AUTOMATIZANDO
O PROCESSO DE DESIGN INSTRUCIONAL:
MAXIMIZANDO A INTERAÇÃO DOS ESPECIALISTAS DE CONTEÚDO
Marcelo
G. Porto Fernandes
MENTOR Tecnologia
marcelo.fernandes@mentortec.com.br
Resumo
Os
recentes avanços na utilização da aprendizagem mediada por tecnologia (e-Learning)
têm apresentado uma ampla gama de possibilidades para criação e
desenvolvimento de conteúdos pedagógico-instrucionais.
Enquanto a forma de distribuição deste conteúdo continuará a mudar em função
das tecnologias disponíveis, uma coisa permanecerá constante – a necessidade
de um projeto de treinamento de qualidade. Independentemente do modo como o
conteúdo é disponibilizado, seja em sala de aula, CD-ROM ou pela Internet, a
qualidade do planejamento e do projeto de um programa de ensino é essencial.
Temos que ter em mente que a tecnologia é simplesmente uma ferramenta
para desenvolvimento e implementação de um curso. Um bom curso depende de um
projeto cuidadoso centrado em quatro elementos principais: público alvo, relevância
(conexão com o mundo do aluno), estratégias pedagógicas/instrucionais e conteúdo.
Neste artigo discutiremos:
·
a necessidade de se otimizar
o processo de planejamento e desenvolvimento de cursos;
·
a integração entre teorias
de aprendizagem, design instrucional e tecnologia;
·
algumas abordagens para
otimização do projeto instrucional;
·
uma exploração do “Designer’s Edge,
ferramenta de suporte eletrônico ao design
instrucional de cursos.
Palavras-chave
– aprendizagem mediada por tecnologia,
educação à distância, e-learning;
ferramenta de produção de conteúdos; design
instrucional, tecnologia para educação à distância; planejamento e
desenvolvimento de e-learning.
Background
Lá
estava eu, pronto para iniciar a preparação da minha apresentação acadêmica:
um tutorial auto-conduzido em multimídia interativa. Em minhas mãos, toda a
parafernália que eu precisava: computador com som e drive para CD-ROM, bastante
memória, conexão com a Internet, e até mesmo uma placa para capturar vídeo.
Para o software, eu havia escolhido um sistema de autoria comercial bastante
conhecido.
Era o meu trabalho final de uma das últimas disciplinas do curso de graduação em Sistemas Instrucionais. Queria usar todo o conhecimento que eu “deveria” ter adquirido durante o programa de mestrado. As disciplinas do programa de graduação haviam sido bem abrangentes. Incluíram teorias de aprendizagem, aspectos técnicos de telecomunicações para educação, sistemas interativos em multimídia e Web, andragogia, gerenciamento de projetos, teorias de comunicação e muito mais. Logo percebi que a quantidade de informação era assustadora. Eu precisaria de todas as minhas anotações e livros ao meu lado para não esquecer das diretrizes mais importantes no desenvolvimento de um treinamento auto-conduzido via computador (CBT-Computer Based Training) eficiente e abrangente.
Neste momento, sonhava em ter o orientador da graduação ao meu lado, ajudando-me a reunir todas as informações relevantes que precisariam ser levadas em consideração para o desenvolvimento de um bom módulo instrucional.
Sendo
assim, eu me enchi de coragem e fui a uma sessão de orientação onde relatei
aos meus mentores o meu sonho impossível,
desejando secretamente conseguir alguma dica especial (orientadores sempre têm
algumas dicas escondidas sob a manga).
Bem,
eles não me desapontaram. Sugeriram-me que pesquisasse sobre automatização de
projetos instrucionais, i.e., a automatização do processo de desenvolvimento e
produção de cursos. Apesar desta carga extra (quem consegue sair de uma sessão
de orientação sem ter que fazer algo extra?), eu achei o tópico bastante
interessante.
Este
artigo é o resultado da minha exploração deste tópico atual e desafiante: Automatizando
o Processo de Design Instrucional.
