AVALIAÇÃO PROCESSUAL E FORMATIVA NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

 

Regina Lúcia Sartorio Marinato de Resende
Diretoria de Ensino da Marinha – reginamarinato@piraque.org.br

 

Tema C - Sistema de Gestão de Educação à Distância
Categoria 3 - Educação Corporativa

Resumo
A avaliação na Educação à Distância – EAD precisa ser repensada e planejada com base nas teorias contemporâneas da aprendizagem, buscando a definição de métodos, técnicas e instrumentos que contemplem todo o processo de aprendizagem e considerem o desenvolvimento individual do aluno. Esse trabalho aponta a função formativa da avaliação, onde através do acompanhamento das atividades avaliativas desenvolvidas pelo aluno durante o processo de aprendizagem, o professor/tutor possa considerar a construção do conhecimento de cada aluno e permite reorientar o percurso do ensino e da aprendizagem.

Palavras-chave:
avaliação formativa e processual; instrumentos de avaliação; processofólio; retroalimentação; educação à distância.

 


Avaliação no EAD

A avaliação tem diferentes funções as quais podem ser consideradas com posturas antagônicas e complementares. A avaliação somativa é considerada como um ponto de chegada, que se destina, por exemplo, a informar aos interessados a situação do rendimento da aprendizagem. Já a avaliação formativa é um ponto de partida, útil para a assimilação ou retificação de novas aprendizagens, sendo ideal numa avaliação continuada, possibilitando ao professor gerir e organizar situações didáticas de aprendizado, identificando eventuais necessidades de correção de rota. Quanto à avaliação diagnóstica, pode ser utilizada no início de um curso ou disciplina, para identificar os conhecimentos dos alunos quanto aos conteúdos que serão ministrados, de acordo com Hadji (2001).

No planejamento dos cursos na modalidade de EAD é necessário atentar para a definição de instrumentos, métodos e técnicas de avaliação que não atendam apenas à função classificatória, geralmente restrita ao final do processo, pois uma avaliação exclusivamente somativa pode dificultar a retomada de conteúdos não compreendidos, devido a redução ou a falta de contatos presenciais, podendo levar a alguns fracassos.

A avaliação, conduzida como uma parte do processo ensino e aprendizagem, deve considerar aspectos quantitativos e qualitativos como complementares na avaliação, buscando o diagnóstico das dificuldades e dos progressos no processo educativo, como forma de reintegrar o aluno na rota da aprendizagem, através de diferentes formas de avaliar. Uma avaliação deve contribuir para o êxito do ensino, para a construção de saberes e competências pelos alunos.

De acordo com os objetivos, o conteúdo, o grau de dificuldade do curso e a população alvo, deverá ser planejada uma avaliação que atenda a diferentes níveis de aprendizagem, desde os níveis de conhecimento e compreensão até os de análise, síntese e avaliação.

Ao se pretender um modelo que considera a aprendizagem a partir da construção do conhecimento, deve-se entender a avaliação, segundo concepções construtivistas como “eixo de auto-aprendizagem” (Piaget), que se relaciona tanto com o professor e o aluno, como com os métodos e técnicas utilizadas.

Um processo de avaliação fundamentado num paradigma construtivista:

“... se situa e desenvolve a partir de preocupações, proposições ou controvérsias em relação ao objeto de avaliação seja ele um programa, projeto, curso ou outro foco de atenção (...) sugere que os resultados de qualquer estudo ou avaliação se explicam pela interação entre observador e observado metodologicamente, (...) rejeita a abordagem de controle manipulativo experimental (...) e o substitui por um processo hermenêutico dialético, o qual aproveita ao máximo, a interação observador/observado para criar construções, o melhor possível, em determinada situação e no tempo apropriado”. (PENNA FIRME, 1994 p.8)

Esse trabalho propõe que na EAD deve-se privilegiar a avaliação processual ou formativa. No entanto, definir a função da avaliação envolve questões mais amplas, relacionadas à intenção do avaliador, podendo ser colocada a serviço da aprendizagem ou ser usada apenas como uma engrenagem de seleção, orientação e controle. Nas palavras de Hadji: “...uma prática – avaliar – deve tornar-se auxiliar de outra – aprender (...) na medida em que se inscreve num projeto educativo especifico, o de favorecer o desenvolvimento daquele que aprende...”. (2001, p. 15, 19,20)

Estamos então diante de um grande desafio: como avaliar nossos alunos, nessa concepção de ensino e aprendizagem?

A avaliação deve ser planejada de modo a que se considere tanto o processo em si quanto o seu resultado, ou seja, os produtos dessa aprendizagem. Deve levar em conta o processo em construção e não apenas o seu produto acabado, quando já não há possibilidade de interferências e da busca de alternativas àquela aprendizagem. Um processo, em que o aluno esteja produzindo, elaborando e reelaborando idéias, pensamentos e conhecimentos, expressando-os, questionando as informações recebidas, experimentando, criando, recriando e aplicando, deve ser utilizado em todas suas possibilidades para a avaliação.

