Metodologia para Formação de Tutores 
de um programa de EAD na área da Saúde e sua
 
implementação em quatro países da América Latina


 

Miriam Struchiner
Nutes/UFRJ 
mchiner@nutes.ufrj.br

 Regina Maria Vieira Ricciardi
Nutes/UFRJ
ricciardi@nutes.ufrj.br

Suely da Silva Rodrigues
Nutes/UFRJ
suely@nutes.ufrj.br

 

(Texto original com imagens: clique aqui)

Este trabalho apresenta e discute a metodologia utilizada para a formação de tutores do Curso de Gestão Descentralizada de Recursos Humanos em Saúde. O curso é disponibilizado, via Web, pelo Programa de Aprendizagem a Distância de Recursos Humanos em Saúde (PADRHUS), programa este que foi desenvolvido pela Organização Pan-americana de Saúde (OPS), junto ao Laboratório de Tecnologias Cognitivas (LTC) do NUTES/UFRJ.
O tutor, num curso de educação a distância, tem papel fundamental e, portando, necessita adquirir o domínio do conteúdo e do modelo conceitual do programa, além de criar condições para a construção de uma relação dialógica com os demais participantes. Assim, uma oficina de formação de tutores torna-se um elemento essencial para facilitar sua interação com o programa e com os outros participantes do curso.
O curso possui um modelo pedagógico flexível para possibilitar às instituições que o assumem a realização de  adaptações pertinentes às suas especificidades regionais. Sendo assim, durante o processo de formação de tutores realizado no Brasil, Chile, Peru e Costa Rica, verificou-se  que este modelo facilitou um processo de decisões quanto à implementação diversificada dos cursos, de acordo com as realidades e possibilidades de cada país.
Palavras chave: Educação a distância; formação de tutores; flexibilidade de modelo pedagógico

 

1.  Introdução

 

O mundo vivencia uma série de transformações geradas pelo constante desenvolvimento de inovações tecnológicas e aparecimento de novas demandas do mercado de trabalho que,  aos poucos, vão se inserindo no cotidiano da sociedade e exigindo uma formação contínua dos profissionais das mais diversas áreas de atuação, não só para adquirir uma melhor compreensão dos conteúdos, como também  autonomia e independência para buscar informações constantemente, isto é, aprender a aprender (Pozo, 1998).

As dificuldades encontradas nas práticas educativas, que muitas vezes não permitem que alunos e profissionais fiquem frente a frente com situações que remetam à prática profissional e provoquem assim a construção do  conhecimento por meio da reflexão sobre suas próprias experiências, impedem a integração desses conhecimentos à sua profissão.

         Além disso, tomando a América Latina como referência, as diferenças sócio-políticas existentes entre os países, acentuadas pelas condições precárias de infra-estrutura enfrentadas para o desenvolvimento do trabalho de grande parte de profissionais, constituem um desafio para  a difusão dos conhecimentos adquiridos.

Buscando atender a essas novas demandas do mercado de trabalho e as diversidades regionais da América Latina, a Organização Pan-americana de Saúde (OPS), junto ao Laboratório de Tecnologias Cognitivas (LTC) do NUTES / UFRJ, desenvolveu o Programa de Aprendizagem a Distância de Recursos Humanos em Saúde (PADRHUS). Este programa disponibiliza, via Web, o curso de Gestão Descentralizada de Recursos Humanos em Saúde, direcionado aos profissionais desta área que atuam nos países da América Latina.

Houve, na elaboração do modelo conceitual do programa, a necessidade de desenvolvimento de estratégias para implantação deste curso em diferentes países. Sendo assim, optou-se pelo modelo pedagógico de resolução de  situações-problema contextualizadas (Schank, 1998; Struchiner,M & Rezende,F, 1998) para atender as diversas realidades locais.

