FORCHAT: AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM

Abril/2004

 

Clóvis Leopoldo Reichert
Núcleo de Educação a Distância – (NEAD/SENAI-RS)
Pós-Graduação em Informática na Educação (PPGIE)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
reichert@dr.rs.senai.br

Deise Juliana Francisco
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões (URI)
Pós-Graduação em Informática na Educação (PPGIE)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
dfrancis@urisan.tche.br

Glaucio José Couri Machado
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e Missões (URI)
Pós-Graduação em Informática na Educação (PPGIE)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
gcmachado@hotmail.com

Janete Sander Costa
Pós-Graduação em Informática na Educação (PPGIE)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
jtscosta@terra.com.br

Mary da Rocha Biancamano
Pós-Graduação em Informática na Educação (PPGIE)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
mary@tj.rs.gov.br

 

Tema: D – Educação a Distância nos Sistemas Educacionais
Categoria: 2- Educação Universitária

Resumo
O artigo discute a educação a distância e a possibilidade de constituição de ambientes virtuais de aprendizagem baseados em trabalho cooperativo, com suporte computacional. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo estudo de caso sobre a utilização de uma ferramenta de comunicação on-line (ForChat) em disciplina a distância em nível de pós-graduação, com a participação de 40 alunos oriundos de diversos estados do Brasil. Apresentam-se subsídios sobre as concepções relativas à disponibilização de recursos que viabilizem a interação e as trocas cooperativas para a construção do conhecimento a distância, bem como as estratégias pedagógicas e de uso do suporte tecnológico para a promoção da interação e da aprendizagem. A ferramenta é apresentada e os dados são discutidos a partir da teoria de Bakthin e do recorte de comunidade, ressaltando a construção de sentidos e autoria em ambientes virtuais de aprendizagem.

Palavras-chave:
Aprendizagem - educação a distância – comunidade virtual – sentido e autoria

 


1. Introdução

Castells (2000) discute a sociedade em rede, diferenciando-a de outras organizações sociais. Uma característica importante de tal sociedade é o estatuto que a informação tem nela. No modo de desenvolvimento denominado de informacionalismo, no qual vivemos hoje, a fonte de produtividade está na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e de comunicação de símbolos. Cada modo de desenvolvimento é efeito de relações entre as esferas dominantes da sociedade, a tecnologia e as relações técnicas de produção e produzem não só elementos para compra e venda, mas difundem-se no conjunto de relações e estruturas sociais, imiscuindo-se nas relações de poder e na experiência. A forma específica de organização social em que a geração, o processamento e a transmissão da informação tornam-se as fontes fundamentais de produtividade e poder é estruturada sob a forma de redes.

 

2. Educação a Distância

No Brasil, a legislação (Decreto nº 2494 de 10/2/1998) define a Educação a Distância (EAD) como forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos meios de comunicação, dando destaque a elementos de abertura à democratização do ensino e autonomia do indivíduo.

Sendo assim, a EAD pode utilizar-se de diversas mídias de suporte. No caso do uso da Internet e da WWW, várias são as propostas de plataformas educacionais disponíveis (AulaNet, Teleduc, WebCT, WebAula, Learning Space e outros). Também são vários os desafios que se apresentam, uma vez que existe grande potencial na tecnologia telemática para ultrapassar limites, romper barreiras temporais, espaciais e estruturais. A partir de tal tecnologia podem-se criar, manipular e transformar informações, construindo conhecimento. Isso a partir da exploração das possibilidades do espaço virtual onde pessoas pesquisam, trocam experiências, se inter-relacionam, compreendendo esses espaços tecnológicos como espaços de processos de ensino-aprendizagem.

No caso do Brasil, especificamente, a efetividade e eficácia de um programa de EAD devem levar em conta a realidade brasileira: dimensões continentais, necessidade de formação e aperfeiçoamento dos profissionais das mais diferentes áreas, escassez de recursos financeiros e recursos humanos qualificados, além de problemas sociais, políticos e econômicos para os quais se vislumbra soluções somente a longo prazo. No âmbito pedagógico, há de se ter clareza com relação à pedagogia de base para o desenvolvimento e uso dos recursos informáticos, a fim de se trabalhar efetivamente na construção da cidadania, autonomia e democratização do conhecimento.

