INTERFACE
NO AMBIENTE VIAS K
Cleide
Tavares Bittencourt
CEPPEV – Mestrado Interdisciplinar em Computação Científica
Salvador – Bahia – Brasil
cleidetb@hotmail.com
Hugo
Saba Cardoso
CEPPEV – Mestrado Interdisciplinar em Computação Científica
Salvador – Bahia – Brasil
hugosaba@hotmail.com
Jaqueline
Souza de Oliveira Valladares
CEPPEV – Mestrado Interdisciplinar em Computação Científica
Salvador – Bahia – Brasil
projaq@campus1.uneb.br
Juvenal
de Souza Bittencourt Filho
CEPPEV – Mestrado Interdisciplinar em Computação Científica
Salvador – Bahia – Brasil
juvenal@javatech.com.br
Simone
Gonsalves Mendes
CEPPEV – Mestrado Interdisciplinar em Computação Científica
Salvador – Bahia – Brasil
simonefsa@yahoo.com.br
Resumo.
Neste artigo são apresentadas as duas principais linhas de pesquisas
desenvolvidas para analise de Interface no ambiente de Educação a Distância
(EaD) Virtual Institute Advenced System Knowled (VIAS K). Na primeira é focada
a construção de interfaces que facilitem e promovam a colaboração entre os
participantes em cursos a distância e, na segunda, o suporte ao processo de
avaliação formativa, de acordo com os interesses de cada formador.
Palavras-Chave:
Interface,
EAD, chat, avaliação formativa
1 Introdução
No
ambiente de EaD VIAS K, ambiente desenvolvido pelo LED (Laboratório de Educação
a Distancia), da Universidade Federal de Santa Catarina, desenvolvemos pesquisas
para análise de interface dando ênfase a colaboração e ao processo de avaliação
formativa.
Interface
de ambiente, segundo Gui Bonsiepe [1]: "...a interface permite que se
revele o potencial instrumental tanto de artefatos materiais quanto de artefatos
comunicativos", este que também declara a importância de sua consistência
para o aprendizado: "Se as possibilidades abertas pela informática serão
ou não utilizadas, isso dependerá em grande parte da qualidade da interface. A
interface é um meio: que pode frustrar e irritar; que pode facilitar ou
dificultar a aprendizagem; que pode ser divertida ou chata; que pode revelar
relações entre informações ou deixá-las confusas; que pode abrir ou excluir
possibilidades de ação efetiva-instrumental ou comunicativa."
Segundo
Pierre Lévy, “...a interface contribui para definir o modo de captura da
informação oferecida aos atores da comunicação. Ela abre, fecha e orienta os
domínios de significação, de utilizações possíveis de uma mídia”
[3].
Muitas
das interfaces de ambientes existentes apresentam problemas na arquitetura da
informação, de organização de elementos visuais, de interatividade e de
funcionalidade. [4].
Baseado
nesses estudos, nossas pesquisas concentram-se em dois temas principais, dentro
da área de EaD: O primeiro é a colaboração,
onde estão sendo realizados estudos sobre interfaces que facilitem e promovam a
colaboração em cursos a
distância; e o segundo é a avaliação, com pesquisas voltadas para o
suporte ao professor no processo de avaliação formativa à distância.
Tem
sido explorada a tecnologia de projetos de interfaces, a fim de favorecer o uso
efetivo do ambiente VIAS K em cursos baseados no desenvolvimento de atividades
colaborativas e na avaliação formativa destas.
2 Estudo da
Interface
Os
cursos à distância utilizam diversos recursos de comunicação, como correio
eletrônico, bate-papo e fóruns que, potencialmente, possibilitam a
aprendizagem colaborativa. Pois, estudos demonstram que, quando os alunos
interagem com os colegas de forma colaborativa, eles se sentem mais engajados em
suas atividades [2]. Dessa forma, está sendo desenvolvida uma pesquisa para análise
da ferramenta de chat para o contexto educacional no ambiente VIAS
K.
A
maioria dos ambientes de EaD utilizam ferramentas de chat tradicionais
que, quando usados em situações de ensino-apredizagem, apresentam vários
problemas. Por exemplo, a falta de controle de turno proporciona o surgimento de
diversos “fios de conversa”, e é necessário que o usuário faça
mentalmente as ligações coesivas entre os enunciados de um mesmo fio [6].
O
ambiente VIAS K possui duas ferramentas de chat: Um temático, em que as
salas possuem temas específicos para serem discutidos, e o da turma, em que os
professores e tutores marcam horário com os alunos para conversarem, obterem
informações e esclarecerem suas dúvidas. Porém, constatamos que a utilização
das ferramentas por parte dos 42 (quarenta e dois) alunos entrevistados, em um
ano de um determinado curso utilizando o ambiente VIAS K, é quase ínfima, como
está representado na Fig. 1.
Fig.
1.
Participação dos alunos nas sessões de chat, durante o ano 2002
Exploramos,
então, os recursos disponíveis nessa ferramenta e detectamos algumas falhas:
·
Tempo de resposta – o tempo para digitar a frase e para que a mesma
apareça na ferramenta é demasiado, cerca de 15 (quinze) segundos.
