EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: 
UMA POSSIBILIDADE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL BÁSICA
 

 

Sandra M. Bastianello Scremin
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção - UFSC
sscremin@eps.ufsc.br

 Silvana Pezzi
Laboratório de Ensino a Distância – UFSC
spezzi@eps.ufsc.br

 Ricardo Miranda Barcia
Laboratório de Ensino a Distância – UFSC

barcia@led.ufsc.br

 

(Texto original com imagens: clique aqui)

Num momento em que a sociedade contemporânea - sociedade do conhecimento - obriga à reformulação dos conceitos de trabalho e educação, promovendo uma crescente inter-relação entre os dois, a evolução das tecnologias da informação e comunicação possibilitam à educação a distância responder às exigências do mercado. Neste trabalho procurou-se comprovar a hipótese de que a educação a distância é uma estratégia de ampliação das possibilidades de acesso à educação, mais especificamente na educação profissional de nível básico, frente as limitações dos sistemas de ensino presencial. Para tanto, a partir de um embasamento teórico sobre Educação a Distância, Andragogia, Educação Profissional e Avaliação de Projetos, realizou-se um Estudo de Caso, a avaliação de um curso de educação profissional básica na modalidade a distância. Onde utilizou-se a avaliação como geração de conhecimento e fornecimento de subsídios em apoio à tomada de decisão na implementação e aprimoramento do curso. Por meio deste estudo, além de comprovar a hipótese, pode-se perceber a necessidade da criação de uma cultura institucional de avaliação sendo que a avaliação de projetos educacionais é ainda incipiente e caracterizada pela diversidade de abordagens.  
Palavras-chave:
Educação a Distância, Educação Profissional, Andragogia e                                      Avaliação de projetos

 

 

1 INTRODUÇÃO

É evidente que as tecnologias vem revolucionando a sociedade e, estar em constante processo de aprendizagem tornou-se condição obrigatória tanto para inserir-se profissionalmente no mercado de trabalho como para nele permanecer. Neste contexto a educação profissional assume lugar de destaque no redimensionamento da relação homem-trabalho.

 A crescente demanda por educação e a constante necessidade de atualização profissional nas diferentes instâncias do saber e da cultura, no entanto, vem sinalizando as limitações dos sistemas de ensino presencial e público. Landim (1997) salienta que as instituições de ensino tradicionais, ainda hoje não dispõem de infra-estrutura para satisfazer aos anseios da democratização da educação e da igualdade de oportunidades de acesso ao processo ensino-aprendizagem.

A partir dessas constatações, surgem alguns questionamentos:

-    Como vencer as limitações das instituições de ensino presenciais?

-    Como melhorar o acesso, a adequação e a qualidade da educação?

-    Como proporcionar capacitação/atualização ao cidadão-trabalhador que por diversos motivos está impossibilitado de  freqüentar o ensino presencial?

-    Quais as possibilidades da educação a distância na educação profissional de nível básico, no atendimento à atual e futura demanda por educação?

Neste trabalho, na busca de respostas a estes questionamentos, primeiro apresenta-se um conjunto de informações dos aspectos considerados relevantes e necessários para contextualizar a pesquisa dentro dos temas Educação a Distância, Educação Profissional, Andragogia e Avaliação de Projetos. A segunda parte consta do relato da pesquisa, um Estudo de Caso, onde procurou-se comprovar a hipótese de que a educação a distância é uma estratégia de ampliação das possibilidades de acesso à educação, mais especificamente na educação profissional de nível básico, frente as limitações dos sistemas de ensino presencial. Para tanto, utilizou-se a avaliação como geração de conhecimento e fornecimento de subsídios em apoio à tomada de decisão na implementação e aprimoramento do programa.

 Educação a Distância

 Numa perspectiva histórica, a educação a distância tem a sua origem e desenvolvimento estreitamente ligados às tecnologias de informação e comunicação. Conforme Moore & Kearsley (1996) “o desenvolvimento da educação a distância acompanhou a evolução das tecnologias de comunicação disponíveis em cada momento histórico”.          

Assim, desde o seu início até hoje, pode-se identificar três fases ou gerações:

-    Geração Textual : até cerca de 1960, baseada essencialmente na auto-aprendizagem por meio de material impresso;

-    Geração Analógica: entre 1960 e 1980, baseada na auto-aprendizagem utilizando textos impressos complementados por recursos tecnológicos de áudio e vídeo;

-    Geração Digital: em curso, baseada na auto-aprendizagem com suporte em recursos tecnológicos altamente diferenciados. Do texto impresso à videoconferência com forte apoio na Internet e comunicação via satélite.

