LINGUAGENS
ALTERNATIVAS NO ENSINO DE HISTÓRIA
Maria Aparecida de Faria Gomes
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais
nev@unilestemg.br
Maria Luciana Brandão Silva
Centro
Universitário do Leste de Minas Gerais
nev@unilestemg.br
Roberto Abdala Júnior
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais
nev@unilestemg.br
RESUMO
O
objetivo deste trabalho é relatar a experiência em educação a distância
no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, através do
curso Linguagens
Alternativas no Ensino de História. O referido curso foi oferecido
para os alunos do Curso de História na modalidade semi presencial, com
atividades interativas através da Internet e encontros presenciais realizados
durante todas as semanas. Neste momento, devido os aspectos instrumentais e
operatórios do curso, optou-se por oferecê-lo na modalidade virtual com
quatro encontros presenciais. Inicialmente faz-se um relato de experiência em
EAD seguido da apresentação do
curso e finaliza-se, relatando os
diferentes momentos da experiência que sinalizam as possibilidades da educação
a distância e das novas tecnologias, como alternativas no ensino de história.
Considera-se que o curso Linguagens
Alternativas no Ensino de História, oferecido nas modalidades presencial e
virtual constitui-se numa proposta inovadora, pois busca compreender,
articular, utilizar música, imagens e novas tecnologias a fim de adquirir novas
articulações e argumentações no
ambiente ensino aprendizagem de História.
PALAVRAS-CHAVE
História virtual, Linguagens alternativas, Ensino de História virtual,
Educação a distância e o ensino de História.
1-
Educação
a Distância no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais
EAD
é uma modalidade de ensino antiga. No entanto, com o advento das novas
tecnologias da informação e da nova LDB surgiram novas expectativas e estudos
em torno dessa modalidade.
A
modalidade de ensino a distância foi favorecida a partir da Lei 9.394/96
regulamentada no Art.80 que trata especificamente da Educação a Distância.
Através
do decreto nº 2.494 de 10 de fevereiro de 1998 foram ressaltadas as demandas
educativas de jovens e adultos em desvantagem de tempo e localização geográfica
para o ensino presencial.
Nesse
contexto, o Núcleo de Ensino Virtual do Centro Universitário do Leste de Minas
Gerais desenvolve projetos de cursos “online”, com o objetivo de oferecer
formação continuada para professores e graduandos na área da educação.
O
Núcleo de Ensino Virtual – NEV, aprovado em julho de 2000 pelo Conselho de
Ensino, Pesquisa e Extensão do UnilesteMG, resultou das pesquisas em Educação
a Distância, do grupo de estudo "Tecnologias e Educação".
Tal
equipe elaborou o tópico “Linguagem linear e linguagem referenciada”, do
curso de capacitação docente em EAD, oferecido pela Univir-MG e Unirede. O
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais –Unileste-MG pode oferecer, aos
seus docentes interessados, parte do referido curso na modalidade semi
presencial, através da Internet, com interações através da lista de discussões,
e-mail e 3 encontros presenciais.
Em
2002 ampliam-se as possibilidades de pesquisas e implementação de novos cursos
a partir da participação do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais no
IX Congresso Internacional de Educação a Distância e sua posterior filiação
à Associação Brasileira de Ensino a Distância.
A
partir das experiências supra citadas foi desenvolvido
o curso de Linguagens
Alternativas no Ensino de História.
2-
Apresentação
do Curso Linguagens Alternativas no Ensino de História
Partindo
da premissa, de que a análise das diferentes concepções de
aprendizagem no ensino ocorre mediante trocas funcionais entre o
sujeito e o objeto da aprendizagem é que defendemos a utilização do
computador, pois este se torna um facilitador neste processo. Ao interagir vários
sujeitos e o objeto de
aprendizagem haverá uma ampliação cada vez maior de conhecimentos entre os
interlocutores. É importante ressaltar que nas atividades em que estes
objetivos não são priorizados poderá ser percebido que a relação com a máquina
se tornará, predominantemente mecanicista
.
No
ensino de História a utilização predominantemente mecanicista do computador,
apresenta riscos que comprometem o processo de construção do conhecimento,
pois restringe a capacidade do aprendiz de lidar criticamente com a informação,
o que contribui para reprodução da visão histórica que as mídias propõem,
além de não propiciar a transformação das informações em conhecimentos
históricos.