INTRODUÇÃO
Meu
projeto de pesquisa inicial era muito promissor e eu achei que o meu “sonho
poderia se tornar realidade”.
A
autoria e desenvolvimento de tutoriais/cursos a serem disponibilizados via
computador, tem sido identificado como sendo tarefa difícil e cara em muitos
ambientes instrucionais.
A
Força Aérea dos Estados Unidos, como um dos principais usuários de
Treinamentos via computadores – CBT (Computer
Based Training), patrocinou um projeto chamado AIDA (Advanced
Instructional Design Advisor). Uma equipe de especialistas na área
da psicologia cognitiva, inteligência artificial, sistemas de computadores e
design instrucional foram reunidos: Robert Gagné, Henry Hallf, David Merrill,
Robert Tennyson, Harry O’Neil, Martha Polson, Charles Reigeluth entre outros
(de agora em diante, especialistas AIDA).
Os
artigos e discussões desta equipe foram apresentados em um livro intitulado
“Automatizando o Processo de Design
Instrucional: conceitos e questões” e é este trabalho que dá o suporte teórico
que embasa este artigo.
A NECESSIDADE DA AUTOMATIZAÇÃO DO PROCESSO DO DESIGN INSTRUCIONAL
Existe
uma série de razões para a automatização do processo de design
instrucional. As três razões que eu considero mais importantes são:
·
O processo exige expertise
difícil de ser adquirida.
·
O processo consume muito tempo.
·
O processo é repetitivo.
A extensa lista de ferramentas de autoria, ambientes e linguagens para desenvolvimento de cursos disponíveis no mercado é um outro indicador da necessidade de um guia de projeto instrucional “automatizado”.
Além disso, especialistas em CBT são raros. A escassez de especialistas na área de projeto instrucional via computador explica-se por duas razões:
-
treinamento via computador é relativamente novo e
-
teorias de aprendizagem renasceram apenas recentemente como resultado de
contribuições da ciência cognitiva.
Os
especialistas da AIDA concordam quanto à necessidade de uma ferramenta que
automatize o projeto e o desenvolvimento de cursos. Esta ferramenta deve
incorporar expertise
em design
instrucional com ênfase na seleção, sequenciamento e apresentação de
materiais para apoio aos vários objetivos instrucionais e domínios de
aprendizagem.
Talvez,
a função mais importante de um sistema AIDA seja especificar como deve ser a
instrução para uma dada necessidade/situação particular (objetivos específicos,
conteúdo, aprendizes e ambiente de aprendizagem). Em outras palavras, deve
prescrever as estratégias e táticas instrucionais mais adequadas.
INTEGRANDO TEORIA DE APRENDIZAGEM, DESIGN
INSTRUCIONAL E TECNOLOGIA
Um
médico pode receitar um remédio sem um conhecimento sólido sobre a doença e
os seus sintomas?
De
acordo com Reigeluth (1993), o design instrucional fornece diretrizes
concretas sobre como facilitar a ocorrência de certos processos de aprendizagem
(prescritivo), enquanto teorias de aprendizagem fornecem os princípios
subjacentes sobre o porque que estas prescrições são úteis (descritivo).
Embora estas duas áreas sejam diferentes, há uma estreita relação entre
elas: “design instrucional é uma ciência de ligação entre teoria de
aprendizagem e prática educacional/de treinamento”. (Duchastel, 1990).
Figura 1- Design Instrucional como uma “ciência de ligação”
A
despeito da evolução do “planejamento/design instrucional” em incorporar
as novas descobertas das teorias de processos de aprendizagem em sua “base de
conhecimento”, ele tem sido sempre desafiado pelos cognitivistas e
particularmente pelos construtivistas. O background histórico da ciência
instrucional pode explicar parte dessa discussão: nasceu no meio da teoria
comportamentalista (behaviorista). Este debate tem-se tornado muito acirrado
ultimamente. Perkins (1991) descreve o construtivismo como:
Em
particular, aprendizes não apenas se apossam da informação e a armazenam.