·
Foco – ao digitar a frase, o aluno precisa clicar novamente para o foco
aparecer, caso contrário, não consegue escrever novamente.
·
Expirar – o bate-papo se expira facilmente;
·
Acesso – nem sempre é permitido o acesso às salas; apresenta erros
constantes, dificultando o acesso às salas;
·
Tempo de atualização dos registros – ao selecionar a sala para
participar, é possível saber a quantidade de pessoas que está na sala, mas,
na verdade, o que consta é o número de pessoas que já estiveram na sala
momentos atrás, causando um grande desagrado à todos.
3 Estudo da
Interface com Ênfase à Avaliação Formativa
Avaliação
formativa é “toda prática de avaliação contínua que pretenda melhorar as
aprendizagens em curso, contribuindo para o acompanhamento e orientação dos
alunos durante todo seu processo de formação” [5]. O processo avaliativo é
um aspecto muito importante num ambiente voltado para web.
É preciso pensar nas maneiras de se entregar e receber atividades e trabalhos
desenvolvidos pelos alunos, de forma que, ao receber, o professor ou tutor possa
dar um feed-back ao aluno, devendo existir um canal de registro que possa ser
atualizado, momentaneamente. É necessário que, ao participar de uma atividade
num chat, num fórum, resolver um exercício ou encaminhar uma atividade,
o aluno e o professor possam ter esse controle.
No VIAS K a avaliação formativa é realizada por meio do
acompanhamento dos registros das ferramentas de comunicação (Fórum de Discussões,
chat, Correio). Utilizando uma área onde são
disponibilizadas as informações dos alunos e suas interações com o ambiente.
As
ferramentas de comunicação do VIAS K foram projetadas para facilitar tanto as
interações entre os participantes de um curso à distância, como a visualização
do registro dessas interações para uma posterior análise. Essa analise é
feita quantitativamente, à medida em que o aluno se identifica no ambiente, são
registradas as suas participações, para que o professor possa ter controle, no
entanto, esse tipo de avaliação ainda demanda muito tempo e trabalho dos
professores, principalmente, quando é preciso atualizar os registros das
atividades enviadas por outro meio que não seja o ambiente, como, por exemplo,
correio eletrônico pessoal.
Na
avaliação formativa, baseada no acompanhamento da performance dos aprendizes,
durante o desenvolvimento de atividades, os métodos e os critérios de avaliação
variam de acordo com os objetivos de aprendizagem dos formadores. Dessa forma,
prover suporte à análise qualitativa, neste contexto, é uma tarefa complexa:
Como não é possível e nem desejável a pré-determinação de um conjunto de
tipos de atividades e critérios de avaliação, que atendam aos objetivos de
qualquer curso, fica difícil a previsão do suporte mais adequado em cada caso.
Logo, existe uma demanda por soluções adaptáveis a cada curso, de acordo com
os objetivos de aprendizagem dos formadores.
3.1 Análise ao chat
do VIAS K
A
ferramenta de chat, do ambiente VIAS K, não atende às expectativas dos
alunos, em virtude da dificuldade em se estabelecer um diálogo consistente e de
alto nível, focado num determinado tema. Esta ferramenta apresenta alguns
problemas: delay muito alto durante a
conversação, ambiente pouco atrativo, componentes da janela demoram para ser
atualizados, não existe controle de foco sobre os componentes de edição de
mensagens (dificultando o envio da próxima mensagem), além do que, para
completar, após 10 (dez) minutos de conexão ocorre a expiração da página.
Uma
ferramenta de chat, para cumprir o seu papel (atrair os alunos e promover
sua utilização em grande escala), deve ter um delay, na troca de mensagens, próximo do tempo real, caso contrário,
o aluno perderá a motivação para continuar o diálogo; deve, ainda, ser de fácil
conexão; possuir um bom controle sobre os componentes visuais e suas atualizações.
A edição de mensagens deve ser ao máximo otimizada, pois, se o aluno não
conseguir se adaptar à forma como o software trata este assunto, fatalmente,
este se sentirá desmotivado a utilizar esta ferramenta novamente.
Após
uma tentativa mal-sucedida de conexão, o aluno não consegue estabelecer uma
nova conexão, pois o seu usuário permanece na lista de presença da sala,
mesmo que este não tenha conseguido entrar, como demonstrado na Fig. 2.
Fig.
2.
Sessão de chat iniciada
O
tipo de interface escolhida também já está em desuso, chat Textual,
embora já apresente uma pequena representação gráfica sobre o humor do
interlocutor.
O
chat surgiu com o propósito de diversão, informal, assim, trazer esta
ferramenta para o universo da aprendizagem à distância requer muito empenho
dos idealizadores, pois esta tarefa exige um grande controle sobre o conteúdo
do que está sendo veiculado, armazenando a identificação do emitente, do
receptor e o conteúdo da conversação.