Na
ânsia de mudar as nossas formas de ensino e aprendizagem é que se tornou
necessário buscar alternativas eficazes para (re)significar este novo ambiente
de ensino aprendizagem. O Curso Linguagens Alternativas para o Ensino de História,
oferecida nas modalidades presencial e virtual constitui-se numa proposta
inovadora, pois busca compreender, articular e utilizar música, imagens e novas
tecnologias no ambiente ensino aprendizagem de História. Ao
estabelecer um diálogo entre a produção cultural da sociedade contemporânea
e a construção do conhecimento histórico, enfatizamos os aspectos
educacionais que envolvem as diversas linguagens. O contato dos estudantes com
diferentes elementos da produção cultural humana, remete-os a uma visão crítica
das relações estabelecidas entre os artefatos culturais e os saberes
escolares.
Carga horária/ Objetivos
Com
36 horas - 24 horas virtuais e 12 presenciais o curso tem como objetivos:
§
Debater
a produção do conhecimento histórico dentro e fora dos espaços escolares;
§
Apresentar uma visão
teórica que favoreça uma visão crítica entre os artefatos culturais e
saberes escolares;
§
Discutir
como as diferentes linguagens envolvem os aspectos educacionais e influenciam na
construção do conhecimento histórico;
§
Utilizar
os meios de comunicação de massa e da informação como proposta alternativa e
complementar no Ensino de História, numa perspectiva construtivista.
Metodologia
A partir da sensibilização para a utilização de linguagens alternativas no ensino de história, a instrumentalização acontecerá de forma gradativa, através de leituras, seminários, discussões.
Concluída
essa etapa, procede-se discussões e produções em ambiente de rede, até que
se atinja o nível de expressão desejado, segundo o objetivo e o interesse de
cada um.
As
atividades serão desenvolvidas de forma linear e sucessiva, com a indicação
de links e hipertextos opcionais.
Os
alunos terão participação ativa no processo de produção de textos e
propostas para o ensino de história, sendo constantemente estimulados a se
envolverem cada vez mais no desenvolvimento de novos hábitos de no processo
ensino aprendizagem, fator decisivo para seu bom desempenho no curso.
A troca de mensagens e arquivos acontecerá através de chat, e-mail e lista de discussão.
Conteúdo
Programático
O
conteúdo programático está assim
organizado:
Unidade
I : Diferentes Abordagens no Ensino de História
Iconografia:
imagens, tempos e espaços diferenciados.
Música
e o ensino de História
Informática:
NTIC’s no ensino de História
Unidade
II: Questões do Ensino de História
A
utilização da iconografia em sala de aula.
A
música no ensino de história.
As
possibilidades da linguagem computacional no ensino de história.
Unidade
III : Propostas pragmáticas de abordagens
Iconografia
Música
Informática
Avaliação
Avaliação
permeará todo processo. O sistema será capaz de oferecer dados referentes a
quantidade de vezes que o aluno acessou o curso, elaboração dos exercícios e
a participação nas listas discussões. Serão realizadas avaliações
presenciais operatórias e interdisciplinares e ainda um trabalho final –
Propostas pragmáticas de abordagens: iconografia, música e informática.
3-
Relato de Experiência
O
curso Linguagens Alternativas para o Ensino de História foi oferecido
para os alunos do Curso de História na modalidade semi presencial, com
atividades interativas através da Internet e encontros presenciais em todas as
semanas.
A
aula inaugural do curso, foi realizada no dia 09/08/02 objetivando estabelecer
um clima de afetividade entre alunos, tutores e monitores, indispensável à
produção de conhecimentos em rede. Após apresentação de todos, os alunos
assistiram ao filme “Mens@gem para Você” (direção de Nora Ephoron, Eua,
1998). Logo após foram realizados comentários com a intenção de inserir os
participantes do curso num ambiente de rede, redimensionando alguns conceitos
pertinentes à construção do conhecimento histórico na atualidade; tais como
tempo, espaço e comunicação. Em seguida foram estabelecidas algumas normas
que favoreceriam o desenvolvimento da autonomia e disciplina também indispensáveis
para o ambiente de educação à distância.
No
primeiro mês do curso, apesar dos encontros
presenciais semanais foram realizados leituras, discussões e exercícios
online referentes a primeira unidade. Neste período foi percebido o entusiasmo
de um número considerável de alunos que interagiram através de e-mail e lista
de discussões, porém, uma parcela menor de alunos apresentava dificuldades
para acessar a rede (seja por motivo trabalho e/ou exclusão digital) e portanto
não puderam demonstrar o mesmo entusiasmo. Com o encerramento da primeira
unidade pôde-se comprovar a partir das
avaliações operatórias e interdisciplinares que os alunos que participaram
das atividades online fizeram uma apropriação mais criativa e elaborada do
significado da extensão das diferentes abordagens no ensino de história.
Diante disso, foram oferecidas alternativas para que pudessem ser sanados os
problemas da exclusão digital e/ou motivos de trabalho. A
instrumentalização para a inclusão aconteceu de maneira gradativa.
