A
VOZ DOS PROFESSORES DA
ESCOLA PÚBLICA SOBRE A INFORMÁTICA
EDUCATIVA E A URGÊNCIA NA
QUALIFICAÇÃO DOCENTE
Lina
Cardoso Nunes
Universidade Estácio de Sá
linanunes@ig.com.br
Resumo
As sociedades industrializadas enfrentam uma
crise, face ao novo choque do futuro, advindo
da sociedade informacional. Para
esta sociedade exige-se um novo homem que possa enfrentar os desafios do mundo
digital. Nesse contexto, Programas
de Educação a Distância estão
entre as disposições gerais da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no intuito de superar os
problemas gerados pela extensão do território brasileiro. No âmbito das
transformações tecnológicas e do acelerado desenvolvimento da sociedade
contemporânea, este estudo tem por objetivo
analisar como se expressam
os professores sobre a aplicação das novas tecnologias nas escolas do Ensino
Fundamental, buscando apontar as possibilidades para a alfabetização tecnológica
do professor. Foi realizado um estudo de caso em
escolas públicas do município do Rio de Janeiro, nas quais foi
implantado o Programa de Informatização das escolas públicas - PROINFO.
Aplicaram-se questionários aos professores, tendo sido transcritos e
analisados os dados coletados. Uma das conclusões que podem ser
apontadas é apesar dos professores reconhecerem a importância dos recursos
tecnológicos, ainda não os utilizam de
forma integrada a sua práxis pedagógica.
Nesse sentido, é importante que sejam viabilizadas alternativas para a qualificação dos professores, através da Educação a
Distância.
Palavras
–chave:
formação de professores, escola pública e educação a distância
Tema:
Formação de Profissionais para a Educação a Distância
1.
Introdução
As sociedades industrializadas enfrentam uma crise, face ao novo choque do futuro, advindo da “ sociedade informacional ” ( ROSNAY, 2000). A partir do “tratamento eletrônico das informações, da digitalização dos dados, e do desenvolvimento das redes interativas de comunicação, as referências clássicas se despedaçaram “ ( idem, p. 217) .
São
exigidas novas competências profissionais.
A utilização do computador pessoal, fixo ou portátil, no escritório
ou em casa, de dia para dia, se intensifica. Emerge de forma revolucionária a
Internet, favorecendo a interatividade no campo empresarial e educacional. As
redes se multiplicam: telefones celulares, televisão a cabo, satélite e
sistema de Internet nas empresas são algumas das numerosas formas de
trocar informações e estabelecer comunicação entre pessoas e grupos.
Surge
um novo tipo de homem, emergente da cultura da complexidade – não-linear,
multidimensional, “ insimplificável” ( MORIN, 1996), que não mais se
enquadra no paradigma cartesiano, linear, analítico. O paradigma da
complexidade propicia condições de uma visão complexa do universo, onde
coexiste “ o físico, o biológico e o antropossocial”
( idem, p. 330).
No
bojo da emergência desse novo homem está um novo profissional, com condições
para enfrentar o dia a dia do cenário contemporâneo, marcado pela “consciência
universal, feita de campos de consciências pessoais entrelaçados, atravessada
por sensações, percepções, emoções e pensamentos impessoais que
vagam sobre o grande rio que carrega todos nós” ( LEVY, 2001, p. 42).
Esse
novo profissional deve conviver com o mundo virtual, interconectado, em que as
informações atravessem sem cerimônia o espaço planetário, em contínua
evolução. Pouco a pouco, torna-se
possível circular sem fronteiras, caminhando
desde o nordeste brasileiro da seca, até as
geleiras do ártico, desde as mega-metrópoles, até os mais recônditos
refúgios desse planeta...
No âmbito das médias
e grandes empresas, as transformações têm
avançado de forma acelerada: o mundo teleinfocomputrônico ( DREIFUSS, 1997)
parece estar se expandindo, inexoravelmente.
As exigências profissionais para a qualificação desse novo cidadão é ponto
focal das discussões. Observa-se,
nas grandes empresas, de
forma geral, a nítida preocupação
com o significado e a urgência da introdução das TCI para a evolução e o
desenvolvimento econômico-financeiro das organizações, tanto na modalidade
presencial quanto a distância.
Já
no âmbito educacional, a velocidade não é a mesma. Há uma certa morosidade
em acatar as mudanças, embora se pressintam as implicações na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e nas
propostas governamentais em pauta desde o final de século XX,
destacando-se na LDB, o
artigo 80 no qual o poder público
abre espaços para a educação a
distância, em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação
continuada.