Os inúmeros recursos tecnológicos, hoje disponíveis, oferecem uma enorme diversidade de arranjos possíveis, no entanto é importante considerar que nem sempre as tecnologias mais evoluídas são as mais indicadas, uma vez que muitas pessoas podem não ter acesso a elas ou ainda, não saber utilizá-las. É fundamental conhecer a capacidade de acesso e quais meios as pessoas, a quem se destina o curso, possuem para poder selecionar as tecnologias mais adequadas.

Assim, é oportuno destacar que o material escrito, seja na forma impressa ou nas produções mais sofisticadas que permitem sua integração em multimídia, segundo Moore e Kearsley (1996), Laaser (1997), Rodrigues (1998), Veras (1999), Gomes (2000) e Soletic (2001), continua exercendo papel de extrema importância nos programas de educação na modalidade a distância.

Nesse sentido, Litwin (2001) aponta que:

“O desafio permanente da educação a distância consiste em  não perder de vista o sentido político original da oferta, em verificar se os suportes tecnológicos utilizados são os mais adequados para o desenvolvimento dos conteúdos, em identificar a proposta de ensino e a concepção de aprendizagem subjacente e em analisar de que maneira os desafios da ‘distância’ são tratados entre alunos e docentes e entre os próprios alunos.”

E, o Ministério da Educação, atento a esses desafios, com o objetivo de orientar alunos, professores, técnicos e gestores de instituições de ensino superior que podem usufruir dessa modalidade de educação no empenho por maior qualidade em seus processos e produtos, estabelece dez indicadores de qualidade, relacionados a seguir, para a autorização de cursos de graduação a distância.

1. integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para o

ensino superior como um todo e para o curso específico;

2. desenho do projeto: a identidade da educação a distância;

3. equipe profissional multidisciplinar;

4. comunicação/interatividade entre professor e aluno;

5. qualidade dos recursos educacionais;

6. infra-estrutura de apoio;

7. avaliação de qualidade contínua e abrangente;

8. convênios e parcerias;

9. edital de informação sobre o curso de graduação a distância;

10. custos de implementação e manutenção da graduação a distância

Apesar desses indicadores não terem força legal considera-se que devem merecer atenção especial das instituições que pretendam oferecer cursos na modalidade a distância, sendo que a esses critérios poderão e deverão ser acrescentados outros mais específicos procurando adaptá-los às particularidades e necessidades sócio-culturais da clientela e ao nível do curso.

 Educação Profissional

 

A história da educação profissional no Brasil mostra o caráter assistencialista de uma educação voltada para jovens e adultos de classes menos favorecidas e destinada a “amparar os órfãos e os demais desvalidos da sorte”. No entanto, hoje, a educação profissional está definida como complementar à educação básica e como prevê a LDB “conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva”. E, face ao vertiginoso processo de mudanças em todos os domínios do saber, onde o próprio conceito de profissão está evoluindo, faz-se necessário a formação de um profissional que atenda a duas exigências fundamentais: ter uma sólida formação geral e uma boa educação profissional.

Nesse sentido e por ser a profissionalização um direito social do cidadão juntamente com a educação, a saúde e o bem estar econômico, a educação profissional apresenta-se na LDB com uma nova concepção, que representa a superação do enfoque assintencialista e do preconceito social que a desvalorizava.

A crescente demanda por educação, os novos objetivos da educação profissional e o próprio conceito de competência profissional, que segundo Brasil (2000) é a “capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desenvolvimento eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho”, entre outros fatores ampliam significativamente a responsabilidade das instituições de ensino como gestoras do conhecimento.

Como anteriormente citado, as instituições de ensino tradicionais estão longe de atender a esta demanda e, surge como decisão estratégica a oferta de educação na modalidade a distância como forma de contribuir significativamente para que os trabalhadores possam aumentar a sua empregabilidade para disputar novas oportunidades que o mercado globalizado oferece.

Diante do exposto até o momento, e considerando que, tanto a educação a distância como a  educação profissional estão diretamente relacionadas com a educação de adultos, cabe aqui algumas considerações sobre  a Andragogia.

  Andragogia

 

Entender o processo de aprendizagem de adultos torna-se fundamental para atender as exigências de educação ao longo de toda a vida, considerando que, segundo Carmo (1997), “o adulto deste século é um ser-em-processo de educação permanente.” Assim, procurou-se na trajetória histórica da Andragogia e nos princípios andragógicos o caminho para esse entendimento.