Um dos principais desafios da formação a distância é a possibilidade de se estabelecer um ambiente favorável à aprendizagem que seja altamente interativo e produtivo para os profissionais que se dispõem a continuar a aprender. Para isso, é extremamente importante a preparação de tutores como facilitadores e promotores deste ambiente (Pessanha, M. A.,2000).

No caso deste curso, isto se torna inviável caso os tutores e coordenadores não estejam familiarizados com o modelo pedagógico de resolução de casos e com as estratégias inerentes a uma abordagem construtivista (Wilson, 1996; Jonassen,1996). Neste contexto,  a formação dos tutores, denominados, no programa, como orientadores, torna-se um aspecto decisivo para o bom desenvolvimento do curso, uma vez que sua atuação vai se refletir diretamente no desempenho dos alunos.

Este trabalho tem como objetivo apresentar a metodologia utilizada para a formação dos tutores e coordenadores do curso de Gestão Descentralizada de Recursos Humanos em Saúde. 

 

 2.       Metodologia utilizada para Formação de Tutores e Coordenadores

 

O modelo utilizado para formação de tutores e coordenadores locais tem sido implementado por meio de oficinas que acontecem após um período de negociações sobre o programa, realizadas entre a OPS e a instituição que o assumirá.

 A seguir, serão descritas as etapas de planejamento e desenvolvimento das oficinas realizadas no Brasil, Chile, Peru e na Costa Rica, para a formação dos orientadores e coordenadores do curso de Gestão Descentralizada de Recursos Humanos em Saúde.

 

 

2.1.             Adaptação do modelo às características locais

 

As decisões pertinentes aos assuntos institucionais, tecnológicos e legais, como perfil (qualificação, área de atuação) dos alunos que participarão da oficina de formação, convocação e seleção dos alunos, condições técnicas para sediar e gerenciar o programa, validação e certificação, são tomadas pela instituição local responsável pela implementação do curso.

Enquanto isso, o LTC disponibiliza para essa instituição um CD-ROM com a versão em espanhol do sistema desenvolvido para o Brasil, para que o grupo responsável pela implementação tome conhecimento do modelo. Tendo o programa em mãos, esse grupo poderá iniciar a fase de adaptação do curso para seu país ou região, realizando a construção e/ou adaptação de situações problema, utilizando situações específicas da região.

Aqueles que trabalham nessa fase inicial de adaptação do curso acabam se tornando  pessoas chave na implementação; na grande maioria, terminam sendo os coordenadores ou vice-coordenadores  dos cursos, pela familiaridade e, inclusive, por se tornarem co-autores do programa.

A equipe de desenvolvimento do PADRHUS, sediada no LTC, recebe os casos elaborados e os implementa, após verificar se cada caso atende aos requisitos para se adequar ao formato do programa; ou seja, se apresenta uma visão do problema provocativa e reflexiva e se contém todos os elementos da estrutura proposta. Os casos ou situações problema devem ainda ser adequados às necessidades e aos propósitos da população para a qual o curso será endereçado.

 

 

2.2. Oficina de formação da equipe de implementação do programa: tutores e coordenadores

 

 

2.2.1. Equipe de implementação:

 

Ao ser finalizada a nova versão do programa, com os casos já adaptados, o LTC envia, para o local onde será implementado o programa, uma equipe formada por um administrador do sistema e dois especialistas em desenvolvimento pedagógico. Esta equipe será responsável pela coordenação da oficina de formação de tutores, coordenadores e administrador do curso, os quais, além dos alunos, são usuários chave do sistema PADRHUS.

         Cada um desses usuários tem funções diferenciadas que correspondem a  distintas configurações de interface, especialmente planejadas e implementadas no programa. O sistema oferece um modelo flexível (Spiro,1992), com ambiente de trabalho e manipulação de conteúdo de acordo com a função de cada usuário, sem que estes tenham necessidade de conhecimento profundo sobre redes de comunicação e/ou linguagens de programação e ferramentas de Internet. Este modelo pode ser melhor compreendido se levarmos em consideração o fato de que não se pretende centralizar este curso no âmbito da América Latina, mas possibilitar a cada local uma gestão própria, que tenha condições técnicas e operacionais de liderar este processo, possibilitando, assim, adaptar o conteúdo à realidade de cada contexto onde será utilizado.