A
distância entre o mundo da informática e da comunicação e o da educação
parece intransponível. Pretto (1996) assume uma postura crítica, quando indaga se
tem sentido investirmos em um sistema
educacional que não consegue dar
conta da velocidade das transformações tecnológicas que são observadas em
nosso redor. É pertinente essa observação, pois os “discursos” relativos
às mudanças estão presentes na “mídia” todos os dias, no entanto no
interior das escolas o “cenário” permanece
o mesmo.
Todas
essas mudanças que criam o mundo interligado parecem ainda estar distantes do
cotidiano das escolas, onde muitas
vezes estudam os filho/as e neto/as desses homens e mulheres que estão à
frente das empresas. São, em
alguns casos, dois mundos à parte, onde a convivência nem sempre é fácil,
visto que as escolas não têm sido tão ágeis nas transformações quanto as
empresas.
Os
projetos governamentais buscam em seu bojo incluir, identificar e estimular possíveis
usos na área educacional dos sistemas de rede, apontando a educação a distância
como possibilidade de implementar cursos e projetos.
Nesse
sentido, o Programa de Informatização das Escolas Públicas - o PROINFO - foi
criado, tendo como prioridade
a capacitação do professor para a utilização das novas tecnologias no
cotidiano escolar das escolas municipais, e em sua primeira fase de implantação
foi prevista a aquisição de 100.000 computadores, respeitados os critérios
acordados entre a SEED/MEC e as SEE.
Havia uma previsão de que essa etapa acontecesse no biênio 98/99. No entanto,
só em março de 1999 foram instalados os primeiros computadores, em cerca de
seis mil escolas num percentual de 13,4% do universo de 44.800 escolas públicas
brasileiras ( SANDE, 2001). Inicialmente a capacitação seria efetivada, no
espaço escola, “ professor
capacitando professor” .
Os
estados elaboram seus projetos para que possam participar do programa,
estabelecendo as condições a serem atendidas pelas escolas que se propõem à
informatização. Cada estabelecimento de ensino deve apresentar um planejamento
tecnológico-educacional para um período de cinco anos (SANDE, idem).
Esse
programa remete à urgência da construção de competências dos professores
nas NTCI, além das que se articulam
a uma práxis pedagógica, através da qual o ofício de mestre se torne
coerente com o contexto sociocultural ao qual pertencem. É preciso que os
professores compreendam como as novas gerações interagem com as diversas mídias,
conscientes da diversidade dos grupos escolares e das disparidades e ambivalências
presentes nas escolas dos diversos municípios e estados brasileiros. Essas
diferenças são significativas em muitos aspectos, especialmente
nas limitações de acesso aos recursos telemáticos de natureza econômica.
O impasse para a implementação das NTCI nas escolas brasileiras se configura
de forma consistente, tanto no âmbito econômico, quanto no que tange à
qualificação dos professores para sua utilização no espaço escolar
integrada aos conteúdos programáticos .
No
contexto da qualificação dos professores, Prado e Valente (2002)
lembram que “ o estar junto
virtual permite múltiplas interações no sentido de acompanhar,
assessorar, íntervir e orientar o professor em formação em diversas
situações de aprendizagem” (p. 45).
A
possibilidade do professor se qualificar para integrar a informática à atuação
pedagógica envolve o domínio de
diferentes ferramentas computacionais e as interações que se estabelecem na
rede virtual podem favorecer a formação do professor , construindo e
reconstruindo conhecimentos “ na e para sua prática pedagógica” ( idem) .
Sob
tal ótica, Sampaio e Leite (1999) apontam a alfabetização tecnológica do
professor como base para a sua atuação
pedagógica, criando situações e
experiências que permitam aos alunos apropriarem-se dos conhecimentos. A
alfabetização tecnológica é compreendida “como um conceito que envolve o
domínio contínuo e crescente das tecnologias que estão na escola e na
sociedade, mediante o relacionamento crítico com elas”( p. 75).
Pretto ( 1999) é enfático
ao alertar:
Compreender
os novos processos de aquisição e construção do conhecimento é básico para
tentarmos superar este impasse. Esta compreensão , por outro lado empurra-nos necessariamente
(grifo do autor) para considerarmos fundamental
a introdução das chamadas tecnologias da comunicação e informação
nos processos de ensino-aprendizagem ( p. 80).