Eles fazem tentativas de interpretações de experiências e continuam a
elaborar e a testar estas interpretações.
Se a aprendizagem tem este caráter construtivo por natureza, segue-se que a prática do ensino precisa criar condições para que esta construção aconteça. A crítica dos construtivistas a educação convencional e práticas de treinamento é que estes não dão suporte específico ao trabalho de construção que necessita ser feito nas mentes dos aprendizes.
A
visão de Spector (1994) sobre este debate é bastante pertinente. Ele argumenta
que os que apoiam o construtivismo estão certos ao enfatizar a importância das
atividades de aprendizagem e das construções, mas que estariam errados ao
ignorar a importância de se estruturar experiências para os aprendizes, o que
poderia ser mais eficiente no estímulo as construções na mente destes
aprendizes. Planejadores e designers instrucionais estão certos ao enfatizar a
necessidade de planejamento e organização do conjunto de atividades e estariam
errados ao ignorar a necessidade que os aprendizes têm de fazer suas próprias
construções.
Sob
o ponto de vista do processamento de informações, aprendizagem é um resultado
do uso do processamento estratégico para codificar e organizar informações de
maneira que elas possam ser recuperadas na hora oportuna. “A aprendizagem
acontece através da ampliação do conhecimento existente”.
(Kintsch, 1993).
Como
o meu background é na área de engenharia, eu gosto de usar analogias para
estender o meu conhecimento prévio.
Sendo
assim, vejo a integração das teorias de aprendizagem, design instrucional e
tecnologia como uma construção de um edifício. Este edifício seria bem
conhecido por suas sólidas estrutura/fundações (teorias de aprendizagem), por
um design/projeto arquitetônico ganhador de prêmios (design instrucional) e
pela alta qualidade de acabamento interno (tecnologia).
Para
ser efetivo, o treinamento mediado por tecnologia deve ser projetado para
envolver os aprendizes de maneira ativa. É neste momento que a tecnologia
desempenha o seu papel principal. Tecnologias interativas avançadas oferecem
novos tipos de oportunidades para o ambiente de aprendizagem. Spector (1994)
declara:
Resumindo,
o meu argumento é que estas novas tecnologias (áudio digitalizado, sistemas de
apresentação em hipermídia, Internet, objetos de aprendizagem, etc) podem
ajudar a fornecer a integração necessária entre a ciência instrucional e a
teoria de aprendizagem. Por outro lado, construindo-se ambientes automatizados
que podem ser usados para prototipar os materiais das lições rapidamente,
podemos mais prontamente determinar a maneira como as características
individuais, estratégias de mídia e tipo de conhecimento interagem em uma
situação de aprendizagem.
Abordagens para automatizar o design instrucional
A
automatização do processo de design
instrucional varia em amplitude e extensão, podendo nos casos mais simples
incluir a disponibilização de ferramentas informatizadas a serem utilizadas
pelo designer instrucional chegando até a implementação de procedimentos mais
complexos que minimizem (ou até mesmo substituam) a necessidade deste tipo de
profissional. Porém, este processo de automatização, geralmente, não
substitui o especialista de conteúdo. O processo de design instrucional por sua
vez também pode mais simples englobando, por exemplo, somente o processo de
seleção da estratégia instrucional, ou ser um processo mais completo
abrangendo todas as fases típicas da metodologia: análise, projeto,
desenvolvimento, implementação e avaliação. Dependendo de onde o sistema de design
instrucional estiver inserido nestes dois extremos, pode-se determinar quanto
uma ferramenta ou automatização agregará ao processo de desenvolvimento do
curso. (Reileguth, 1993).
A
Força Aérea dos Estados Unidos encomendou e patrocinou o projeto AIDA para uma
situação em particular. Em muitos casos, a Força Aérea torna o especialista
de conteúdo responsável pela criação do material instrucional via
computador. Desta forma, a meta do AIDA foi desenvolver um sistema informatizado
que oriente pessoal inexperiente, que esteja envolvido em desenvolver
treinamento técnico, na aplicação de métodos e procedimentos de design
instrucional.