 

 

2.2.2. Funções dos membros da equipe

 

         O administrador do site é um técnico em informática que exerce funções de organização, acompanhamento, gerenciamento e manutenção do sistema computacional e seu funcionamento, para o bom andamento do curso sob o ponto de vista técnico. Deve estar preparado para cuidar do fluxo das informações e para auxiliar alunos, orientadores e coordenadores sobre aspectos técnico-operacionais do uso do programa. Ou seja, cabe a ele manter a rede PADRHUS funcionando, criando assim condições de interação dos usuários da rede.

         O coordenador do curso é um profissional especializado na área de conteúdo, com experiência em ensino. Deve estar preparado para gerenciar as atividades pedagógicas, manipulando conteúdo, inserindo e/ou modificando informações (casos, avisos, calendário), gerenciando fórum de discussão e acompanhando o trabalho realizado pelos tutores.

Sendo assim, suas funções se concentram na relação com os orientadores e no gerenciamento dos conteúdos dos site. O seu papel é de suma importância, uma vez que o coordenador deve estar atento para o bom andamento das atividades pedagógicas e operacionais do curso, buscando uma prática coerente com a proposta educativa, ou seja, com um processo construtivo e significativo de aprendizagem (Ausubel, 1978), discutindo, negociando e revendo/adaptando de forma dinâmica o conteúdo ao contexto sociocultural onde o curso está sendo realizado.

O tutor é um profissional da área da saúde que acompanha o progresso e o trabalho desenvolvido pelos seus alunos, em grupo e/ou individualmente, cumprindo funções de potencializador das atividades. Ele deve encorajar os alunos na apropriação de conhecimento, ajudar na organização de seus objetivos e planos de trabalho e incentivar a análise dos conteúdos e problemas a partir do uso de múltiplas formas de representação da realidade e das situações abordadas no curso. Além disso, orienta os alunos para outros especialistas e materiais adicionais, quando pertinente.

O tutor acompanha os alunos ao longo do processo, apoiando e monitorando seus progressos. Por isso, é fundamental que alunos e tutores estabeleçam uma relação construtiva e solidária.

O papel exercido pelo tutor é muito importante nessa proposta educativa, que está pautada numa abordagem inovadora e centrada na auto-aprendizagem, na inter-aprendizagem, no papel ativo do sujeito aprendiz controlando sua ação educativa. O tutor é fundamental, principalmente, quando o ato educativo é entendido como um momento de construção de conhecimento, de intercâmbio de experiências e criação de novas formas de participação (Struchiner, M.; Rezende, F; Ricciardi, RMV.,1998). É a partir destes pressupostos que se desenvolve a reflexão sobre a relação de ensino-aprendizagem exercida num ambiente construtivista e sobre o papel do tutor.

 

 

2.2.3. Material utilizado nas oficinas

 

         O material preparado para ser utilizado nas oficinas de formação é composto por CD-ROM, manual didático, textos selecionados e transparências e telas em Power Point para exposições, além do próprio sistema já implementado em cada país.

 

· CD-ROM:

O CD-ROM para implantação no provedor local tem por objetivo tornar a instituição totalmente auto-gestora do seu programa, o que é fundamental para que ela tenha liberdade para mudar, adaptar, gerenciar e acompanhar os alunos, além de implementar o programa em outras regiões, caso seja necessário.

 

· Manual:

A intenção desse manual é ser um material didático que possibilita ao usuário uma reflexão sobre o modelo do programa, sobre suas atividades e seu papel no curso, permitindo que se conduza num ambiente pedagógico de abordagem construtivista tanto para se relacionar como para manipular as informações. Assim, além de ser um manual de operações, o manual apresenta também os fundamentos pedagógicos que norteiam o PADRHUS. Não é, portanto, um manual  que acompanha o modelo tradicional, uma vez que tem a preocupação de fundamentar uma atividade, antes de ensinar a utilização do comando correspondente.