No
encontro presencial inaugural da segunda unidade do curso foi proposto trabalhar
a idéia de que uma das tradições do pensamento ocidental nas ciências
sociais. Esta vincula-se a compreensão e importância do campo simbólico nas
relações históricas, onde o mundo é apreendido como representação. Num
ambiente de discussão favorável, os alunos puderam perceber que tais
representações sustentaram a compressão das imagens e das músicas que
estavam sempre imbricadas nos
contextos sociais que as produziram. Neste sentido, foram exploradas e puderam
ser usadas como elementos referenciais na construção do conhecimento histórico.
A partir daí, com a intenção de desenvolver habilidades de leitura imagética, foram propostos exercícios virtuais de leituras problematizadas de imagens, imagens estas que deveriam ser articuladas a um conteúdo histórico. As produções dos alunos foram socializadas em rede e submetidas a críticas e intervenções, sendo produzida então uma segunda versão. Posteriormente os alunos planejaram atividades para o ensino de história, articulando a produção textual a uma música. Ressalta-se que as atividades virtuais até então propostas foram elaboradas dentro de uma concepção de ensino aprendizagem interacionista. Nelas o computador se torna um facilitador, do processo de construção do conhecimento, uma vez que favorece trocas entre vários sujeitos e objeto da aprendizagem.
As
atividades virtuais propiciaram um dinamismo maior na busca e encontro de
imagens e conteúdos históricos veiculados pela Internet bem como a intervenção
dos alunos nas suas produções e nas representações por eles trabalhadas.
Isto pôde ser verificado nas avaliações do terceiro encontro presencial e
trabalhos apresentados.
No
encontro presencial inaugural da terceira unidade do curso, foram discutidas as
produções até então realizadas. Constatou-se que estas foram bem articuladas
com o referencial teórico explorado. Como a proposta de trabalho desta unidade
é pragmática, os alunos iniciaram um planejamento de um ambiente virtual para
o ensino de História, no qual deveriam se apropriar das linguagens alternativas
e explorar as habilidades desenvolvidas ao longo do curso.
Estas propostas foram discutidas implementadas durante esta etapa de
trabalho.
4-
Considerações
Finais
Os
diferentes momentos da experiência sinalizam as possibilidades da educação a
distância e das novas tecnologias, como alternativas no processo
ensino-aprendizagem de História. Estas foram consolidadas e podem ser
comprovadas através dos trabalhos implementados pelos alunos ao final do curso.
Portanto, considera-se que a disciplina Linguagens
Alternativas no Ensino de História, oferecida nas modalidades presencial e
virtual constitui-se numa proposta inovadora, pois busca compreender, articular,
utilizar música, imagens e novas
tecnologias nesse ambiente.
Observamos,
no decorrer das aulas, que a exclusão digital, mais do qualquer outro elemento,
chegou a comprometer o processo de construção de conhecimentos desmotivando os
alunos que se mantinham nesta condição. A nossa insistência para que houvesse
um esforço no sentido de superar as dificuldades foi bem recebida e,
progressivamente, todos eles se enquadraram e passaram a explorar as novas
ferramentas que se afiguravam.
Incentivamos
os alunos a pesquisarem imagens, textos e canções históricas na Internet,
procurando articulá-los numa produção escrita onde pudessem utilizar diversos
recursos oferecidos pelos programas de computador. Orientamos a tarefa no
sentido de que fosse construída em torno de questões nas quais os alunos
compreendessem o processo de leitura defendido segundo o quadro teórico que nos
ancorava: as representações como vestígios de um passado que a história se
propõe a (re)construir.
As
intervenções necessárias eram feitas nas produções virtuais dos
alunos permitindo que eles observassem as facilidades oferecidas nesse ambiente.
Além disso, enviamos os trabalhos que articulavam melhor as três linguagens
para os demais alunos, para que os mesmos pudessem ter mais clareza das
possibilidades e avanços que estas permitiam.
Assinalamos
a importância de se utilizar os recursos dessas linguagens em exercícios que
promovessem a construção do conhecimento histórico a partir das informações
encontradas na Internet e interpretadas sob um olhar histórico e crítico que
estabelecesse um diálogo com o contexto que as produziu. Nesse sentido,
propusemos que as produções – informações, imagens, canções, fossem
consideradas “representações” vinculadas aos aspectos geográficos/temporais
que os criaram e o ambiente escolar/computacional no qual estavam sendo
apropriados. Incentivamos, ainda, que eles procurassem uma conexão com as produções
culturais de época e/ou atuais.
5
-
Referências Bibliográficas
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