Evidencia-se, sob tal ótica, a relevância do PROINFO, visto que
possibilita a familiarização do
professor com a aplicação das novas tecnologias na sala de aula, de forma
integrada aos conteúdos, buscando minimizar a fragmentação do currículo, ao
trabalhar com projetos ligados aos interesses e necessidades das crianças.
Cabe,
nesse sentido, ratificar o significado da sala de aula, no âmbito das novas
tecnologias como um espaço não de interação, mas de interatividade, “tipo
singular de interação” (Silva, 2000, p. 105).
Uma primeira formulação de Silva (idem) para interatividade diz que
Interatividade
é a disponibilização consciente de um
mais comunicacional
(grifo do autor) de modo
expressivamente complexo, ao mesmo tempo atentando
para as interações existentes e promovendo mais e melhores interações
– seja entre usuários e tecnologias digitais ou analógicas, seja nas relações
“presenciais “ou “virtuais” entre seres humanos ( p.20).
Nesse contexto, o professor deve assumir uma postura coerente com as
possibilidades do uso das novas tecnologias na sala de aula, que consiste na
abertura para a interatividade, considerada aqui na perspectiva de modificação
da comunicação no espaço escolar.
Assim,
é indispensável que se preparem os professores para a aplicação das
TIC, tanto nas salas de aulas com seus alunos, quanto
no relacionamento com as mesmas em sua formação pessoal, em caráter
contínuo.
O estudo aqui apresentado aponta para a urgência de se pensarem em
alternativas para a qualificação dos
professores no uso das tecnologias
da informação e comunicação, através,
especialmente da Educação a Distância, pois a capacitação no espaço
escolar nem sempre tem sido efetivada, conforme previsto pelo PROINFO,
tendo em vista as dificuldades de encontrar horários disponíveis para
os que se encontram nas salas de aula, diariamente.
1.1.
Questões, objetivos e justificativa do estudo
Sob
a ótica da problemática apresentada, destacam-se as seguintes questões: (a)
Como se manifestam os professores diante da entrada desses programas
e equipamentos nessas escolas? e (b) Quais as
alternativas possíveis para a formação dos professores
em Tecnologias da Informação e Comunicação?
Um dos objetivos do
presente estudo foi analisar como se
expressam os professores sobre a aplicação das novas tecnologias nas escolas
do Ensino Fundamental, buscando apontar as possibilidades para a alfabetização
tecnológica do professor.
A
justificativa dessa investigação se vincula ao extraordinário desenvolvimento
da aplicação de Novas Tecnologias na sociedade globalizada, o que tem
influenciado e dinamizado os campos de competência de diferentes profissionais,
trazendo a discussão, por um lado,
a emergência da inclusão da escola na preparação de cidadãos que possam
enfrentar o mundo do trabalho e por outro lado a
morosidade que se observa no espaço escolar
para a revisão e mudança nos processos pedagógicos e as dificuldades
encontradas para a qualificação do professor. Torna-se relevante, nesse
sentido, um estudo que possibilite a reflexão sobre como tem sido a inclusão
das Tecnologias da Informação e
Comunicação, no contexto escolar,
desvelando as possibilidades e
dificuldades encontradas nesse processo.
2.
Percurso
metodológico
Optou-se
pela realização de um estudo de caso em uma das coordenadorias regionais do
município do Rio de Janeiro, sendo selecionadas duas escolas da rede pública,
nas quais foi implantado o Programa de Informatização das Escolas Públicas -
PROINFO. A escolha deste tipo de investigação se deu pela premência de
observar-se in loco, a forma pela qual
eram introduzidas as inovações tecnológicas no espaço escolar, com vistas
a aproximação da realidade através do contato com a comunidade.
Aplicaram-se questionários mistos, respondidos por
dezoito professores das escolas investigadas, divididos em duas partes: a
primeira relativa à idade e tempo de magistério dos professores e a segunda,
objetivando coletar dados com o propósito de
captar as expectativas, receios e preocupações dos participantes
sobre a inclusão das tecnologias nas escolas investigadas.
2.1.
Resultados obtidos
No
quadro 1 são apresentados os dados iniciais referentes aos
professores-participantes, coletados
na primeira parte dos questionário, quanto à idade e tempo de
magistério:
Quadro
1 – Idade e tempo de magistério
Da análise temática ( Bardin, 1979) das respostas
transcritas da segunda parte dos questionários em foco,
puderam ser destacados temas que
sinalizam as preocupações e
expectativas dos educadores consultados. No quadro
abaixo, são apontados os
temas emergentes das manifestações dos professores:
Quadro
2. Temas relativos aos questionários respondidos pelos professores
2.2.
