio-culturais da comunidade local, junto com especialistas ambientais, para definir estratégias e materiais de ensino, de modo a criar condições para adaptação de um trabalho em tempo real, em função dos diferentes temas e perfis explorados, proporcionando subsídios adequados para a preservação ambiental.

Bases teóricas e escolha de software para interação homem-máquina aplicadas ao Projeto

Teremos, como bases teóricas para o projeto de educação a distância aplicado à conscientização ecológica e social, o conceito de Comunidades de prática (WENGER, 1998), a Relação dialógica (BAKHTIN 1999) e o ciclo expansivo da Teoria da Atividade (ENGESTRÖM 1997), bem como, o ambiente computacional para trabalho colaborativo BSCW para interação homem-máquina.

Comunidades de Prática, Discurso Dialógico e Teoria da Atividade e suas relações com a interface do BSCW

Para WENGER (1998), uma comunidade de prática é um conjunto de relações entre pessoas, atividade e mundo, ao longo do tempo. Assim, uma comunidade de prática constitui uma condição intrínseca para a existência de conhecimento, na medida em que fornece o suporte interpretativo necessário para dar sentido às coisas.

Numa comunidade de prática, os membros têm diferentes interesses, trazem diferentes contribuições para a atividade e têm diferentes pontos de vista. A idéia de comunidade de prática não implica necessariamente co-presença, nem um grupo muito bem definido, nem fronteiras socialmente visíveis. Pertencer a uma comunidade de prática implica participação num sistema de atividade sobre o qual os membros partilham compreensões acerca do que estão fazendo e do que isso significa para as suas vidas e as suas comunidades. É evidente a existência de comunidades distantes no Superagüi: pescadores, população indígena, fiscais do IBAMA, turistas e donos de pousadas.

De acordo com MOECKEL (2000, p. 25), "o sistema BSCW foi construído baseando-se na metáfora de shared workspace (área de trabalho compartilhada), na qual um usuário pode armazenar vários tipos de arquivos, bem como ter acesso às atividades dos membros do seu grupo". Pretendemos utilizar o BSCW como exemplo de interação entre educadores e especialistas ambientais.

Essa ferramenta foi desenvolvida pelo GMD-FIT (Institute for Applied Information Technology, German National Research Center for Computer Science) [MAROCK, 98]. O objetivo principal dela é ser acessível a partir de navegadores convencionais, sem a necessidade de instalação de ferramentas adicionais.

Na aplicação do projeto de educação a distância, a conscientização ecológica e social, o BSCW pode permitir a facilidade na interação entre o Conteudista, o Tutor, o Educador Ambiental (figura 1), pois para WENGER (1998), cada grupo é uma comunidade de prática que pode interagir entre si ou com outras comunidades, através, de engajamento mútuo, partilha de repertório, e empreendimento comum. Para que essa interação seja efetiva, faz-se necessária uma interface. A figura 1, mostra a interface do BSCW, elaborada pelos autores deste artigo:

De acordo com BAKHTIN (1999), os indivíduos interagem dialogicamente entre si, de forma presencial ou por meio da leitura de textos. Nessa interatividade, "compreender não deve excluir a possibilidade de uma modificação, ou até de uma renúncia, do ponto de vista pessoal. O ato de compreensão supõe um combate cujo móbil consiste numa modificação e num enriquecimento recíprocos." Portanto, mesmo que os atores envolvidos no projeto não estejam em contato presencial, eles irão interagir dialogicamente através dos textos inseridos no BSCW.

O conhecimento adquirido através do sistema de educação a distância proposto, usando como veículo a Internet, estabelece uma dinâmica diferente daquela encontrada nos livros, na medida em que não só aproxima o indivíduo de outras realidades (pois isso a impressão já o faz), mas determina-o pela mutabilidade e pela agilidade, facilitando a comunicação. A Internet constitui primeiro um meio de contato social com outras pessoas; ela pode promover diferentes formas de pensar e de viver. Esses aspectos são de vital importância para a conscientização ecológica e social, uma vez que a conscientização pode ser entendida como uma mudança de consciência. Nesse processo de conscientização é importante a consideração de dois princípios básicos da Teoria da Atividade, desenvolvidos por Vygotsky (1981): a internalização e a externalização. Esses dois princípios são utilizados neste projeto, a fim de dar base para que ocorra a proposta de interação através de um projeto pedagógico.

