TRABALHO POR PROJETOS COM
FERRAMENTAS DE CURSOS A DISTÂNCIA
EM CURSOS PRESENCIAIS

 

Ricardo Carvalho Rodrigues
Faculdade Sumaré

ricardo@eadsumare.com.br

(formato doc)

 

 

 

RESUMO
O objetivo deste artigo é discutir a utilização de trabalhos por projetos, no ensino superior, em cursos presenciais, com ferramentas de gerenciamento de cursos a distância. A portaria 2.253 de 18 de Outubro de 2001 prevê a transformação de até 20% da carga horária presencial em recursos a distância.

  

I. O TRABALHO POR PROJETOS

O que pode significar trabalhar por projetos, dentro do processo de ensino-aprendizagem? Quais conceitos precisamos desenvolver para trabalhar por projetos?

As perguntas acima orientam o desenvolvimento do artigo, o qual objetiva, também, promover uma reflexão sobre os materiais e atividades apresentados.

Menciono, a seguir, algumas características de um trabalho por projetos:

 

  1. Aprender com autonomia;

2.      Pesquisar, organizar e sistematizar novas informações;

  1. Participar das definições quanto aos objetivos da aprendizagem.

 

Podemos observá-las, ilustradas abaixo, nas  colocações de três alunos que trabalharam com projetos, recortadas de um artigo publicado na Revista Diga Lá (no23 - dezembro 2001)

 

“A gente aprende a se organizar, a buscar nossos objetivos com as nossas próprias pernas, e acaba aprendendo mais.”

 

“Vi que sou capaz de aprender coisas que eu pensei que não podia sem a ajuda do professor.”

 

“Faz com que as pessoas tenham autonomia para procurar conhecimentos. É bem melhor procurar, pesquisar, do que receber tudo mastigado.”

 

Hernández (2000), organiza uma lista de características de um projeto de trabalho. Nesta lista alguns itens complementam os pontos levantados nas entrevistas apresentadas no artigo citado acima.

 

II. DEFINIÇÃO DO TEMA DO PROJETO EM CONJUNTO COM O  GRUPO

Uma das características do trabalho por projetos é a participação do grupo de alunos nas definições dos objetivos a serem pesquisados. Barthes (1998) coloca a necessidade da relação entre o pesquisador e o objeto de pesquisa como uma relação de paixão: “O trabalho (de pesquisa) deve ser assumido no desejo”. Esta relação só acontece quando o pesquisador se apropria, como sua, da pesquisa. Para que esta relação aconteça, é necessária a participação dos alunos-pesquisadores nas definições das metas do trabalho. Autran (2001) aponta a possibilidade de escolha de qualquer tema para o trabalho, desde que este seja escolhido em comum acordo com o professor e alunos.

Hernández fala sobre a construção da trajetória do desenvolvimento do projeto, durante o projeto, ou seja, “de uma trajetória que nunca é fixa, mas que serve de fio condutor para a atuação do docente em relação aos alunos.” Esta construção dos caminhos a serem percorridos pelo grupo é feita em conjunto entre o professor e os alunos.

Autran (2001) aponta que pode-se escolher qualquer tema para o trabalho, desde que este seja escolhido em comum acordo com o professor e alunos.

 

III. CRIAÇÃO DE UM PROCESSO DE PESQUISA

Neste item cabe relembrar o papel do professor, dentro da abordagem pedagógica em questão, como um mediador entre a informação e o aluno, a partir da qual se dará a construção dos conhecimentos. Assim, Autran fala da transformação do papel do professor, de mero transmissor de informações para um pesquisador de soluções de dúvidas levantadas pelo grupo. Estas soluções não virão somente dele, mas de diferentes fontes de informações.

Para o trabalho por projetos, o professor, juntamente com o grupo, irá buscar e selecionar fontes de informações. Além disso, também precisarão ser definidos critérios para organização e interpretação dessas fontes. (Hernández, 2000)

Tanto a aprendizagem como o processo de pesquisa ocorrerão dentro e fora da a sala de aula, por isso cabe ao professor acompanhar constantemente este processo e o desenvolvimento do projeto como um todo, com o objetivo de criar um ambiente desafiador, com um nível adequado de problematização e interesse do grupo.