Análise dos dados coletados
O
quadro 1, relativo à idade dos professores e ao tempo de serviço,
apresenta dados expressivos, quanto à idade dos professores dessas
escolas, que variam de 34 a 60
anos, sendo que oito dos professores respondentes têm entre 50 e 60 anos,
enquanto apenas 3 dos professores possuem menos de 40 anos, o que parece
evidenciar que têm experiência profissional, confirmada pelo tempo de magistério
dos professores, visto que 12 dos participantes têm mais de 20 anos no exercício
da profissão. Por outro lado, essa constatação talvez possa explicar certa
resistência ao uso dos equipamentos eletrônicos na práxis pedagógica, em razão
da novidade trazida pelas tecnologias contemporâneas, em relação às
aplicadas nos longos anos de exercício profissional.
A
leitura atenta das respostas dos
professores, que aqui representam suas vozes, apresenta
uma rede de temas significativos,
que mostram aspectos favoráveis
para introdução das tecnologias na escola pública, o que pode ser verificado,
nas falas transcritas a seguir, nas
quais, inicialmente, pode se
destacar a compreensão que possuem sobre o valor
da Informática Educativa no cenário contemporâneo para a
ampliação da visão de mundo(d):
JAB1
- É um meio importante para
inserir o aluno no mundo, ampliar sua área de conhecimento
AG1
–Acredito que seja a de proporcionar ao educando e ao educador a possibilidade
de ampliar a visão do mundo com os recursos disponíveis
JAB7
- Excelente, pois ajuda as crianças
no seu desempenho não só na escola como
fora dela, possibilitando maiores esclarecimentos e contatos externos
Outro
aspecto favorável que se articula com a anterior é o que tange a atualização
dos conhecimentos (a), conforme pode ser analisado nas seguintes expressões
dos participantes:
JAB6
– Através de pesquisa, dando maiores informações e atualização de conteúdos,
como das novidades de uma forma geral
AG5
– A Internet disponibiliza informações de forma rápida e atualizada
JAB1
– Nos mantendo em contato com informações de todo o mundo
AG3
– A Internet é uma boa opção de pesquisa e de atualização dos assuntos
que estão acontecendo no mundo, pois possui muita velocidade JAB3 – O uso da
Internet possibilita ao professor atualização e aprofundamento nas mais
diferentes áreas do conhecimento e troca de idéias com um abrangente leque de profissionais
.
Grande
parte dos professores enfatizaram um outro aspecto favorável relativo à interação ensino-aprendizagem (e) como uma das contribuições do
uso do computador, que estimula os alunos , possibilitando o acesso mais rápido
às informações, subsidiando as pesquisas solicitadas pelos professores,
auxiliando na preparação das
atividades diárias, o que fica evidente nas falas transcritas a seguir:
JAB5
– Estimula o aluno em vários aspectos como leitura, coordenação motora,
mudança de ambiente, escrita, nova linguagem, relacionamentos, educação.
JAB4
– Comunicação com outros professores; pesquisas para os alunos; trocas de
atividades; reciclagem; montagem de projetos e atividades
JAB5
– Subsidiando pesquisas, informações e agilizando o tempo que se
gastaria lendo, etc
AG9
– Como instrumento sim, e não como o item preponderante para uma aula. Vale
lembrar que o papel do computador e da Internet é de instrumento para interação
ensino-aprendizagem.
AG7
– No acesso mais rápido e mais diversificado nas informações. No acesso ás
novas tecnologias; na criação de novos hábitos de estudo.
AG8
- Eu uso freqüentemente o
computador, sendo que para a escola é um arquivo de dados(exercícios) pois sou
professora de Informática, onde num instante monto uma prova ou lista de exercícios;
A Internet uso só para lazer
Os
participantes sinalizam, também,
para a relevância dos programas de Informática Educativa,
na familiarização com a
linguagem digital ( b) como vantagem e possibilidade de integrar-se à sociedade
informacional, o que pode ser observado nas expressões que se seguem:
JAB3
– É de suma importância , pois possibilita
o contato do adolescente com a Informática, devido ao PROINFO. o domínio
no uso dos computadores...
JAB4-
Tornar familiar para os alunos, a linguagem da Informática e capacitar
professores para lidar com as novas tecnologias
AG6
– Uma melhor interação dos alunos com as novas tecnologias, pois a maioria
dos alunos não têm condições de comprar um computador.