Neste sentido, em ambientes informatizados deve haver a disponibilização de recursos que viabilizem a interação e as trocas cooperativas para a construção do conhecimento, independentemente de área específica de atuação.

Peters (2001, p. 97) realça que a proposta do estudo autônomo é conhecida há muito na teoria e na prática; em contraposição, os tradicionais procedimentos didáticos expositivos referem-se a um estágio passado da sociedade e são grosseiramente inadequados:“Em relação às universidades com presença isso vale especialmente para as preleções, em universidades a distância em relação aos cursos de ensino a distância preparados em detalhes. O estudo autônomo, ao contrário, parece corresponder às tendências do tempo e estar aberto para o futuro.”

Os indivíduos que buscam cursos a distância para atualizar, qualificar e/ou complementar sua formação podem apresentar certas especificidades: maior experiência de vida e profissional; estudo em tempo parcial, paralelo a atividades laborais, sociais e familiares; busca de ascensão social; qualificação e idade média superior a dos estudantes de cursos regulares presenciais (Peters, 2001).
Conforme Aragon e Maraschin (1994), ambientes de aprendizagem são locais não necessariamente geográficos que oportunizam a realização de experimentações cognitivas e pesquisas, implicando ludicidade, manipulação de objetos do ambiente, perturbações, bem como interação com outros sujeitos. Tais ambientes, mediados pela telemática, enriquecem o estabelecimento de canais de comunicação, apropriação ativa das informações, baseada em explorações e construção cooperativa de conhecimento por meio das interações de grupos virtuais.

Dentre as mudanças oportunizadas pela rede, por meio da intervenção ativa dos participantes no manuseio de inúmeras fontes de referência, identifica-se um crescimento na autonomia do indivíduo para a construção do próprio conhecimento. E essa construção não-linear, não-seqüencial – viável por sistema de hipertexto e hipermídia – requer dos instrutores/professores cuidado especial com planejamento, desenvolvimento e avaliação de programas de educação a distância.

No âmbito da educação, as experiências de uso de recursos informatizados têm sido estudadas (lista de discussão, chat e fórum) e apontam para a emergência de uma escrita auto-narrativa e autopoiética, centrada na experiência pessoal e grupal da comunidade virtual, na constituição de vínculos afetivos entre os participantes e na potencialidade desagregadora e reflexiva oportunizada pelos recursos informáticos e por sua forma de uso a partir de proposta pedagógica baseada no desenvolvimento de autonomia para tomadas de posição e de decisão e na construção do conhecimento.

 

3. ForChat

O Software “ForChat” é uma ferramenta de comunicação que pode ser utilizada por aprendizes e professores de vários níveis de ensino, em qualquer área do conhecimento, sempre que o objetivo for a interação dialógica (argumentativa, narrativa, expressiva, contratual), de caráter teórico conceitual-metodológico ou de caráter estético-ficcional, em que todos os participantes se encontram em posição de interlocução, por meio da escrita autoral. Situa-se entre um fórum, um chat e um quadro mural:

“...feito para conversar, o Forchat provê que os interlocutores fiquem o tempo todo imersos no próprio texto em construção, sem dele tomar distância, na medida em que os formulários de edição de texto ficam sempre expostos e disponíveis no mesmo espaço do texto já editado; o Forchat é, no entanto, mais do que um chat, é também um fórum, na medida em que se constitui mediante uma memória, a qual se apresenta visível e evidente a todo e qualquer movimento de resgate de registros, que podem ser procurados, mas também postados quando de sua edição, tanto por ordem cronológica quanto por ordem de posição (não-linear); os registros podem ainda ser recuperados a partir do nome de cada participante-autor, podem também apresentar tratamento estatístico em termos de freqüência. Finalmente, o ForChat traz de ferramentas como o quadro mural, e também do chat, a idéia de desregulamentação de tópicos hierárquicos, instaurando a simultaneidade das temáticas e horizontalidade das relações heterárquicas entre eles, desfazendo qualquer sentido de prioridade, de estabelecimento, de maior ou menor relevância no tratamento dos mesmos”. (AXT et al., 2003, p. 257)