As mudanças nas concepções sobre ensino e aprendizagem ocorridas na última década produziram repercussões importantes nas novas visões e práticas da avaliação:

“... da preocupação sobre como recordar informação, passou-se ao interesse sobre como transferi-la a outras situações;... de saber aplicar fórmulas previamente aprendidas ou memorizadas para resolver problemas, passou-se à necessidade de planejar-se problemas e encontrar estratégias para resolvê-los;... a importância dos resultados se transformou no interesse pelos processos da aprendizagem dos alunos;... a valorização da quantidade de informação, da recitação de memória e da erudição está dando lugar a destacar a importância do saber como capacidade para buscar de forma seletiva, a ordenar e interpretar informação, para dar-lhe sentido e transformá-la em conhecimento”. (HERNANDEZ, 1998 p.97)

A utilização de procedimentos alternativos de avaliação, em substituição aos tradicionais deve nortear aqueles que desejam realizar o acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem como um todo, na busca de utilizar instrumentos de acordo com os avanços e possibilidade da educação. Esses procedimentos devem considerar as atividades de avaliação, devendo ainda estar relacionados com a prática pedagógica adotada.

Algumas características da metodologia de EAD precisam ser consideradas e alguns cuidados devem ser garantidos, na definição do processo de avaliação e da busca de alternativas que levem à escolha dos melhores instrumentos.

Existe maior liberdade nos processos de avaliação, o que também produz novos desafios, como a credibilidade, por exemplo. Como teremos “garantias” num processo de avaliação que ocorre sem a “vigilância" do professor? Com será a legitimação desse processo?

“... a avaliação ocorre ao longo dos processos; é diversificada, já que há muitos ambientes de interação; é mais centrada na pessoa, e a prática da auto-avaliação é, muitas vezes, a melhor opção para estudantes interessados em verificar seu próprio rendimento (...) a legitimidade da EAD deverá ser conquistada através de estratégias inteligentes, que envolverão testes on line, acompanhamento personalizado e novos conceitos de avaliação, na qual passem a ser medidas mais do que a memória e a assimilação de conteúdos, as competências desenvolvidas ao longo do processo”. (RAMAL, 2001, p.14-5)

É preciso dar a credibilidade necessária, para que haja uma comprovação daqueles que concluíram um curso através dessa modalidade, uma vez que a cobrança quanto à sua preparação poderá ser até maior que em relação àqueles que o fizeram na modalidade presencial segundo Garcia Aretio (1999).

Para cursos que exigem certificação, classificação ou por exigências legais podem ser utilizadas alternativas como: realizar toda a avaliação na forma presencial, a defesa de trabalhos elaborados à distância ou a realização de uma prova/trabalho on line, com envio das questões através de uma lista de discussão, com hora determinada para o envio das repostas, que também deverão acontecer on line. Para isso, será necessária a definição prévia do horário de realização além de uma alternativa de segunda chamada, para o caso de o aluno ter problemas com o recebimento/envio da prova/trabalho.

 

1 Definindo instrumentos de avaliação

A escolha de métodos, técnicas e instrumentos de avaliação em EAD devem considerar, além dos aspectos acima relacionados, o seu local de aplicação de acordo com Garcia Aretio (1999):

  1. avaliação presencial - provas ou trabalhos feitos em local e tempo definidos, em que todos os alunos serão avaliados ao mesmo tempo. Tem como vantagem, a garantia de que seja o próprio aluno matriculado no curso, que está sendo avaliado.
  2. avaliação à distância - é realizada em local e tempo livre para o aluno, com data limite para a entrega da prova ou trabalho. Tem a vantagem de respeitar o ritmo de estudo do aluno, que poderá escolher o dia de ser avaliado em função da sua preparação.
  3. avaliação mista - a avaliação ocorre durante todo o curso à distância e no final é feita uma prova/trabalho presencial, onde os alunos poderão ter conhecimento das questões propostas, antecipadamente, ou não. Pode consistir ainda na defesa de um trabalho no seu próprio local de trabalho.

A escolha dos tipos de instrumentos que serão utilizados na avaliação é fundamental para o bom resultado do processo de avaliação, bem como à sua confiabilidade. É necessário escolher instrumentos adequados e adaptados à proposta pedagógica.

As técnicas de avaliação mais utilizadas são a observação, a entrevista, o levantamento e a testagem. A partir da definição da técnica escolhe-se -se o instrumento – roteiro de observação, roteiro de entrevista, questionário, teste, prova etc. As técnicas mais utilizadas em abordagens quantitativas são os testes e o levantamento de atitudes, valores e comportamento, enquanto nas abordagens qualitativas são a entrevista, a observação e o processofólio, de acordo com Souza (1997).