Processo que, visto sob a perspectiva de aprendizagem por toda a vida, exige programas de níveis (estrutura vertical da educação) e modalidades (estrutura horizontal ou transversal da educação) diversas, tanto na educação formal como no aperfeiçoamento profissional, onde é crescente a demanda por educação, especialmente na modalidade a distância.

Diante deste contexto e, em virtude das características do “novo aprendiz”- o adulto, é oportuno resgatar os princípios da educação  de adultos – a Andragogia. Termo (do grego andros-homem psicologicamente maduro, agogus-conduzir) resgatado e definido por Knowles a partir de 1970, como a arte e ciência de orientar adultos a aprender, para diferenciar da pedagogia (do grego paid-criança, agogus-conduzir)  arte e ciência de ensinar crianças.

A Andragogia, foi inicialmente definida em oposição a Pedagogia, porém esta dicotomia foi  perdendo sentido à medida que as práticas andragógicas começaram a influenciar as práticas pedagógicas e vice-versa. Posteriormente Knowles refere-se a Pedagogia como paralela à Andragogia e não mais como antítese e, enuncia os seguintes pressupostos:

-    Conceito de aprendente surge como alternativa ao de aluno: o aprendente (aquele que aprende) é auto-dirigido, isto significa que é responsável pela sua aprendizagem e estabelece e delimita o seu percurso educacional;

-    Experiência do aprendente: este modelo assume que os adultos entram num processo educativo com diferentes quantidades e qualidades de experiências. Esta diversidade deve ser aceita, servir de base à formação, e ser considerada uma importante fonte de recursos a ser partilhada e valorizada;

-    Disponibilidade para aprender: o modelo Andragógico considera que o adulto começa a estar disponível para aprender quando sente necessidade de adquirir novos conhecimentos ou quando pretende melhorar seu desempenho em determinado aspecto de sua vida;

-    Orientação para aprender: o adulto entra numa atividade educativa centrado na vida, na tarefa ou no problema concreto a resolver, tem uma orientação pragmática. Assim, torna-se imprescindível organizar os programas de aprendizagem de acordo com temas que tenham sentido e sejam adequados às tarefas a realizar nos seus diversos contextos de vida;

-    Motivação para aprender: este modelo considera tanto as motivações externas (melhores condições de trabalho, aumento salarial..) como internas (auto-estima, melhor qualidade de vida, atualização...).

No contexto brasileiro, pode-se afirmar que são recentes as publicações onde o objeto é o adulto com suas possibilidades de aprendizagem. E, apesar da Andragogia ser um termo ainda pouco conhecido, não se pode deixar de citar a importância da contribuição de autores brasileiros como Paulo Freire com seus estudos sobre a alfabetização de adultos e de suas obras Educação como Prática de Liberdade (1979) e Pedagogia do Oprimido (1983); e também, Álvaro Vieira Pinto com um estudo crítico apresentado na obra Sete Lições sobre Educação de Adultos (1989). Ainda, tem-se o CETEB –Escola aberta de Brasília que em 1986 lançou um curso a distância sobre educação de adultos e o SENAI que desenvolve estudos sobre a andragogia a mais de uma década.

Autores como Lindeman(1926), Knowles (1967), Ludjoski(1972), Freire (1979), Ferreira (1985)  e Pinto (1989) fornecem elementos importantes a serem considerados na concepção de cursos para a educação de adultos. A partir da interseção conceitual destes autores, pode-se destacar a importância dada a experiência do aluno e a ênfase à reflexão e à solução de problemas, sempre destacando a idéia de aprendizagem como um processo ativo, contextualizado e crítico, onde a realidade do aluno é fundamental para que ele sinta-se motivado e engajado no processo de sua própria aprendizagem.

Outro elemento importante, na leitura dos autores citados, para o bom aproveitamento do processo educativo de adultos é a motivação. Considerando-se que o adulto não é obrigado institucionalmente a estudar, apenas o faz se e enquanto motivado, portanto “a motivação no ensino de adultos é fundamental, se em todo o processo de aprendizagem ela é determinante no caso de um ensino a distância torna-se mesmo um fator imprescindível para seu êxito”. Ferreira (1985).

Assim, acredita-se que o objetivo principal da educação de adultos, hoje, deva ser o de proporcionar sua adaptação  as mudanças tecnológicas e sociais mas principalmente ensiná-los a dominar o processo de aprendizagem de novas habilidades.