Hernández (1998) faz referência ao uso de projetos usados ,profissionalmente, por arquitetos, artistas, e outros profissionais. O projeto é apresentado como um procedimento, que está em diálogo constante com o contexto, as circunstâncias e os indivíduos envolvidos no processo, admitindo-se, assim, que este tenha modificações, em função das variáveis envolvidas.

Da mesma forma que a utilização profissional do procedimento de projetos, este tipo de trabalho em sala de aula deve levar em consideração as diversas variáveis envolvidas no desenvolvimento desta atividade: contextos, conhecimentos prévios, fontes de pesquisa, intervenções do professor, colaboração e interações entre os participantes, etc. Observando-se todas estas variáveis,  é possível supor a riqueza de nuances que o desenvolvimento do projeto poderá trazer para a aprendizagem do grupo. Assim, há que se considerar a importância do processo de desenvolvimento do trabalho, além do produto final gerado.

 

IV. O PROFESSOR MEDIADOR DO PROCESSO

Outra questão, já mencionada anteriormente, é o papel desse professor, que trabalha por projetos. Behrens (2000), citanto Freire,  propõe que as relações dialógicas sejam privilegiadas no desenvolvimento de projetos, permitindo ao professor e ao aluno aprenderem juntos, num processo de ensino-aprendizagem coletivo. Behrens apresenta a relação professor-aluno na aprendizagem colaborativa como proposta de inter-relacionamento e interdependência de seres humanos, visando uma melhor qualidade de vida dos envolvidos e do planeta como um todo. (Moran et all, 2000). Nos parágrafos abaixo, será feita uma reflexão sobre as relações interativas entre professores e alunos.

Inicialmente, quando da definição, em conjunto com o grupo, do tema que será trabalhado, destaca-se a postura desse professor-mediador do processo de aprendizagem e seu próprio processo de aprendizagem. Com o foco na aprendizagem do aluno, a participação do grupo passa a ter um papel importante e, como tal, precisa ser levada em consideração.

No processo de pesquisa do trabalho, o papel do professor é mais que de um pesquisador, que trará ao grupo fontes de pesquisa e informações importantes que irão colaborar com a solução de dúvidas e continuidade do projeto. Além das fontes iniciais do trabalho, seleção, criação de critérios de avaliação, organização e síntese das fontes, o professor precisa continuar suas buscas de novas dúvidas e perguntas dos alunos.

Feitas as pesquisas pelo professor e pelos alunos, cabe agora ao professor estabelecer, juntamente com os alunos, as relações com problemas vividos pelo grupo. Ele vai também trazer os resultados das pesquisas para o cotidiano do grupo, buscando dar sentido e significado e apresentando soluções que se conectarão com novos problemas e temas para pesquisas. (Hernández, 2000)

O professor tem, ainda, uma outra responsabilidade, que é fazer uma retomada de todo o processo de desenvolvimento do projeto, avaliando-se o que foi aprendido durante o trabalho. A preocupação do professor, mais que com os resultados obtidos, é levantar os problemas encontrados, mostrando a importância do que se aprendeu durante a trajetória. (Hernández, 2000)

Em síntese, Hernández (2000) coloca que trabalhar por projetos acarretará o desenvolvimento de um aluno, que participa de um processo de pesquisa, utilizando-se de diversas estratégias, principalmente as que façam sentido para ele. Além disto, este aluno também participará do processo de planejamento da sua própria aprendizagem e, pelos relacionamentos no grupo, reconhecerá o papel de cada um dos participantes, compreendendo seu próprio meio pessoal e cultural.

Autran (2001) define o trabalho por projetos como uma intervenção pedagógica, que parte do princípio que a aprendizagem surge da necessidade da solução de problemas. Já Hernández  apresenta o trabalho por projetos como uma forma de ensino para compreensão, definindo-a como:

 

 “A compreensão consiste em poder realizar uma variedade de ‘ações de compreensão’ que mostrem uma interpretação de um tema, e, ao mesmo tempo, um avanço sobre o mesmo”.

 

O aluno, que trabalha por projeto, será capaz de ir além das informações pesquisadas, reconhecendo que os fatos possuem diversas versões, buscando explicações para solucionar seus problemas e formulando hipóteses sobre esses pontos de vista (Hernández, 2000).