Como
o controle de conteúdo será utilizado para avaliar o desempenho do aluno na
utilização da ferramenta, não faz parte desta análise, pois o VIAS K dispõe
de recursos para fazê-lo.
Agregar
valor ao chat, na forma de ferramentas auxiliares, na troca de arquivos
de imagem, som, vídeo e texto, seria uma forma de tornar a ferramenta mais
robusta e atrativa, pois teríamos, num só lugar, todos os recursos necessários
a uma atividade de cunho colaborativo.
O
chat, no ambiente VIAS K, é apenas um apêndice, frente ao número de
recursos disponíveis para a prática do EaD. Percebemos que houve a preocupação
em disponibilizar um grande número de recursos, entretanto, não houve a mesma
preocupação em avaliar a melhor forma de fazê-lo.
Chat
Circles, um projeto desenvolvido por Fernanda Viegas, pesquisadora do grupo
Sociable Media Lab, do Media Lab do Massachussets Institut of Technology (MIT),
é uma interface gráfica abstrata para conversação. Cada participante do Chat
é representado por círculos coloridos que se dispõem na tela. Neste projeto,
a presença e atividade são representadas por mudanças de cor e tamanho dos círculos.
A proximidade ou distância entre os círculos proporciona a divisão do
ambiente em vários grupos temáticos e os arquivos da conversa são visíveis
através de uma interface histórica integrada, conforme observamos na Fig.3.
Fig.
3.
Interface do “Chat Circles”
A
utilização do método empregado no “Chat Circles” para discussões
sobre determinado assunto permitiria que, em uma única sala, onde a discussão
gira em torno de um assunto, haja a separação por região aproximando o tutor
regional de seus alunos.
3.2 Aspectos
relevantes da avaliação formativa
No
ambiente VIAS K a avaliação está baseada na ferramenta “Quadro de
Acompanhamento”, onde é levado em consideração: a) todas as notas do aluno;
e b) todas as participações deste, nas ferramentas do ambiente. Os enfoques a
serem considerados em uma avaliação formativa, são similares aos utilizados
no TelEduc, ambiente de suporte para ensino-aprendizagem à distância, que está
sendo desenvolvido no Instituto de Computação e no Núcleo de Informática
Aplicada à Educação (NIED) da Unicamp:
·
Recuperação
e análise de informações quantitativas e qualitativas que sejam
relevantes a cada formador, a partir dos registros das
interações e das avaliações realizadas ao longo do curso;
·
Construção
dinâmica do profile do aprendiz, refletindo o seu desenvolvimento, ao
longo do curso, segundo aspectos relevantes
a cada formador (como a capacidade de aplicação de um novo
conhecimento, a colaboração, a autonomia, etc.). O profile de um
aprendiz poderá ser constantemente validado e refinado, de acordo com as
informações extraídas dos registros das interações e de avaliações
realizadas previamente;
·
Auxílio
na detecção de possíveis problemas (como ausência de acesso ao curso, falta
de interação, atraso de tarefas, falta de participação em atividades em
grupo, etc.), de acordo com os interesses
de cada formador.
4 Conclusão
Não
basta apenas montar um ambiente para EaD, com todos os recursos existentes nas
ferramentas concorrentes. A escolha destes recursos deve estar embasada em
estudos de performance, praticidade e suporte às ferramentas, pois, não
podemos perder de vista o fato de que o Ensino à Distancia sempre será
comparado ao ensino com aula presencial. Não que o EaD tenha a pretensão de
substituir a aula presencial, e vice-versa, pois são formas complementares de
ensino-aprendizagem.
O
importante é tomar todo cuidado para que o ambiente disponibilizado cumpra o
seu papel, de forma objetiva e coesa. O aluno tem que ser conquistado, a cada
incursão ao ambiente, da forma mais natural possível, e os conceitos devem ser
introduzidos no seu cotidiano, paulatinamente.
Na
avaliação formativa, não é possível e nem desejável a pré-determinação
de um conjunto de tipos de atividades e critérios de avaliação que atendam
aos objetivos de qualquer curso, em qualquer contexto. Logo, um grande desafio
no suporte desta forma de avaliação é prover soluções adaptáveis a cada
curso, de acordo com os objetivos pedagógicos dos formadores.
Referências
Bibliográficas
1.
Bonsiepe, G. Design: do Material ao
Digital. FIESC/IEL. Florianópolis, 1997.
2.
Jacques, P. e Oliveira F. Um
Experimento com Agentes de Software para Monitorar a Colaboração em Aulas
Virtuais. Workshop de Informática na Escola in 2000.
3.
Lévy, P. As tecnologias da inteligência. O futuro do pensamento na era da
informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.
4.
Nielsen, Jakob. Usability
Engineering. Boston – USA: Academic Press, 362 p, in 1993.
5.
Perrenoud, P. (1999). Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens entre duas
lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
6.
Vahl, J.,Oeiras J. e Rocha H. Usos de agentes de interface para adequação
de bate-papos ao contexto de educação a distância, IHC 2002.