A internalização está relacionada com a reprodução da cultura: o ser humano internaliza conhecimentos, conceitos, valores e significados, reproduzindo-os em suas relações sociais. A externalização está ligada à capacidade criativa do ser humano, através da qual é possível transformar a realidade vivida. No processo de externalização, poderão ser criadas novas ferramentas técnicas ou psicológicas com o papel de mediadoras na relação entre sujeito e objeto, potencializando a superação do processo de reprodução cultural, e caracterizando um ciclo expansivo de desenvolvimento,. Este conceito foi desenvolvido por Engeström (1997), a partir dos princípios de internalização e externalização.

Para Engeström, um ciclo expansivo permite o surgimento de novas formas de organização social a partir da transformação de uma precedente. Este conceito parece importante para a conscientização ecológica e social que o processo visa atingir. Em certos momentos sócio-históricos, surgem novas formas de uso das tecnologias existentes, novas idéias e meios de superar os desafios encontrados, por vezes, de forma pouco sistemática e organizada. O que se concebe é que, a princípio, nada está definido e acabado, há sim um constante evoluir, uma reinterpretarão da sociedade e da cultura. De acordo com Engeström (1999, p. 384), um ciclo expansivo ou "espiral" caracteriza-se por sete etapas (figura 1), as quais descreveremos a seguir tomando como referência o projeto de Educação a Distância para a Conscientização Ambiental e Social:

o 1ª ação, "questionando": questionamento, crítica ou rejeição de alguns aspectos da prática corrente. Os atuais modelos de educação ambiental são impostos como "pacotes prontos" e não consideram a relevância de aspectos específicos do local e apresentam-se com estrutura pedagógica verticalizada.

o 2ª ação, "analisando": análise da situação, que envolve transformações mentais, discursivas ou práticas da situação em questão, para descobrir causas ou mecanismos explanatórios. O autor sugere dois tipos de análise para esta etapa, que são a histórico-genética e a real-empírica. Na análise histórico-genética, a situação é explicada através do traçado de sua origem e evolução, enquanto que na real-empírica a explicação é decorrente da construção de um esquema das relações sistêmicas internas que ocorrem na atividade. A análise dos conteúdos pertinentes ao Superagüi focaliza tanto as práticas tradicionais como a forma pela qual elas podem e devem ser compatibilizadas com a preservação do Parque Nacional.

o 3ª ação, "modelando": construção de um modelo da nova idéia, que explique e ofereça uma solução para a situação problema. Elaboração de maquete da interação entre os atores envolvidos no projeto de EaD aplicado à conscientização ecológica e social na ilha do Superagüi.

o 4ª ação: "examinando o modelo" : experimentação do modelo, visando perceber sua dinâmica, potencialidades e limitações. Análise do modo de interação entre os atores envolvidos no projeto de EaD aplicado à conscientização ecológica e social na ilha do Superagüi.

o 5ª ação: "implementando o modelo": concretização do modelo, por meio de sua aplicação prática.

o 6ª ação: "refletindo": avaliação do novo processo.

o 7ª ação: "consolidando": estabelecimento de uma nova forma de prática:

Para Engeström (1999) o processo que envolve o ciclo expansivo ou espiral é uma contínua construção e resolução de tensões e contradições em um sistema de atividade, que envolve objeto, ferramentas mediadoras e as perspectivas dos participantes envolvidos. O ponto relevante do conceito de ciclo expansivo para o projeto de Educação a Distância para a conscientização Ecológica e Social, é que as tensões e contradições e conflitos, que são inerentes a essa atividade, não serão vistos como problemas, mas sim, como mola propulsora de contínua reformulação e mudanças, de modo a permitir a flexibilidade do método utilizado, para atingir os objetivos propostos. Um modelo de aplicação desse conceito neste projeto pode ser visualizado na figura 3:

Para o propósito deste projeto, o educador será um engenheiro do conhecimento, misto de programador e artista, tutor à distância (ou em presença, facilitador), orientador e decodificador das múltiplas necessidades dos vários atores envolvidos na preservação ambiental.

A complexidade de suas tarefas exige uma formação inicial e continuada totalmente nova, prevista em módulo presencial e semipresencial, como primeira fase do projeto, para novas tendências na formação do educador ambiental.

