Programa de Nivelamento de Matemática da Universidade Anhembi Morumbi

ABRIL/2004

 

Alexandre Marcos de Mattos Pires Ferreira
Fábio Laurenti
Suely Trevizam Araújo

Programa de Nivelamento de Matemática

 

Resumo
O artigo relata a experiência da Universidade Anhembi Morumbi em relação a implantação do Programa de Nivelamento de Matemática (PNM). O objetivo desse artigo é explicitar os motivos que levaram à sua implantação do programa e como ocorreu o seu processo de estruturação. O Programa teve como modelo de ensino á Educação a Distância.

 


1. Introdução

É notório que a realidade educacional brasileira atual está em crise em todos os seus níveis, mas principalmente no ensino médio, tendo como reflexo a má formação universitária. Esse fato nos leva a refletir sobre formas de melhorar a qualidade do ensino e, conseqüentemente, diminuir a desigualdade social.

Preocupado com essa situação, o Governo Federal instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em 1990. Ele tem como objetivo “apoiar municípios, estados e a União na formulação de políticas que visam à melhoria da qualidade do ensino” (INEP,2004). O Saeb é aplicado em dois em dois anos, participam dessa avaliação alunos do ensino fundamental (4ª série e 8ª série) e do ensino médio (3ª série), as provas são compostas das disciplinas Língua Portuguesa e Matemática.

Através dos últimos dados divulgados pelo Saeb, podemos verificar que:

Dos estudantes brasileiros da 3ª série do ensino médio, na disciplina de Matemática, 62,6% foram classificados no estágio crítico e outros 4,8% no estágio muito crítico do aprendizado. No total, 67,4% dos alunos têm desempenho muito abaixo daquele desejado. No Brasil, no estágio considerado adequado para essa disciplina estão somente 6% dos alunos (INEP, 2003).

Com base nesses dados, conseguimos entender o motivo pelo qual os alunos que ingressam no ensino superior possuem muitas dificuldades em acompanhar os cursos universitários, principalmente, aqueles que tem como base a disciplina matemática. Por isso, a Universidade Anhembi Morumbi, que tem como missão “contribuir para a construção de um mundo melhor, produzindo conhecimento e formando talentos criativos e empreendedores, capazes de ter sucesso em sua vida pessoal, social e profissional” (UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI, 2004), através do Curso de Matemática, instituiu o Programa de Nivelamento de Matemática, em 2003.

 

2. Programa de Nivelamento de Matemática

>>> Apresentação:

A matemática permite, nas mais variadas áreas do conhecimento, como Engenharia, Química, Economia, Computação, entre outras, a análise sistemática de modelos que permitem prever, calcular, otimizar, medir, analisar o desempenho e performance de experiências, estimar, proceder análises estatísticas e, ainda, desenvolver padrões de eficiência que beneficiam o desenvolvimento social, econômico e humanístico dos diversos países do mundo. Para o estudante aprender estes diversos métodos que são abordados no curso de Cálculo, Estatística, Matemática Financeira, entre outras, é necessário, primeiramente, que o mesmo tenha alguns conhecimentos básicos de Matemática.

Como já ressaltado, na introdução, os alunos que ingressam no ensino superior possuem uma defasagem muito grande no que diz respeito disciplina de matemática. Por isso, conscientes do problema e, na tentativa de ameniza-lo, entre outras medidas desenvolvidas pelos professores da própria Instituição, a Universidade Anhembi Morumbi instituiu o Programa de Nivelamento de Matemática (PNM) para os alunos ingressantes.

O PNM teve como modelo de ensino a EAD, isto é,

[...] uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação (Decreto 2.494, de 10.02.1998),

O PNM foi planejado da seguinte forma:

>>> Objetivos:

Geral:

Específicos:


>>> Público Alvo:

Todos os alunos ingressantes nos cursos de Graduação da Universidade Anhembi Morumbi que tenha matemática como base para seu desenvolvimento.