A educação, aqui proposta, deverá possibilitar a este aluno a aquisição de estratégias de conhecimento, que lhe permitam ir além do mundo escolar, da sala de aula, das disciplinas em que estão representados nossos currículos,  indo além dos códigos culturais do grupo social em que está inserido. (Hernández, 1998)

 

V. APRESENTAÇÃO DOS DADOS

 

Serão apresentadas duas disciplinas que trabalharam com projetos nas atividades a distância promovidas pelos professores. As disciplinas fazem parte dos cursos de Administração e Sistemas da Informação, da Faculdade Sumaré.

 

Disciplina:

Economia I e II – Administração

Semestre letivo:

1o e 2o semestres

Semestres oferecidos:

1o e  2o semestres de 2001 - Noturno

Ferramentas utilizadas:

Correio eletrônico, fórum e bate-papo

 

Este professor trabalhou com o desenvolvimento de projetos e com o potencial apresentado pelas ferramentas de comunicação. Foram selecionadas quatro turmas desse professor: no 1o semestre de 2001 – Economia I turmas A e B, e no 2o semestre de 2001 – Economia I e Economia II. O uso do ambiente não se manteve somente no desenvolvimento de atividades a distância, mas também com desenvolvimento de projetos, que contemplaram uma grande integração destas atividades com o trabalho nos encontros presenciais.

 

Uma forma utilizada pelo professor para a utilização das ferramentas disponíveis foi o desenvolvimento de projetos, juntamente com os alunos, conforme descrição do projeto aplicado na disciplina Economia II.

O projeto desenvolvido por esta disciplina tinha por objetivo trazer da realidade vivida pelos alunos, subsídios às discussões em sala de aula, bem como a busca e interpretação de informações na imprensa escrita sobre temas ligados à construção de cenários econômicos.

O primeiro passo no encaminhamento do projeto foi a divisão dos alunos em pequenos grupos, que seriam responsáveis por cobrir meios de comunicação escritos, como revistas e jornais.

Para cada um dos grupos, foi criada uma área de publicação de mensagens, no fórum do ambiente virtual de aprendizagem, utilizado no projeto para a participação de todos os alunos e professor, com o nome da publicação pesquisada.

Durante a semana, entre as aulas presenciais, cada grupo fazia o acompanhamento do jornal ou revista de sua responsabilidade e selecionava as notícias que consideravam importantes na definição do cenário econômico vigente. Essas matérias eram digitadas ou digitalizadas, com o uso de um scanner, e incluídas nas respectivas áreas do fórum, abertas para os grupos. Concomitante à colocação de novas matérias, o professor e os alunos visitavam estas matérias e podiam discutir, criticar e colaborar com outros materiais.

Quinzenalmente, o professor fazia um apanhado dos materiais disponíveis no fórum e trazia, para sala de aula, uma síntese sobre as notícias. Esta síntese era feita tendo em vista os conteúdos trabalhados pela disciplina, que eram então contextualizados e discutidos nos encontros presenciais. Destas discussões eram elaborados outros textos complementares pelo professor e pelos alunos para acrescentar às informações disponíveis.

Além das matérias selecionadas, também eram discutidas as linhas editoriais de cada meio estudado e a quem estava ligado ideológica, política e socialmente.

No decorrer dos trabalhos, cada grupo recebeu um tema para o desenvolvimento de um seminário que foi apresentado no final do curso. Durante a montagem do seminário, os alunos apresentavam textos e comentários sobre o tema, que eram comentados e orientados pelo professor. Alguns grupos desenvolveram páginas na Internet com o tema do seminário.

Na última turma oferecida, foi inserida uma nova variável para provocar as discussões do grupo. Um aluno, que já havia participado da disciplina em semestres anteriores, e que havia se destacado no grupo, foi incluído no projeto, com um nome fictício. O objetivo desse participante era, basicamente, gerar polêmicas que eram discutidas pelo grupo, presencialmente e a distância. Esta participação provocou um encontro via bate-papo virtual, para que todos pudessem conhecer o personagem, que não foi apresentado para o grupo, sendo mantida sua identidade desconhecida.

Uma parte da avaliação proposta pelo professor foi feita com base na participação do grupo, na busca de informações e nos encaminhamentos das discussões, no fórum e presencialmente. Por ser um trabalho em grupo, o professor deu uma nota geral ao grupo, baseando-se no projeto apresentado. Posteriormente, cada grupo discutiu a nota de cada um dos participantes do grupo e essa nota foi enviada para o professor. A nota máxima, que pôde ser dada para cada participante,  foi a nota dada pelo professor para o projeto como um todo.