Do ponto de vista da programação, o Software “ForChat” é uma ferramenta de comunicação que viabiliza o intercâmbio de informações em formato de lista de discussão, dispondo, entretanto, de todos os registros on-line. A estrutura do software baseia-se no armazenamento de mensagens em um banco de dados MySQL, ordenadas por meio de uma página em PHP para posterior exibição em um browser. Os usuários possuem um cadastro único (orientadores têm direitos adicionais) e o acesso ao sistema é permitido apenas a estes. Isto permite que o programa armazene no banco de dados a mensagem, seu remetente e o momento exato do envio.

O programa também efetua o ordenamento das mensagens seguindo uma estrutura de cadeia, de tal forma que dentro do banco de dados cada uma recebe um identificador único e aponta para o identificador da próxima mensagem. A visualização padrão das mensagens obedece ao ordenamento preestabelecido. Adicionalmente existe a opção de visualizá-las por ordem cronológica.

As informações armazenadas (mensagem, usuário, data e horário) possibilitam a criação de um registro, onde pode se fazer o acompanhamento individual em tabelas de horários divididas por semanas, amparando os orientadores em sua metodologia de trabalho avaliativo e de intervenção, contemplando ainda possibilidades de avaliação cooperativa e auto-avaliação, na medida em que os alunos/usuários têm acesso ao seu próprio desempenho, tanto em termos quantitativos, quanto no que refere à extração de todas as contribuições por ele efetuadas, ao longo do tempo, com vistas à sua análise. Aos usuários é permitido acessar apenas seu próprio registro, enquanto que orientadores têm acesso a qualquer registro.

O ForChat produz, por simulação, em meio à aparentemente caótica produção de textos/mensagens/sentidos/significações, as condições para a experimentação e vivência de novos desafios. A aprendizagem e a construção do conhecimento são constatadas por meio do texto coletivo e na auto-avaliação (Memoriais de Conceitos) que cada integrante desenvolve. Esses textos avaliativos permeiam o coletivo, em construção pelo grupo, buscando conceitos em geração e circulação.

Os Memoriais de Conceitos são textos individuais publicados em formato HTM. Estes são alocados no interior da plataforma e disponíveis a todos os integrantes do grupo. São característicos da intervenção no contexto coletivo, implicando pela própria intervenção a reflexão avaliativa da trajetória teórico-conceitual: é o espaço da autoria. Nesse momento, sobressai do aparentemente anárquico desenvolvimento do texto coletivo a coerência do conceito em construção, conceito este multifacetado, sem limites claros e definitivos, polissêmicos e polifônicos.

 

4. Diálogo

Bakthin traz uma noção de construção de sentido que pode ser capturado como operador para pensar o uso das redes digitais. Para ele, o sentido se dá na própria possibilidade de conversar, de construir conhecimento, mundos partilhados efetuados no entrecruzamento de tempos e de narrativas. O sentido se dá a partir de construções, partilhas, disputas constituídas em articulação com os gêneros do discurso, ampliadas e constrangidas pela cultura e pela grande temporalidade: “Um sentido revela-se em sua profundidade ao encontrar e tocar outro sentido, um sentido alheio; estabelece-se entre eles como um diálogo que supera o caráter fechado e unívoco (...). (Bakhtin, 2000, p. 368). Assim, o sentido não se dá isolado, se dá em relação.

Sentido aqui é entendido como algo que se constitui a partir das relações, dos entrecruzamentos, no entre: sentido vinculado ao discurso que é polifônico, composto de muitas vozes e aberto às bifurcações, que força os sujeitos à filiação e também ao deslizamento. Assim, a comunicação humana é aparente, não se dá como um presente ou uma dádiva; dá-se através da presunção de acompanhamento do mesmo discurso e por uma ilusão de entendimento. “O sentido não existe sozinho (solitário). Por isso não pode haver um sentido primeiro ou último, pois o sentido se situa sempre entre os sentidos, elo na cadeia do sentido que é a única suscetível, em seu todo, de ser uma realidade” (Bahktin, 2000, p. 386).

Para Bakhtin(2000), há uma desencarnação das individualidades, existindo diálogos polifônicos e não sujeitos.