Ao
final da fase conceitual do desenvolvimento do AIDA, os consultores e
especialistas engajados no projeto concordaram em um modelo funcional genérico
representado na figura 2. Este modelo possui seis componentes:
ü
AAT– informação sobre os Alunos, o Ambiente e as
Tarefas. |
ü
Componente das Estragégias |
ü
Informação quanto ao conteúdo |
ü
Mecanismo de Disponibilização |
ü
Executivo do AIDA |
ü
Componente de Avaliação |
Figura
2- Componentes Funcionais do AIDA- Spector,
Polson & Muraida (1993)
Os
especialistas do AIDA elaboraram diversas abordagens diferentes para a
automatização deste modelo funcional. As possibilidades apontadas incluem:
-
uma poderosa ferramenta de autoria de multimídia;
-
um sistema de ajuda on-line com exemplos de implementação;
-
estruturas de design (templates) automatizados mas ainda restritos;
-
estruturas de design (transações) automatizados e inteligentes;
-
um orientador (advisor) especialista em design instrucional;
-
um crítico especialista em design instrucional e
-
um sistema de tutoria inteligente para o design instrucional.
Uma
grande variedade de abordagens para implementação do AIDA está descrita na
literatura sobre o assunto, incluindo um sistema de avaliação, Duchastel,
1990; um sistema de planejamento, Brecht, McCalla, Greer, & Jones, 1989; e
um conjunto de ferramentas “inteligentes”, Pirolli & Russell 1991.
Outra iniciativa é o ISDA- Instructional
Systems Development Automation (Automatização de Desenvolvimento de
Sistemas Instrucionais), desenvolvido no 374.º Esquadrão de Desenvolvimento de
Treinamento da USAF (Força Aérea Americana).
Os
três sistemas descritos aqui, entretanto, são representativos desta ampla gama
de possibilidades.
Gagné
defende a automatização somente no direcionamento do processo. Este tipo de
automatização consiste basicamente de dois tipos de auxílio: (a) instruções
específicas relativas a programação de eventos/estratégias instrucionais
relevantes e (b) elaborar exemplos de como estes eventos instrucionais podem ser
automatizados. A principal vantagem desta abordagem é o seu custo,
relativamente barato. O Armstrong Laboratory
já tem diversos protótipos do GAIDA - Guided
Approach: Instructional
Design Advising, que
requereu menos do que seis pessoas pelo período de seis meses para ser
desenvolvido em Toolbook ™ (Spector, 1993).
A
abordagem de Tennyson é sem dúvida a mais ambiciosa: um sistema
tutorial inteligente para a área de conhecimento do design instrucional. O
sistema idealizado por ele, Tennyson's ISD Expert (Tennyson & Breuer, 1994),
se adaptaria ao usuário distinguindo designers novatos de usuários mais
experientes. Além disso, forneceria uma variedade de auxílio e dicas de design
instrucional específico ao contexto e relacionado ao domínio da aprendizagem.
A
construção de Tennyson de um tutor inteligente para o design instrucional é
uma meta desejável, mas provavelmente inatingível em curto prazo.
Merrill
por sua vez busca o caminho de disponibilizar uma estrutura inteligente para o
design instrucional. A sua proposta incorpora conexões instrucionais (instructional
transactions),
que são estruturas baseadas na programação orientada a objetos, para criar
tipos específicos de interações instrucionais em um ambiente informatizado. A
noção de uma transação instrucional auto-contida (transaction
shell) , juntamente com uma base de regras que orientam as interações
do especialista de conteúdo / autor de curso, formam a base do projeto AIDA.
O
próximo tópico vai explorar um software de design instrucional chamado
“Designer’s Edge”. Este é um tipo específico de ferramenta computacional
que nos ajuda a definir as metas e estruturar o conteúdo de um curso, seja
presencial, auto-instrutivo ou mediado por computador/Web.