O professor tinha, aqui, o domínio das ferramentas tecnológicas e de comunicação, o que facilitou muito o uso desses recursos no desenvolvimento de seu trabalho docente. Outro ponto que colaborou foi a contínua participação do professor em encontros com a equipe de suporte técnico e pedagógico, oferecida pela instituição de ensino. Durante esses encontros foi possível planejar formas inovadoras de utilização da tecnologia e propostas de avaliação dos resultados obtidos.

 


Disciplina:

Comunicação e Expressão – Sistemas de Informação

Semestre letivo:

1o semestre

Semestres oferecidos:

1o e 2o semestres de 2001 – Matutino e Noturno

Ferramentas utilizadas:

Correio eletrônico, fórum e bate-papo

 

O uso das ferramentas estudadas foi diferente da primeira disciplina. O professor desenvolveu um projeto com os alunos, com o objetivo de trabalhar os conteúdos pretendidos. Em geral, as atividades desenvolvidas a distância estavam diretamente interligadas com aquilo que era trabalhado nos encontros presenciais.

Foram oferecidas três turmas: duas no 1o semestre de 2001, períodos matutinos e noturnos, e outra no período noturno do 2o semestre de 2001. O objetivo desta disciplina era fazer com que os alunos se comunicassem com linguagem empresarial escrita. Para alcançar os objetivos propostos, a professora desenvolveu uma estratégia em que os alunos seriam organizados em grupos e seriam responsáveis pelo desenvolvimento de sua empresa.

Devido ao fato da utilização das ferramentas de correio eletrônico, fórum e bate-papo estar diretamente ligado às etapas do desenvolvimento do projeto, o levantamento dos dados desta disciplina será feito de forma diferente, no decorrer da apresentação e descrição do projeto.

Inicialmente o projeto seria desenvolvido presencialmente e, após trocas de idéias, ficou resolvida a sua implementação com suporte do programa de gerenciamento de cursos a distância, disponível na Instituição. O planejamento foi definido com a utilização do fórum, correio e bate-papo, além de ferramentas de apresentação em formato de páginas na Internet.

No primeiro momento, a professora desenvolveu o tema com os alunos, que se organizaram para formar os grupos e cada um criou uma empresa, dando nome e desenhando o organograma com os cargos e responsáveis de cada área. Além disso, os grupos precisavam ter claros os objetivos desta empresa, que deveriam ser redigidos. Os nomes, objetivos e organogramas foram publicados para que todos os participantes tivessem acesso aos dados. As empresas criadas abrangiam as áreas de fornecimento de mão-de-obra, alimentação e serviços de informática como: equipamentos, programas, treinamento,  eventos e outros mais.

Na seqüência, o professor pesquisou alguns tipos de documentos empresariais como contrato social, atas, comunicados, etc. Um modelo de cada um dos documentos foi publicado para conhecimento dos alunos que precisaram, então, redigir seus próprios documentos.

Para o desenvolvimento dos documentos da empresa, foram abertas áreas privadas de fórum para cada grupo, nas quais os participantes fizeram as discussões dos documentos que deveriam ser criados.

Feitos os documentos, os grupos simularam o funcionamento das empresas e suas necessidades de aquisição de produtos, serviços, mão de obra, etc. Utilizando-se do fórum de discussão, as empresas precisaram fazer pedidos formais de orçamentos e aquisições dos produtos e serviços fornecidos pelas outras empresas. Toda a comunicação precisaria ser feita por escrito, via fórum, e respeitando a linguagem formal para o contato com as outras empresas, assim como as respostas e orçamentos.

O projeto foi finalizado com o uso do bate-papo, no qual foi simulado um leilão virtual de compra e venda de produtos e serviços oferecidos pelas empresas. Da mesma forma que o fórum, A linguagem formal deveria ser utilizada para as trocas de informação. Depois do bate-papo, todo material foi disponibilizado para que o grupo pudesse ler o material gerado.

Durante todo o projeto, cada empresa criou sua página na Internet, com informações sobre seus produtos e serviços e os documentos escritos pelos grupos. Esta fase do projeto contou com a participação do professor da disciplina de Laboratório de Programação I do semestre, que desenvolveu os subsídios necessários para a criação das páginas.