 

· Textos:

São selecionados e disponibilizados textos relacionados aos tópicos abordados durante o encontro, como conceituação de educação a distância, fundamentos da abordagem pedagógica construtivista, ensino baseado em casos contextualizadas, implementação de cursos a distância, papel do orientador nos cursos a distância.

A leitura destes textos é opcional, porém recomendada, uma vez que algumas das pessoas que fazem o curso de formação não pertencem à área de educação, mas sentem a necessidade de  aprofundamento sobre os temas que são discutidos na oficina.

 

· Material expositivo:

         Para a discussão dos diversos temas apresentados no curso, são utilizadas apresentações em Power Point, além do próprio sistema on line.

 

 

2.2.4. Dinâmica do trabalho

 

         Normalmente, as oficinas são realizadas em dois dias completos.  No primeiro dia há três momentos a serem distinguidos: no primeiro, a  educação a distância é conceituada, o programa é contextualizado e o modelo é apresentado; no segundo, os participantes recebem uma senha e exploram a estrutura e a interface do programa, para familiarização; no terceiro momento, promove-se uma simulação do curso, onde os participantes assumem papéis distintos de coordenador, orientador e alunos, para que tenham a oportunidade de interagir, utilizando o próprio sistema. Nesta simulação, não se espera discutir profundamente as situações-problema, mas sim possibilitar aos alunos o contato com a parte mais comunicativa do sistema e com a dinâmica de interação entre os diferentes sujeitos envolvidos no processo de EAD.

Esse primeiro dia constitui-se, desta forma, numa etapa de contextualização do programa, de discussão tanto de questões teóricas como do mercado de trabalho , fundamentação e familiarização dos participantes com o sistema. Esta etapa possibilita aos participantes avaliar o programa, levantar dúvidas e fazer críticas. Muitas vezes, as sugestões que surgem ainda nesta etapa são incorporadas ao sistema pelo administrador da equipe do LTC, enquanto orienta o administrador local sobre a manipulação e gerenciamento do  programa.

No segundo dia, é realizado o planejamento para o curso piloto que será realizado antes da implementação definitiva do programa. Nesta ocasião,  os próprios participantes da oficina de formação tomam as decisões necessárias para a operacionalização do curso.  Esse costuma ser um dia de muita discussão e de muitos acordos. Alguns desses acordos têm se tornado comuns aos diversos contextos, como por exemplo a decisão de reservar o período de aproximadamente um mês para os participantes praticarem e tomarem conhecimento do conteúdo do curso antes de iniciarem a tutoria propriamente dita, no curso piloto; para isto, é constituído um fórum entre tutores e coordenadores, no próprio site do programa.

Entre os acordos estabelecidos, costumam constar as estratégias para a implementação do curso; essas estratégias podem variar, uma vez que cada local define como será realizado seu curso. Como exemplo destas estratégias, estão as formas de divulgação, de seleção de alunos, de avaliação; o estabelecimento do número mínimo de casos a serem estudados por cada aluno (individualmente e/ou em grupo), a freqüência de troca de mensagens entre tutores e alunos, a condução do fórum de discussão, duração do curso e o nível de  certificação. Isto não quer dizer que durante a oficina tudo ficará definido; no entanto, a discussão de todos esses elementos é importante para a implementação do curso.

Após a oficina, a participação da equipe do LTC se restringe às respostas, sempre que solicitada, de pedidos de orientação de coordenadores e tutores que, mesmo durante o curso piloto, continuam refletindo e discutindo sobre suas práticas.