AG2
–Uma grande oportunidade para os alunos carentes conhecerem o mundo da Informática
Outro
aspecto favorável revelado na voz dos professores é a inserção
no mercado profissional (i), pois reconhecem as atuais exigências para o
futuro dos alunos, relativas à apropriação de competências no uso das
tecnologias e especialmente do computador:
JAB1
- Estimulá-lo na procura de sua futura profissão
JAB3
– O PROINFO pode vir a ser crucial na vida profissional futura desses
adolescentes.
JAB2
– Toda tecnologia , quando
utilizada com responsabilidade, facilita certamente o trabalho do homem. É
necessário , entretanto, verificar até que ponto a tecnologia não está
prestando um desserviço à escola pública por estar sendo implantada antes que
questões mais sérias sejam resolvidas
No
entanto, não são exclusivamente aspectos favoráveis que aparecem nas vozes
dos professores; alertam, por
exemplo, para a questão da exclusão
digital, que se configura como um dos pontos desfavoráveis, considerando a
implantação, ainda limitada no tocante à insuficiência de equipamentos nas
escolas em que o PROINFO está
sendo implementado, restringindo a
utilização dos mesmos pelos alunos. A seguir, são transcritas respectivamente
as falas relativas à exclusão digital (c ) e à insuficiência de computadores (
g) nas escolas investigadas.
JAB2
– O PROINFO é muito importante para a escola pública, desde que se
desenvolva paralelo a outros projetos e que, realmente atenda a todos os
alunos.
JAB8
– Seria de grande utilidade para reverter
a exclusão digital, se todos tivessem acesso aos computadores. Não é o
caso. Há poucos computadores e creio que talvez em alguns anos o Proinfo
realmente exista.
AG5
– Não percebo ainda a abertura e necessária participação de todos os
segmentos envolvidos no processo pedagógico. O Programa , em si, possui seus méritos,
carecendo de melhoras na sua execução operacionalização.
AB8
– Acho muito importante , pois é a ferramenta do presente e do futuro, e
assim a escola pode proporcionar aos alunos mais carentes a possibilidade de
manuseio.
Em
relação à insuficiência de computadores (g) as vozes dos professores
são incisivas:
AG3
–. Está longe do ideal e número de computadores , equipamentos , acomodações,
etc, mas já é um começo.
AG4-
Acho interessante , mas existem poucos computadores para a quantidade de alunos
usá-los
AG2
– Ruim Poucos computadores, falta de material de Informática (tinta,
programas.
AG3
- A escola está muito atrás em
relação as coisas tecnológicas que vem acontecendo
AG4
- Ainda está muito incipiente o número
de computadores
Evidenciou-se
nas falas a seguir que os professores utilizam apenas o computador ou o vídeo (f), em alguns casos para a preparação das
aulas ou indicando, em outro caso os vídeos que podem relacionar-se ao conteúdo
programático, o que mostra a pouca familiarização com os equipamentos eletrônicos
na práxis pedagógica. Adiante apresentam-se as vozes dos professores sobre
esse tema:
JAB2
– Utilizo o computador para preparar as aulas
JAB3
– Vídeos cujos temas relacionam-se com o conteúdo programático. Não domino
o uso do computador e alguns de seus programas, para que esta tecnologia seja
amplamente utilizada na classe . São poucos os computadores disponíveis.
JAB4
- Vídeo, televisão e fotografias
AG7
– Eventualmente destaco os alunos
para a sala de Informática ou de vídeo para algumas ilustrações
JAB6
– Apenas pesquisa de alguns assuntos na Internet
AG9
– Considerando que várias escolas só possuem o vídeo e nenhum computador,
posso dizer que o vídeo é o recurso tecnológico mais utilizado
Finalmente
são destacadas as falas relacionadas ao
impacto das tecnologias (h), que apontam para aspectos significativos do
estudo em foco, evidenciando a clareza que os participantes têm da importância
dos recursos telemáticos no espaço escolar:
AG3
- O computador é uma ferramenta muito importante para a educação tem muitos
recursos e exerce um fascínio nos alunos e professores
JAB3
– Na minha opinião o impacto é positivo. Agiliza e melhora a organização
escolar no que se refere à parte administrativa e burocrática da unidade
escolar. Estimula a criatividade e outras habilidades, não só dos alunos como
também de professores. É pena não haver um número suficiente de computadores
para atender um maior número de
interessados : professores e alunos
JAB1
–Na verdade, na maior parte do tempo o impacto é indireto , pois a maioria
dos alunos não têm acesso a essas novas tecnologias e a escola pode servir
como uma parte para isso
JAB7
– O impacto é bastante positivo, só que acho ainda poucos computadores e
teria que ter mais professores para aulas-extras para as crianças aproximarem
mais a oportunidade , pois nem todos têm a oportunidade e muito menos
computador em sua casa
AG5
– O impacto será tremendo, quando for democratizado. As conseqüências da
utilização da Informática, a longo prazo, irá inclusive afetar a conceituação
da escola, o seu próprio papel e a sua própria existência
AG6
– Com certeza o computador tem
melhorado muito o pensar do aluno.