Finalizando este projeto, todo o material gerado pelos grupos foi utilizado para avaliação dos participantes: documentos gerados, fóruns de discussão, bate-papos, páginas criadas e participação no projeto.

Pelo volume do material gerado na disciplina, é possível supor a grande participação dos alunos no projeto sugerido pelo professor - da criação dos organogramas e objetivos das empresas, passando pela redação dos documentos, até as comunicações entre empresas e suas páginas.

Um outro projeto, de menor porte, também foi implementado pelo professor na turma do 2o semestre de 2001 no período da noite. Com o objetivo de melhorar a leitura e interpretação de textos científicos e acadêmicos, os alunos foram divididos em grupos para esta atividade. Cada grupo foi responsável pela leitura de um capítulo do Livro Verde da Sociedade da Informação, órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Durante o desenvolvimento do projeto, foram abertos fóruns de acesso restrito a cada grupo de alunos. Nesta área, os alunos publicaram comentários sobre a leitura do texto e a montagem da apresentação para a sala, sobre o tema trabalhado. O encerramento se fez com a apresentação de seminários dos temas trabalhados pelos grupos.

A avaliação do professor levou em consideração as apresentações dos alunos e as participações nos fóruns de comentários e montagem das apresentações.

É importante lembrar que o professor não possuía conhecimentos tecnológicos, o que, em alguns momentos, dificultou o andamento do projeto quando era necessária a interferência direta do professor no fórum ou via correio eletrônico. Os problemas foram superados com a participação da equipe de suporte que, junto com o professor, acompanhava o andamento do trabalho a distância. Isso pôde ser notado no uso do correio eletrônico, no qual as mensagens eram respondidas pela equipe de suporte ao professor.

 

VI. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Creio ser imperioso destacar os projetos desenvolvidos e relatados no item anterior, juntamente com os documentos das disciplinas. A forma com que os projetos foram implementados pode ser comprovada nos documentos gerados, que demonstram a participação do aluno na solução dos problemas propostos, as pesquisas realizadas para acompanhar a atividade, a motivação que fez com que centenas de mensagens fossem publicadas nos fóruns e correio eletrônico, e o grande volume de discussões geradas no bate-papo.

No caso da disciplina de Comunicação e Expressão, o professor conseguiu criar um ambiente  de simulação da realidade que refletiu-se na atuação dos alunos. Para ilustrar este fato, gostaria de mencionar que, ao final da disciplina, um dos grupos propôs que as empresas fossem vendidas para os alunos do novo semestre que se iniciava, a fim de dar continuidade ao trabalho. Isso se deve à responsabilidade e cumplicidade desenvolvidas pelos alunos em relação a suas empresas.

Na mesma disciplina, foram desenvolvidas páginas na Internet elaboradas pelos alunos para as empresas criadas.  É importante ressaltar que esta atividade não era prevista no início do trabalho, e coube aos alunos fazerem a proposta e a implementação das páginas. Para isso, os alunos procuraram o professor de outra disciplina, que estava desenvolvendo esse tipo de trabalho.

As mensagens enviadas e os documentos criados são exemplos do interesse dos alunos em cumprir a proposta feita pelo professor para o projeto. Apesar do professor já ter em mente a estrutura básica, esta foi apresentada e homologada pelo grupo que se apropriou da execução.

O mesmo poderia se dizer da disciplina 4: o número de mensagens demonstra a participação do grupo durante o projeto. O projeto de Clipping de Economia possibilitou ao grupo descobrir a importância da leitura de jornais e revistas no processo de criação de profissionais para uma nova sociedade. As discussões naturais e provocadas foram motivo de novas mensagens e grandes debates no presencial.

Quando perguntado sobre as competências que desejava desenvolver nos alunos, o professor citou as relativas à sua disciplina e, ao final do projeto apontou ainda outras obtidas e que, embora não tivessem sido previamente estabelecidas, são essenciais na formação de um novo cidadão - a leitura crítica da mídia, seleção das informações publicadas, organização das idéias e o desenvolvimento do hábito de leitura.

As diversas atividades desenvolvidas nas disciplinas estudadas foram de muita importância no processo de ensino-aprendizagem, mas o trabalho com projetos possibilitou uma estratégia ainda mais ampla e inovadora, que envolveu o aluno não só na execução, mas também no processo de planejamento das atividades.

 

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