 

        

3.       Instituições que implementaram o programa e realizaram  as oficinas de formação

 

         Até o momento (abril/2002), foram realizadas quatro oficinas para formação de equipes de implementação do programa: em 2000 no Brasil (Natal, RN); em 2001 no Chile (Santiago) e Peru (Lima); e em 2002, na Costa Rica (San José); ainda para este semestre está sendo programada uma oficina no Equador. Estes são os locais que passaram por todo o processo de adaptação do programa.

         No Brasil, a instituição responsável pela formação foi a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que possui um grupo que já vem trabalhando com a OPS na formação de recursos humanos. Alguns dos professores que pertencem a este grupo, inclusive, chegaram a participar da fase inicial do projeto, na elaboração de casos. A maior parte dos profissionais que fizeram parte da oficina realizada em Natal era formada por docentes.

         Por ter sido a primeira oficina a ser realizada, teve um caráter experimental, idealizada para ser uma oficina piloto. Tanto assim que, após a realização do curso piloto, houve no LTC (NUTES/UFRJ) um seminário para avaliação não só deste curso como também da própria oficina.

         As outras oficinas passam, também, por uma avaliação, o que sempre permite alguma inovação nos encontros subsequentes. Foi em virtude desta constante renovação que, por exemplo, na última oficina, realizada na Costa Rica, foi possível apresentar os “acordos”, ou seja, uma tabela com os elementos e as estratégias que vêm sendo comumente acordadas e adotadas pelos participantes das outras oficinas para melhor planejarem a implementação do curso piloto.

         A instituição que assumiu a liderança e disseminação do curso no Chile foi o Departamento de Recursos Humanos do Ministério da Saúde. Vinte e quatro profissionais do serviço de saúde de todo o país, selecionados a partir do exercício de suas funções de hierarquia de equipe (chefias de Departamento de Serviços de diferentes níveis) participaram da oficina. Ao final deste processo, todos os participantes se interessaram em atuar como tutores do curso piloto.

         No Peru, a implementação e coordenação do curso ficou a cargo de uma instituição privada, Cayetano Heredia, Escola de Saúde Pública. A combinação de docentes universitários (três) com profissionais de Recursos Humanos (quatro) mostrou-se bastante rica em termos de contribuição para o programa, principalmente em seus aspectos metodológicos. Os docentes universitários contribuiram com suas experiências no ensino de graduação e o pessoal de Recursos Humanos, com os modelos de capacitação que já utilizam.  

         Na Costa Rica, o programa foi implantado pela Caixa de Seguridade (órgão que cuida da previdência e também da administração de hospitais). Os catorze participantes da oficina eram profissionais da área de Recursos Humanos, familiarizados com a prática de capacitação, porém na modalidade presencial.

 

 

4.       Conclusões

 

         A capacidade de adaptação a diferentes contextos, um desafio do próprio modelo conceitual do programa, foi alcançada não só devido ao desenho do curso, como também pelo encaminhamento dado ao processo de formação dos tutores e coordenadores. Durante as oficinas de formação, ficou muito evidente que cada país desenvolve um curso com características próprias, seja em relação aos casos elaborados, como em relação à predominância do público alvo, às atividades programadas, ou seja, cada país desenvolve o curso que mais se adequa às suas necessidades sociais, políticas e tecnológicas.

         De acordo com os objetivos do PADRHUS, o público alvo a ser atingido pelo programa está bem definido: profissionais de saúde, em serviço (foco principal) ou em formação. Mas principalmente o profissional que está no serviço de saúde, possivelmente por trabalhando na área de recursos humanos.

         Vale ressaltar que, dependendo da instituição que está se responsabilizando pelo curso, os profissionais que são convidados para participar das oficinas de formação de tutores e coordenadores podem ou não estar envolvidos com atividades docentes ou educacionais. No entanto, mesmo os que não têm experiência com ensino costumam ter compreensão da importância fundamental que tem a educação na área da saúde, possivelmente por trabalharem  envolvidos com recursos humanos.