AG7
– O impacto é muito interessante. Porém numa quantidade e graduação ainda
muito reduzida. Precisa maior massificação para que as mudanças sejam
sentidas
AG10
– É uma nova escola chegando
JAB6
– É uma coisa nova. Acho uma ótima novidade, mas ainda não tenho uma opinião
precisa sobre esta nova introdução no ambiente escolar
AG9
– Essa questão depende da forma pela qual as novas tecnologias, quando este
recurso virar substituto do professor é extremamente negativo ou quando este
recurso é utilizado como instrumento de presente em projeto pedagógico é
excelente.
A
voz dos professores indica a
utilização, de forma bem restrita em suas atividades pedagógicas dos recursos
telemáticos, mesmo assim vêem de maneira positiva o impacto das tecnologias,
que exercem “ fascínio em alunos
e professores “ , podem
revolucionar as práticas tradicionais e o próprio pensar dos alunos,
embora alguns se pronunciem sobre o receio de que seja um substituto do
professor .
Destacamos, entretanto,
a voz de AG10 que anuncia :
“É uma nova escola chegando” ...
3.
Conclusões
Inicialmente,
pode ser sinalizada, como um fato positivo,
a acolhida das escolas às solicitações do coordenador do estudo à
presença da pesquisadora auxiliar – Rosane Pires Fernandes Galvão de
Almeida, mestranda em Educação da Universidade Estácio de Sá - no percurso
da investigação, o que favoreceu a aproximação da realidade,
no caso em foco.
No
que diz respeito
aos professores das escolas públicas respondentes,
no percurso da investigação, pode-se concluir que existe
um certo interesse em participar das mudanças geradas pela inclusão das
tecnologias, embora as vozes
dos professores se expressem acerca das dificuldades em se integrar aos
programas, que exigem
disponibilidade de horários já
ocupados com as atividades pedagógicas.
Sob
tal ótica, evidenciou-se, após a análise das falas dos professores, tanto
aspectos favoráveis, quanto aspectos desfavoráveis sobre a entrada das
tecnologias nas escolas , tendo em vista a implementação do PROINFO. Em relação
aos favoráveis fica evidente a ênfase
sinalizada quanto á atualização dos conhecimentos, que se articula com as
possibilidades de ampliação da visão de mundo gerada pelos recursos
“ teleinfocomputrônicos” ( DREIFUSS. op. cit).
Nesse sentido os professores expressam em suas vozes o impacto positivo,
trazido pela introdução da Informática Educativa nas escolas públicas. As
vantagens advindas da familiaridade com a linguagem digital aparecem de forma
integrada com a inserção dos alunos no mercado profissional, que pode ser
favorecida com a aplicação dos recursos telemáticos na sala de aula,
estimulando a interação ensino-aprendizagem, tema freqüente nas vozes dos
professores. Os aspectos desfavoráveis
são assinalados pela preocupação dos professores acerca da exclusão digital,
questão decorrente do insuficiente número de computadores para os alunos. A
utilização das tecnologias da informação e comunicação na escola, pelos
professores, ainda está restrita ao vídeo, e ao computador, para preparação
das aulas.
Nesse
sentido, pode-se concluir que os professores
não se sentem suficientemente preparados
para a utilização dos equipamentos eletrônicos de forma integrada à práxis
pedagógica, alegando pouca disponibilidade de
horários para participar de cursos ou oportunidades para estar presentes
junto aos professores-multiplicadores.
Como
conclusão, consideramos que não
é suficiente que as autoridades legais constituídas estabeleçam decretos e
criem programas, mas é indispensável que, além de abrir espaços para a
preparação dos professores na própria escola,
se viabilizem oportunidades de cursos de Educação a Distância para a qualificação dos professores
das escolas públicas, com vistas
à aplicação das tecnologias nas salas de aula, com incentivos programados, de
forma a favorecer a participação efetiva dos educadores.
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