Portanto, é preciso repensar a educação de adultos, considerando que eles já aprenderam muita coisa em suas vidas. É preciso, também, reconhecer essa aprendizagem, avaliá-la e tomá-la como referência para a seleção do que esses alunos precisam ainda aprender e, levar em conta a realidade do aluno, para que ele seja estimulado e se  engaje no processo de sua própria aprendizagem.

 Avaliação de Projetos

 

Considerando a importância do papel da avaliação nas políticas governamentais, em especial no que se refere a educação, hoje a avaliação de programas e/ou projetos educacionais torna-se fundamental para garantir a qualidade e continuidade dos mesmos. E, quando trata-se de programas de  Educação a Distância, o Ministério da Educação “enfatiza a necessidade destes serem acompanhados e avaliados em todos os seus aspectos, de forma sistemática, contínua e abrangente devido a seu caráter diferenciado e aos desafios que enfrentam”. ( Brasil, 2001)

Considerando a existência de inúmeras definições e também diferentes tipos de avaliação, a partir da leitura dos autores Aguilar e Ander-Egg(1995), Cohen e Franco(1999), Reis(1999), Shigunov Neto(2000) e Faria(2001), apresenta-se, no Quadro 1, uma síntese dos diferentes tipos de avaliação relacionados com os critérios da procedência dos avaliadores e do momento de sua realização.

 

Quadro 1: Tipos de Avaliação

Critério

Tipo de Avaliação

 

 

Procedência dos avaliadores

   Avaliação Externa

   Avaliação Interna

   Avaliação Mista

   Avaliação Participativa

   Auto-avaliação

 

Momento em que se realiza

 

   Avaliação Ex-ante ou diagnóstica

                                     Formativa(de processos)

   Avaliação Ex-post   

                                     Somativa(de impacto)

 

 

No entanto, é importante considerar que muitos fatores influenciam na escolha do tipo de avaliação a ser adotada, entre outros pode-se citar os recursos financeiros, a finalidade da avaliação e a fase em que se encontra o projeto e, que a avaliação de um projeto supõe um processo de tomada de decisão dentro da instituição,  por isso é importante ser analisado “para quem se avalia, ou qual é o escalão dentro da estrutura de poder para a qual se realiza a avaliação”. Cohen e Franco (1999)

Nesse sentido, é preciso compreender a avaliação e o planejamento como práticas indissociáveis e a avaliação como um processo permanente que vai revelando o que corrigir ou o que enriquecer e que se realiza por meio de ações relacionadas entre si. E, considerar que “a excelência do processo avaliativo está em ser útil na informação que oferece, viável na realização de sua trajetória, ética em seus propósitos e conseqüências e precisa na elaboração de seus instrumentos e tratamento de seus dados.” Penna Firme (2000)

            Assim, neste trabalho utiliza-se a avaliação segundo a concepção de Penna Firme (2000) ao considerar que “a avaliação deve servir para consolidar entendimentos, apoiar necessárias atuações e ampliar o comprometimento e o aperfeiçoamento de indivíduos, grupos, programas e instituições, enquanto permite a formulação de juízos e recomendações, que geram ações, políticas e conhecimento.”

 

 

2 ESTUDO DE CASO

 

Nesta Segunda parte apresenta-se as informações resultantes de um estudo de caso onde procurou-se analisar as possibilidades da Educação a Distância na Educação Profissional de nível básico. Para tanto, utilizou-se a avaliação formativa  em um curso de qualificação básica em Refrigeração e Condicionamento de Ar na modalidade a distância promovido pela área de  Refrigeração e Condicionamento de Ar da Unidade de Ensino Descentralizada de São José do sistema  Escola Técnica Federal de Santa Catarina. Curso, com base no material impresso que utiliza o correio eletrônico como principal meio de comunicação, destinado às pessoas que trabalham ou desejam trabalhar na área mas que não tem formação técnica e nem condições de obtê-la na modalidade presencial.

Na coleta dos dados, utilizou-se como instrumento de pesquisa:   

Análise Documental:  do projeto do curso, das fichas de inscrição dos alunos e das apostilas do curso com o objetivo de tomar conhecimento do processo de implantação e funcionamento do mesmo.

Entrevista estruturada: realizada com o coordenador do curso com o  objetivo de obter informações sobre o processo de implantação do curso bem como sobre seu atual estágio de desenvolvimento.