 

5. O caso e seus desdobramentos

O estudo de caso em análise neste artigo trata de uma disciplina realizada em curso de Pós-graduação, como o foco na discussão teórico-vivencial sobre ambiente virtual de aprendizagem, as interações ocorridas no mesmo, as ferramentas de intervenção bem como mecanismos de avaliação coerentes com a prática e objetivos da ação pedagógica.

Foram sujeitos da disciplina 40 alunos de diversos estados do Brasil (do Rio Grande do Sul ao Acre). A disciplina transcorreu no tempo de um semestre. Ao final, foram avaliados a estrutura, mecanismos de avaliação e interação ocorrida no ambiente. Três elementos são trazidos para a análise do caso, a partir da análise dos operadores de mediação do diálogo na disciplina:

  1. Mediador: a disciplina contou com uma professora responsável, porém a função da mediação foi circular, sendo ocupada por diversos alunos, alternadamente. Assim, possibilitou a vivência de caos e de organização dentro do caos, implicando formas de relacionamento não direcionadas a um suposto mediador das discussões e apontando para a constituição de um diálogo em que os sentidos foram sendo construídos (Bakhtin, 2000).
  2. Coletividade: Num primeiro momento houve susto que ocorreu aos participantes ao perceberem que sua escrita advinha de um crescente em que as várias vozes do discurso e dos demais colegas constituíam a letra mesma da escrita (seja no aparecimento de palavras/expressões que outros utilizavam, seja na utilização da forma de outro pensar/escrever). Assim, colocou-se em ato a idéia de coletividade sem a pertença física, tendo em vista que muitos participantes não se conheciam presencialmente.
  3. Diálogo: o diálogo ocorria na manifestação dos sujeitos no ambiente, ora ocorria iniciando uma conversa, ora, continuando do ponto onde ela já estava. Nenhum participante tinha a obrigação, formal, regulamentar, de participar dos diálogos, mas eles foram surgindo e os sujeitos se encaminhavam para os grupos dialogais que lhes proporcionavam maiores significados.

As mensagens constantes no Forchat se atualizavam em velocidade acelerada, sendo que o número de participantes se traduzia em várias falas, respostas medidas em páginas, possibilitando um ir-e-vir no tempo das próprias mensagens anteriores, constituindo uma comunidade mediada e presa à escrita e, além disso, na vivência de uma experiência pedagógica descentrada da figura do professor e na aposta na autoria da produção.

A experiência possibilitou a vivência em espaço virtual que atuou no sentido do desmanchamento das fronteiras (geográficas, profissionais, teóricas, individuais) e na abertura de sentidos, demonstrando a viabilidade de espaços em educação que descaracterizam a função de veicular informações pelo professor. E também na constituição de um fazer em educação que saia da transmissão de informações e apostasse na construção de modos criativos de conhecimento (Francisco & Machado, 2000). A abertura de sentidos se dá no re-pensar e refazer o acontecer da educação na contemporaneidade.

As respostas dos participantes no decorrer do curso começaram com a incredulidade ocasionada pelo caos aparente, já que o único veio condutor da disciplina era embasado em textos e esses textos deveriam ser discutidos no ambiente. Os alunos liam os textos colocados na ferramenta para download ou buscavam a partir, de uma bibliografia previamente anunciada, indo para o ambiente comentar. Porém, não havia uma pergunta inicial e isso, criava nos alunos uma sensação de estranhamento, já que não havia uma lógica imposta. Aos poucos, os próprios participantes iam dando sentidos a esse “caos” inicial e organizavam os diálogos de forma própria.

Essa atividade proporcionou um tipo de aprendizado coletivo que, inclusive, servia para organizar a lógica das discussões no ambiente, proporcionando, assim, uma escrita colaborativa e coletiva em vários aspectos. E do caos aparente, surgiu um ambiente propício para o diálogo, auto-organização e aprendizagem.