DESIGNER’S
EDGE: UMA FERRAMENTA PARA AUTOMATIZAÇÃO DO DESIGN INSTRUCIONAL
O que
é o Designer’s Edge (DE)?
É
um software que de auxílio ao desempenho (EPSS-
Electronic Performance Support System) no processo de design
instrucional. Permite o gerenciamento e visualização de todo os processos de
desenvolvimento de um curso, se tornando uma ferramenta bastante útil não só
para quem desenvolve mas também para aqueles que especificam e gerenciam a
implementação de treinamento. Ele auxilia a analisar as necessidades e tarefas
instrucionais; definir os parâmetros de desempenho e metas; redigir objetivos
instrucionais; definir e analisar o conteúdo; identificar estratégias
instrucionais adequadas; planejar as apresentações do conteúdo; planejar os
exercícios de fixação e testes de avaliação formativa e somativa do
treinamento.
Em
cada fase do projeto é possível se gerar um relatório e registar a devida
aprovação/comentários para implementação de revisões.
Arquitetura Básica
O
Designer’s Edge é baseado no modelo consagrado de Projeto de Sistemas
Instrucionais (ISD -
Instructional Systems Design) que aborda as etapas de análise,
projeto, desenvolvimento e validação. O programa divide o processo de projeto
instrucional em fases. Cada fase contém uma série de tarefas
inter-relacionadas e procedimentos a serem executados e checados. Estas fases
bem como suas tarefas podem ser personalizadas facilmente pelo usuário para
atender aos diferentes processos/padrões de desenvolvimento de cursos e
projetos, sendo que um conjunto de 12 fases padrão é apresentada quando na
instalação deste aplicativo (default).
A
subdivisão do processo de planejamento em fases como análise de necessidades,
definição de missão, definição clara de objetivos, definição do
tratamento e diagramação do curso, é um convite a um novo nível de consistência
de projeto”.
O
seu menu de abertura exige ícones que representam as fases no processo de
Design de um Sistema Instrucional:
§
Levantar Necessidades.
§
Definir escopo
§
Identificar o Perfil da Audiência
§
Definir Objetivos
§
Definir Conteúdo.
§
Diagramar o Curso
§
Definir o Tratamento
§
Definir Atividades.
§
Criar Plano Detalhado
§
Produzir Mídia
§
Exportar para software de autoria
§
Avaliar o Curso
Cada
um destes ícones oferece uma extensa orientação. Em “Levantar
Necessidades”, por exemplo, pode-se encontrar 12 formulários para coleta de
dados que nos ajudarão a criar descrições de ocupações, trabalhos, deveres
e tarefas.
Em
“Definir Atividades”, encontram-se pastas para sete tipos de atividades para
os aprendizes: unidades pré-instrucionais, apresentação de informação,
participação do aluno, acompanhamento, testes, jogos instrucionais e navegação.
Então, em cada pasta, pode-se encontrar uma lista tais como “ilustre com um
quadro” ou “liste os passos de um procedimento”. Pegue uma atividade
arrastando-a para o mapa do seu curso, e o DE vai adicioná-la ao esquema e
diagramação do seu curso.
Em
cada fase do projeto é possível se gerar um relatório e registar a devida
aprovação/comentários para implementação de revisões. Além disso, a página
da diagramação com os “storyboards” do DE pode ser exportada para os
softwares de autoria mutimídia/web tais como Dreamweaver, Quest, Authorware,
HTML or PowerPoint. Pode-se ainda criar e exportar documentos (tais como orientações
para o instrutor em sala de aula e documentos do design) para o Microsoft Word,
trabalhar neles neste formato e então importá-los de volta ao banco de dados
do DE.
CONCLUSÃO
Enquanto
a forma de distribuição do treinamento continuará a mudar em função das
tecnologias disponíveis, uma coisa permanecerá constante – a necessidade de
um projeto de treinamento de qualidade. Independente do modo como o treinamento
é ministrado, seja em sala de aula, CD-ROM ou pela Internet a qualidade do
planejamento e projeto de um programa de treinamento é essencial.