>>> Metodologia:

A metodologia adotada para o PNM é seu maior diferencial, já que através do EAD via internet reduz o custo, possibilita a atualização rápida dos conteúdos e, também, soluciona o problema da falta de tempo do aluno, pois possibilita o acesso às aulas no horário e local que melhor lhe convém.

O PNM contou com dois professores tutores e oito alunos monitores (alunos do Curso de Matemática), o material didático utilizado foi desenvolvido por meio de um sistema de módulos, isto é, dois módulos de 4 aulas cada um, nos quais o conteúdo está abaixo relacionado:

Primeiramente os alunos ingressantes fizeram uma avaliação diagnóstica, presencial, em seguida receberam as instruções necessárias para o uso da ferramenta blackboard e então iniciaram os módulos on-line. Uma vez por mês houve um plantão de dúvidas e a Instituição colocou a disposição dos alunos a Clínica de Matemática, para dar apoio ao Programa de Nivelamento de Matemática.

É importante ressaltar que os alunos foram compulsoriamente inscritos no PNM, esse sendo de acordo com Moran (1994) um curso livre a distância, isto é, um curso referente a atualização do aluno ingressante, com direito a certificação.

>>> Divulgação:

A divulgação foi feita através de uma carta entregue no dia da avaliação diagnóstica, cartazes fixados nas salas de aula, no site da Universidade Anhembi Morumbi (na página dos calouros), no mural (da ferramenta blackboard) e, também, através de e-mail.

>>> Avaliação:

Ao término de cada aula do módulo foram realizadas avaliações, on-line, que serviram como parâmetro para uma análise do aproveitamento do curso pelos alunos ingressantes.

>>> Certificação:

O aluno ingressante participante do PNM que completou 75% das atividades propostas recebeu a certificação.

 

3. Conclusão

O PNM é uma idéia nova no campo do ensino universitário, utilizando como modelo o EAD, que não é uma nova forma de ensino, mas que todos nós sabemos que não foi muito explorada ainda, mas com a crescente evolução dos meios tecnológicos de comunicação deverá ser o futuro da educação.

Com certeza o PNM não é a solução mágica para resolver o problema da crise educacional da educação brasileira atual está passando, mas é uma saída para que possamos melhorar a qualidade da formação profissional dos nossos alunos da Universidade Anhembi Morumbi.

Sendo o primeiro semestre de vida do PNM, conseguimos concluir que os alunos ingressantes estão ávidos à sanar suas deficiências de pré-requisitos em relação a disciplina matemática, por isso, podemos afirmar que o PNM foi bem aceito pelos alunos.

Vale ressaltar que houve várias conquistas com o PNM, isto é, o aluno começou a mudar sua atitude em relação ao processo ensino – aprendizagem, pois ele começou a ter mais autonomia no que diz respeito a busca de conhecimento, mas, também, aconteceram problemas de ordem operacional tais como, a ferramenta blackboard não suportando a quantidade de acessos que o PNM acabou gerando, mas isso também é um indicador de que os alunos acessaram as aulas.

Portanto, o PNM acabou alcançando seus objetivos e foi ampliado, no primeiro semestre de 2004, passando a chamar Programa de Nivelamento Integrado de Português, Informática, Inglês e Matemática e essa nova forma de melhoria da qualidade do ensino superior será descrito numa próxima oportunidade.

 


BIBLIOGRAFIA

INEP, 2004, http://www.inep.gov.br/basica/saeb/

INEP, 2003, http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/saeb/news03_16.htm

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI, 2004, http://www2.anhembi.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=35

MORAN, José Manuel. Novos Caminhos no Ensino à Distância. In: Informe CEAD Centro de Educação a Distância. SENAI, Rio de Janeiro, Ano 1, nº 5, out/nov/dez, 1994.
PETERS, Otto. Didática do ensino à distância. São Leopoldo: Unisinos, 2001.

CAMPOS, Fernanda C. A. Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro:DP&A,2003.

JAHN, Ana Paula. Educação a distância e os desafios de uma proposta baseada na mediação pedagógica e na aprendizagem colaborativa. São Paulo: S.C.P., 2001.