Na narrativa/no discurso de sua própria prática para si e para seus pares, o indivíduo – por si mesmo tomado como referência – torna-se preso em uma relação especular em relação aos demais integrantes do grupo, o que exige propostas concretas de desenvolvimento de leituras para o avanço da construção conceitual. Cada um, e o grupo, trazendo contribuições teóricas e práticas, além do docente responsável pelo curso; cada um e o grupo, expressando-se e escutando, e novamente expressando-se, num processo de “autoria e co-autoria se fazendo no ato, em tempo real. (...) Nesta nova produção, perdem em importância as posições de suposto saber do professor, há deslocamentos dessas posições, o suposto saber é posto em circulação, deixa de ser propriedade para se constituir na, e como, relatividade.” (AXT et al., 2003, p. 259).

 

6. Considerações finais

Assim, em ambiente virtual de aprendizagem, busca-se provocar encontros entre pensamentos, viabilizando experiências de aprendizagem de natureza cognitivo-conceitual, supondo-se que o viver-experimentar em que o indivíduo, em meio a um turbilhão de palavras de ordem, fragmentos de frases, de teorias e práticas, juntando o disjunto, acoplando-se e criando zonas de tensão, que atualizam proposições e constroem conceituações, segundo Axt et al. (2003). As relações transcorrem em uma não-presença física, num universo sem referência estável em que as afinidades não mais se relacionam com traços identitários (gênero, classe social, religião, opção sexual, etnia/raça) situados geograficamente, mas sim com outros apelos: “a virtualização reinventa uma cultura nômade”, afirma Lévy (1996, p. 18).

O papel do professor como facilitador/mediador do processo tem necessidade de poder “restaurar condutas e vínculos” por intermédio de ferramentas que possibilitem a visualização/percepção de comportamentos gestuais, paralingüísticos e verbais/não-verbais, de forma a conhecer e manter a organização do ambiente com seus diferentes integrantes.

O discurso cria, nomeia, hierarquiza, atribui valores, distribui significados e, por aquilo que ele anuncia e por seus aparatos, imprime modos de conhecer e de reconhecer-se. Assim, o próprio uso dos recursos informatizados constituiu-se num campo discursivo, constituído numa arena de disputa de sentidos.

A relação de tensão, interlocuções, reflexões, em diferentes intensidades existentes no ambiente interativo do ForChat, “convida” os integrantes do grupo a deixarem-se conduzir a construções inesperadas, deslocamentos desordenados, alcançando a construção coletiva e simultânea de novas significações.

Por seu turno, o impacto das tecnologias da informação e da comunicação na sociedade transformou profundamente a natureza do trabalho e a organização da produção, possibilitando a descentralização das tarefas e sua coordenação em rede interativa em tempo real, desprendida de tempo e espaço. Em meio à dinâmica do novo sistema de trabalho, com real benefício para a vida social e familiar, fortalecendo a flexibilidade de horários e locais de trabalho, redefinindo-se processos de trabalho, o emprego e a estrutura ocupacional.

Esse veio de mudança também está presente na lógica educacional. Ultrapassar a territorialidade, as noções de tempo e espaço da escola/universidade/organização são fundamentais para que o ensino esteja na mesma sintonia das necessidades impostas por essa “nova sociedade”. Com isso, novos deslocamentos, novas formas dialogais, novas possibilidades de ensino-aprendizagem devem ser levadas em conta para que o educando se sinta sintonizado ao seu tempo e às necessidades que ele cria.

 


Referências

AXT, Margarete e ELIAS, Carime Rossi. Autoria coletiva, ambientes virtuais e formação: de quando a aprendizagem reverbera o acontecimento. In Psicologia e Educação : Multiversos, Sentidos, Olhares e Experiências. MARASCHIN, Cleci et all. (orgs.). Porto Alegre : Ed. Ufrgs, 2003.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

DECRETO n.2.494 de10/2/1998 Disponível em <http://www.mec.gov.br/sesu/ftp/decreto/d_2.494.doc>, data de acesso: 03/01/2004

FRANCISCO, Deise Juliana; MACHADO, Gláucio José Couri. Informática e educação : caminhos e percalços. Workshop: informática na educação : uma nova abordagem educacional. Passo Fundo : GESEPE, 2000, p. 113-119.

LÉVY, Pierre. O que é o virtual. Rio de Janeiro : Ed. 34, 1996.

PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo : UNISINOS, 2001.