Outras concepções de educador ambiental e de ensino podem ser englobadas por esta concepção mais ampla. Todas essas novas tendências se declaram reflexivas, sendo possível identificar dois componentes comuns a essas propostas: por um lado, a idéia de pesquisa e reflexão constante sobre a própria prática pedagógica e, por outro, a convicção de que será fundamental estabelecer:

a) uma nova relação mais horizontal (menos verticalizada e autoritária) entre educador ambiental e comunidade da ilha, entendidos como parceiros diferenciados no processo educativo.

b) a integração dos meios técnicos de comunicação e de informática aos processos educacionais, uma vez que a reflexão sobre a própria prática conduz necessariamente à criação de um conhecimento específico e ligado à ação.

c) um projeto descentralizado e conservando a integração entre os diferentes modos de estudo (convencional e a distância). Onde a equipe acadêmica deverá manter o controle e autonomia com relação aos cursos e assim poder ajustar rapidamente currículos, métodos e conteúdos para atender às necessidades da comunidade da ilha do Superagüi.

Pré- aplicação do projeto

Para que fosse possível uma implantação do projeto na Ilha de Superagui, e mesmo entender como seria sua aplicação resolveu-se fazer um pré-teste com vinte e dois professores da rede estadual de ensino do Paraná, quatorze tinham familiaridade com computadores e internet e outros oito não sabiam utilizar o computador.

Foi necessário promover um curso de capacitação de trinta horas, sendo dez horas de instrumentalização para a utilização do BSCW e vinte horas direcionadas as características sócio culturais da Ilha do Superagui, concepções de metodologias educacionais, estratégias e materiais de ensino, questões curriculares e princípios orientadores de ações de educação a distância. Após o curso os participantes continuaram interagindo por intermédio do BSCW.

Um exemplo da interação entre os professores que participaram da capacitação para utilização do BSCW pode ser visualizado na figura 2:

Cenário de desenvolvimento do projeto

Sabe-se que a produção de conhecimento pode se dar também mediante práticas reconhecidas pedagogicamente como producentes. A sua utilização não nega a possibilidade de uma "comunhão" com a máquina. Propõe-se então a utilização do computador como um elemento auxiliar, uma ferramenta, uma estratégia deste projeto, que se distingue inclusive por conter personagens diferentes como o professor, o tutor e o educador ambiental.

A estratégia de adequação pedagógica do projeto de Educação a Distância aplicado à conscientização Ecológica e Social na ilha do Superagüi pode ser visualizada na figura 3:

O professor irá preparar os conteúdos pedagógicos, atenderá e compartilhará as necessidades dos tutores; e poderá compartilhar experiências com outros professores de outros projetos em EAD. O professor também avaliará a ferramenta de interação do curso.

O papel do Tutor/Mediador; será de apoiar o Educador e obter informações do especialista para resoluções de problemas; acompanhar o desenvolvimento das atividades dos Educadores Ambientais; avaliar e compartilhar funções da ferramenta.

O papel do Educador Ambiental, será promover atividades de educação ambiental na comunidade; elaborar portfólios de suas atividades educacionais e fazer adequações pedagógicas do curso aos perfis da comunidade.

Um exemplo fictício de interação entre os atores envolvidos no projeto de Educação a Distância aplicado à conscientização Ecológica e Social na ilha do Superagüi, pode ser visualizado na figura 4, (diálogo via Internet de dois atores envolvidos no projeto):

(15:45:01) Educador Ambiental: a aplicação de jogos para sensibilização quanto à coleta de lixo e devastação ambiental não foi satisfatória, as fases não estavam claras; ha como mudar?

(15:45:35) Tutor: acho que será preciso ler as fases e aplicar detalhadamente, sem induzir os participantes. Foi neste ponto que se deu o problema; lembre-se que o jogador pode camuflar seus atos.

(15:46:05) Educador Ambiental: as dificuldades foram exatamente estas, quanto ao jogo, os participantes não sabem criar cenários e histórias e estratégias de enredo, existe muita dificuldade de compreensão, por parte dos membros da comunidade. Tentarei novamente, mudando a tática, pois o jogo tem níveis que devem ser modificados, da forma como expus.

(15:47:01) Tutor:Ok, aplique e mande as seqüências do jogo e quais as estratégias utilizadas, que o reformularemos, ok?

(15:48:00) Educador Ambiental: Mudando de estratégia, passamos a sensibilizar através da exposição de murais, dos problemas mais graves de devastação ambiental encontrados atualmente, não só na Ilha do Superagüi, mas em âmbito mundial, e desenvolvemos dinâmicas de Grupo, com o fim de promover a interação entre nós educadores, e os membros da comunidade.