Questionário: dirigido aos alunos participantes do curso no momento da pesquisa, com objetivo de coletar informações do aluno sobre o curso, enviados via correio, em número de 28 e com um retorno de 15 questionários.

Da coleta, organização, análise e interpretação dos dados da pesquisa pode-se destacar alguns aspectos considerados relevantes:

-    Perfil do aluno: em relação a distribuição dos alunos por idade, a maior concentração está na faixa dos 27 e 35 anos (64%). Quanto a distribuição dos alunos segundo suas atividades verificou-se que há uma concentração expressiva de profissionais (68%) ligados a área de  desenvolvimento do curso. Assim é possível inferir que a maioria dos alunos está realizando o curso em função da necessidade de atualização imposta pelo mercado. Ainda, na distribuição dos alunos por estado de domicílio foi verificada a presença de onze unidades federativas brasileiras, sendo a maior concentração nos estados de Santa Catarina e São Paulo, com 25% e 21% dos alunos, respectivamente;

-    Nível de informação dos alunos sobre o curso: os dados demonstraram a necessidade de maior esclarecimento aos alunos sobre os objetivo, normas de funcionamento, programa, duração e carga horária do curso bem como sobre a certificação conferida ao final do mesmo, principalmente no momento da inscrição;

-    Material Didático: apesar de ter sido considerado bom ou ótimo por 80% dos alunos no que se refere a apresentação gráfica e a linguagem utilizada, nos comentários dos alunos pode-se constatar a necessidade de ajustes no que se refere a presença de elementos para mantê-los motivados;

-    Atendimento ao aluno: tanto os alunos como a coordenação do curso concordam que não foi satisfatório o retorno às dúvidas dos alunos. Ambos atribuem este fato a existência de problemas relacionados aos meios de comunicação utilizados e também por não ter sido estipulado, no cronograma do curso, um prazo para retorno ao aluno. Ainda, os alunos afirmam que muitas vezes isto afetou desenvolvimento de suas atividades;

-    Aceitação da modalidade a distância: considerando que 93% dos alunos declararam ter interesse em participar de outros cursos na modalidade a distância, pode-se inferir que cursos nesta modalidade tem grande aceitação nesta área;

-    Equipe multidisciplinar: na entrevista e também durante o processo de avaliação  do curso tornou-se evidente, em vários momentos, a necessidade de uma equipe multidisciplinar envolvida diretamente com todo o processo do curso.

Numa síntese geral pode-se dizer que o curso tem boa aceitação por parte dos alunos, no entanto sugere-se que deva ser dada atenção especial no atendimento ao aluno e ao estabelecimento de prazos para resposta às dúvidas dos mesmos como forma de mantê-los motivados.

A coleta e análise dos dados proporcionou um conjunto de informações, envolvendo os mais diversos aspectos do curso, que foram sendo utilizadas no aprimoramento do mesmo durante o seu desenvolvimento.

 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Com este  trabalho, pode-se constatar que:

-    há necessidade de desenvolver uma cultura institucional de avaliação onde  no planejamento de qualquer projeto e/ou programa, principalmente quando trata-se de educação a distância, já esteja contemplada a avaliação do mesmo. Ou seja, conforme Reis (1999) “a criação de uma cultura institucional onde a avaliação não paire como ameaça, mas seja encarada como um aspecto que auxilia na tomada de decisões que beneficiem tanto a organização quanto outros atores envolvidos nos projetos”.

-    a contribuição do referencial andragógico é fundamental na educação a distância, pois torna-se cada vez mais necessário entender o processo de aprendizagem dos adultos no sentido de oferecer estratégias de ensino condizentes com sua realidade.

-    a avaliação formativa, por ser realizada durante o processo de desenvolvimento do curso, apresentou-se como elemento potencial na geração de conhecimento para auxiliar na tomada de decisão e identificar aspectos que devam ser reforçados ou requeiram reformulação para garantir a continuidade e a credibilidade do mesmo.

Diante destas constatações, torna-se evidente a necessidade de repensar o processo educacional, pois o espaço institucional fechado como lugar exclusivo de ensino e aprendizagem já  há muito opera com limitações e, a educação a distância apresenta-se hoje como uma  grande possibilidade de formação na educação profissional de nível básico. A princípio pelo reconhecimento das limitações dos sistemas tradicionais de ensino em atender as crescentes demandas por educação e, também por possibilitar atender um grande número de pessoas, romper fronteiras geográficas e respeitar o ritmo de aprendizagem do aluno.

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