O
planejamento, desenvolvimento e disponibilização de material instrucional de
qualidade são processos complexos que envolvem interações entre características
individuais dos aprendizes, mídias onde o curso será disponibilizado, a
natureza do assunto, o tipo de conhecimento e habilidades específicas a serem
ensinadas e as estratégias e métodos usados para ensiná-lo. Como Peter
Goodyear (Goodyear, 1994) afirma, “é um amplo espaço para discussões”.
Design (Planejamento) |
Desenvolvimento
(Produção) |
Disponibilização (Implementação) |
|
Natureza
da atividade |
a)
Design de eventos de aprendizagem, ambientes e recursos. b)
Desde a análise do treinamento até as especificações detalhadas. |
Transformações
das saídas do processo de design em entradas adequadas para execução
efetiva do processo de disponibilização. |
a)
Educação, Treinamento e Desenvolvimento (ET&D) conduzidos
presencialmente b)
ET&D mediado por tecnologia. |
|
Design (Planejamento) |
Desenvolvimento
(Produção) |
Disponibilização (Implementação) |
O
que significa automatização? |
-
Transformação
automática de uma lista de objetivos de treinamento em uma especificação
de sequenciamento de eventos instrucionais. -
Orientação
inteligente, consistente e informatizada sobre o processo de Design
instrucional (DI) |
-
Transformação
automática de especificações em códigos. -
Interface automática
com sistemas de autoria |
Material
didático disponibilizado de forma econômica e rápida |
Motivação
para a automatização |
-
DI é rotina -
Um bom DI é
essencial para facilitar a aprendizagem -
O processo de DI é
caro. |
-
Desenvolvimento é
rotina. |
-
Ensinar é rotina -
Bons professores são
raros. (material didático pode ser distribuído de maneira econômica) |
Questões
teóricas envolvidas na automatização |
-
Compreensão do
processo de DI -
Compreensão de
como desenvolver bons projetos de aprendizagem mediada por tecnologia |
-
Entendimento do
processo de desenvolvimento para diferentes tipos de cursos. |
-
Entendimento de
aprendizagem interativa. |
Questões
de Implementação envolvidas na automatização |
-
Capturar a
expertise do especialista de conteúdo -
Formalizar o
processo de DI |
-
Tecnologia dos
geradores de código -
Interface e
sequenciamento entre os módulos -
Integração de
recursos. |
-
Diferentes
capacidades e característica das plataforma de distribuição -
Representação do
conteúdo, aprendizes, estratégias instrucionais. |
Avaliação
do Processo de Automatização |
-
Medidas da eficiência
de custo -
Mais consistente,
completo e sem ambigüidade. -
Objetos reutilizáveis -
Satisfação do usuário. |
-
Combinação das
intenções do projeto com a entrega? -
Tempo de
desenvolvimento e concepção -
Satisfação do usuário. |
-
Melhoria da
aprendizagem -
Medidas da eficiência
do custo -
Medidas da satisfação
do aprendiz |
Figura
4- Automatização do Design
Instrucional, Desenvolvimento e Disponibilização: um espaço para questões
(Goodyear, 1994)
Algumas
iniciativas e ferramentas estão sendo desenvolvidas para automatizar o processo
do design instrucional. Explorando-se uma das opções – o Designer´s Edge,
pude testemunhar o quanto uma ferramenta computacional pode ser útil no
processo de concepção e desenvolvimento de cursos.
Em
meu caso particular, este software serviu não apenas como um checklist
de todos os aspectos envolvidos na produção de um treinamento eficaz, como
também ajudou a consolidar o conhecimento que eu “deveria “ ter adquirido
em meu curso de graduação em Sistemas Instrucionais.
Referências:
-
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G., Greer, J., & Jones,
M. (1989). Planning the contents of instruction. Proceedings
of the 4th International Conference on AI and Education, 32-41, Amsterdam.
-
Duchastel, P. C. (1990). Cognitive designs for instructional design. Instructional
Science, 19(6), 437-444
-
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for Courseware Engineering. In
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-
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-
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