(15:50:01) Tutor: Mande os resultados, certo?

(17:50:03) Educador Ambiental: os principais argumentos dos membros nativos da comunidade são os seguintes:

Sempre vivemos aqui. Vivemos do que a natureza oferece, e nossos pais nos criaram colhendo frutos, explorando palmito e pescando. Por que agora tem que ser diferente? E o resto do mundo, quem cuida? E a Amazônia, que é muito maior, lá também tem disso?

Você vive lá na cidade, por que lá eles não se preocupam com isso?

(15:53:00) Tutor: Irei passar estas informações para o professor para estudarmos as possíveis estratégias para atender as dificuldades encontradas. Em breve, as colocaremos no BSCW. Sugerimos que, se você, enquanto Educador Ambiental , que está em contato direto com a comunidade, tiver alguma idéia, nos comunique.
Figura 4: Maquete de interação on-line entre os atores envolvidos no projeto.


Considerações finais

O processo é uma prática cujo princípio norteador é a interatividade de ação reflexiva e conduta criativa. Em certos momentos históricos, surgem novas formas de uso das tecnologias existentes, novas idéias e meios de superar os desafios encontrados. O que se concebe neste projeto de educação ambiental a distância, é que, nada está definido e acabado, há sim um constante evoluir, uma reinterpretação da sociedade e da cultura. Nesse contexto, entendemos que o ciclo expansivo da Teoria da Atividade permite questionar a flexibilidade da interface da ferramenta utilizada, de modo a levar em consideração a realidade de trabalho, a comunicação e a cooperação dos atores envolvidos na prática do projeto.

A tecnologia, somada ao projeto de conscientização ambiental, será construída com base na experiência da comunidade da ilha do Superagüi, e compartilhada a partir das interações entre os educadores ambientais, os tutores e os professores, objetivando a aprendizagem interativa e crítica. O conceito de comunidade de prática para este projeto possibilita criar condições para a descoberta de uma comunidade de prática compartilhando um objetivo comum, que, neste caso, é a preservação das condições de vida humana e ambiental da ilha do Superagüi. Terá a participação de diferentes atores, eliminando barreiras de tempo e espaço e virá provocar a interatividade dialógica através dos textos inseridos na ferramenta BSCW.

A partir da pré-aplicação deste projeto, verificou-se a possibilidade de implantação de uma ferramenta para ser utilizada no processo de educação a distancia, com a ressalva de que os professores tenham uma capacitação prévia para a utilização do computador e da Internet.

A educação poderá promover uma mudança de consciência por parte dos membros da comunidade da ilha do Superagüi, caso seja entendida como: aquisição do saber e conscientização ambiental, inter-relacionamento dos seres humanos e interação do ser humano com a máquina, cooperação mútua, com objetivos claros e atenta às transformações sociais.

A proposta deste projeto de educação a distância pode ser reproduzida em contextos de interação em geral que envolvam a interação entre seres humanos mediada por ferramentas.

Referências Bibliográficas

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo:Hiucitec,1999.

ENGESTRÖM, Yrjö. Inovative Learning in Work Teams: Analyzing cycles of Knowledge creation in practice. In: ENGESTRÖM et al. (eds). Perspectives on Activity Theory, Cambridge University Press, 1999.

____________. Learning by Expanding: A n Activity-Theoretical Approach to Development Research. Orienta Konsultif Oy.

MOECKEL, Alexandre. Modelagem de Processos de Desenvolvimento em Ambiente de Engenharia Simultânea: Implementação com as tecnologias Workflow e Bscw. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós Graduação em Tecnologia - CEFET/PR. Curitiba, 2000.

SEABRA, Carlos. Software educacional e telemática: novos recursos na escola. http://penta2.ufgrs.br/edu/edu3375/leciona.html

SILVA, Dirceu. Informática e Ensino: visão crítica dos softwares educativos e discussão sobre as bases pedagógicas adequadas ao seu desenvolvimento - http://penta2.ufgrs.br/edu/edu3375/leciona.html

STRUDWICK, Janete. Behaviourist and Constructivist approaches to multimedia - http://penta2.ufgrs.br/edu/educ3375/e33

VIGOTSKI, Levi. A formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1981.