         O período reservado após a oficina de formação de tutores, para maior conhecimento e vivência do programa, tem sido muito rico não só para o estudo e a exploração das potencialidades comunicacionais do programa, como também para a discussão e compreensão das situações problema. Isto porque, sendo os participantes provenientes de profissões e atividades diversas, suas visões sobre um mesmo caso também podem ser diferentes. Assim sendo, realizando o estudo das situações problema em equipe, os tutores adquirem maior segurança para discuti-los e entender as possíveis soluções que serão apresentadas por seu alunos, durante o curso.

         Os participantes que fazem a oficina de formação terminam se constituindo  num grupo semente, uma vez que, quando orientam o curso piloto, identificam os alunos que mais se destacam e os convidam para também atuarem como tutores em cursos futuros.

         Durante as oficinas tem sido ressaltado o fato de que a formação dos tutores não se esgota nesta atividade pontual, mas que pretende ser um primeiro degrau de desenvolvimento que será continuamente aprimorado com a prática. Ou seja, os tutores continuarão aprendendo com seus alunos, não só em relação às novas visões sobre as situações problema, como também com a necessidade de pesquisar sobre o conteúdo do programa, para acompanhá-los em seus estudos. Além disso, é fundamental que nunca deixem de refletir sobre sua prática pedagógica, num contexto construtivista, para terem um relacionamento adequado e coerente com seus alunos e demais usuários do curso. O fórum de discussão específico para tutores e coordenadores, existente no curso, em muito auxilia essa reflexão e a troca de experiências. Desta forma, as oficinas de formação de tutores, além de possibilitar o acesso e a interação com o programa, motivam e fornecem os instrumentos para que os tutores continuem sua formação.

         Finalmente, não pode ser desconsiderado o fato de as oficinas se constituírem numa ocasião para o conhecimento de uma metodologia nova, fundamentada na abordagem construtivista de aprendizagem. E este conhecimento, durante e após as oficinas, é realizado e vivenciado no próprio ambiente construtivista.

         Este trabalho contou com o apoio da OPS e do CNPq.

  

 5.       Referência bibliográfica:

 

Ausubel, D.P.; Novak, J.D ; Hanesian, H.  Educational Psychology: a cognitive view, New York, Holt, Rinehart & Winston, 1978.

 

Jonassen, D. Designing Constructivist Learning Environments. In Reigeluth C.M. (Ed.) Instructional Theories and Models. New Jersey: Lawrence Erlbaum, 1998.

Pessanha, M. A. P.Análise de um Ambiente Construtivista de Aprendizagem a Distância: Estudo da Interatividade, da Cooperação e da Autonomia no Curso de Gestão Descentralizada de Recursos Humanos em Saúde. Rio de Janeiro: UFRJ/NUTES, 2000 (Dissertação de Mestrado)

 Pozo, J. I.  Teorias cognitivas da aprendizagem. 3. ed.  Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

 

Schank, R.C. Inside Multi-Media Case Based Instruction. London: Lawrence Erlbaum Associates,, 1998.

 

Spiro, R.J.; Feltovitch, P.J.; Jacobson, M.J.; Coulson, Richard L. Cognitive Flexibility, Construtivism, and Hypertext: Random Access Instruction for Advanced Knowledge Acquisition in ill-Structured Domains. In Duffy & Jonassen, eds. Constructivism and the Technology of Instruction: A Conversation. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 1992.

 

 Struchiner, M. & Rezende, F. Uma proposta de modelo para ensino baseado em casos para um ambiente de EAD. Mimeo, LTC-NUTES, 1998.

Struchiner, M., Rezende, F., Ricciardi, R.M.; Carvalho, M.A. Elementos Fundamentais para o Desenvolvimento de ambientes Construtivistas de Aprendizagem a Distância. Tecnologia Educacional, 26(142):.3-11, 1998.

 Wilson, B.G. What is Constructivist Learning Environment? In Brent G. Wilson (Ed.) Constructivist Learning Environments: Case Studies in Instructional Design. Englewwod Cliffs, NJ: Educational Technology

    Publications, 1996