Serão apresentados, a seguir, instrumentos de avaliação, baseados em técnicas quantitativas, e uma técnica de abordagem qualitativa, o processofólio, contendo os comentários necessários quanto aos cuidados na sua escolha e elaboração, bem como à sua adequação para o EAD:

1.1 Provas

Em função do local de aplicação, poderão ser à distância e presenciais, de acordo com Garcia Aretio (1999, p. 428/34):

provas à distância - consistem em exercícios contendo questões que os estudantes terão que responder e enviar ao centro do curso/tutor. Podem ser estruturadas de diversas maneiras, em função da natureza do curso, de acordo com a capacidade cognitiva que se pretende avaliar, objetivo da formação, desde trabalhos mais amplos, até provas objetivas, de ensaio, trabalhos práticos ou teóricos. Esta forma de avaliação apresenta as seguintes vantagens, de acordo com o autor:

  1. supõe controle periódico do progresso dos alunos, possibilitando avaliação contínua;
  2. impõe a necessidade de estudo, devido à determinação de enviar a prova ao tutor em data determinada;
  3. evita a sobrecarga de estudo em determinadas datas. O estudo se realizará de forma sistemática, uma vez que as provas avaliarão uma parte do conteúdo que terá sido aprendido em determinado tempo;
  4. ajuda a reter aspectos fundamentais da matéria;
  5. atua como elemento de comunicação bidirecional, pois deverão ser devolvidas pelo tutor, para correção dos erros com as orientações pertinentes;
  6. atua como incentivo para melhorar a quantidade e qualidade do estudo futuro, através do conhecimento do resultado, pelo aluno, e as correspondentes orientações;
  7. conduz o aluno a realizar consultas em outras fontes bibliográficas, além do material obrigatório para o curso, se forem elaboradas questões visando respostas que requerem reelaboração ou análise sob diferentes enfoques;
  8. exige a interpretação pessoal do aluno em determinadas questões, quando esta requer reflexão e estudo mais detalhado;
  9. serve de estudo preparatório para as provas presenciais;
  10. orienta aos docentes sobre possíveis dificuldades de aprendizagem em determinados conteúdos;
  11. conduz os professores/tutores e redatores a averiguar onde estão as dificuldades típicas da matéria, bem como as possíveis falhas na redação das provas.
  12. realizar provas obrigatórias funciona como um requisito administrativo, para prosseguimento do curso.

provas presenciais - colocam o aluno em situação de demonstrar até que ponto os trabalhos realizados são fruto de seu esforço pessoal. São imprescindíveis para aquelas matérias e cursos em que a aprovação final confere um certificado, titulo ou crédito de caráter oficial. Pelo menos enquanto as novas tecnologias não garantirem outras formas de exames em que seja difícil a substituição das pessoas, esta é o tipo de prova recomendado para os casos acima descritos. Essas provas podem ser de vários tipos: de ensaio ou de resposta livre, prova prática ou de execução, prova objetiva e prova oral, sendo essa última raramente utilizada nesta modalidade de ensino, exceto em provas de idioma, podendo ser feita através de fitas cassete ou de vídeo (GARCIA ARETIO, 1999).

1.2 Testes com referência a critérios

Quando se fala em avaliação na EAD, devem ser considerados, também, aqueles cursos que pretendem capacitação ou treinamento específico em determinado domínio técnico. Nesse caso, o instrumento a ser utilizado pode ser o teste referenciado a critério, empregado para averiguar se o aluno superou, satisfatoriamente, todos os objetivos propostos, adquiriu conteúdos específicos ou o domínio de um determinado comportamento. Devendo ser personalizados, canalizados através de objetivos educacionais que serão trabalhados (critérios), de conteúdos previamente especificados e do estabelecimento de um padrão mínimo de proficiência a ser demonstrada (POPHAM, 1983).

1.3 Processofólio

O processo de auto-avaliação possui características que propiciam o desenvolvimento da independência do aluno em relação ao professor/tutor, sua pró-atividade e a responsabilidade pela sua aprendizagem. Deve ser bastante utilizada em EAD, pois é ideal num sistema de auto-aprendizagem, principalmente se considerada em uma concepção construtivista, em que o erro possui um significado distinto da forma como tem sido visto tradicionalmente, passando a ser o ponto de partida para o conhecimento e não o ponto de chegada. Diante do erro, o aluno deve ser incentivado a uma postura investigativa, “... a perceber as conseqüências de sua resposta errada, de forma a numa próxima tentativa se aproximar mais da solução ideal” (MOULIN, 1998, p. 188).

Na busca de procedimentos alternativos de avaliação em EAD, enfatizando a auto-avaliação, dentro de uma concepção de ensino que busca desenvolver responsabilidade, autonomia e a reflexão critica do aluno, sugere-se a utilização da ferramenta denominada processofólio.

Entende-se que o objetivo desse instrumento é, através do registro de erros e correções, propiciar a auto-avaliação pelo aluno, numa perspectiva de reconstrução de conhecimento, utilizando rotas alternativas de reflexão, ao interagir novamente com o material de estudo/avaliação por ele produzido. De acordo com Wolf através do processofólio:

“... o aluno deliberadamente tenta documentar - para ele mesmo e para os outros – o pedregoso caminho de seu envolvimento num projeto: os planos iniciais, os rascunhos provisórios, os falsos pontos de partida, os pontos críticos, os objetos do domínio que são relevantes e as que ele gosta ou desgosta, várias formas de avaliação provisórias e finais e os planos para projetos novos e subseqüentes”. (WOLF apud GARDNER, 2000, p.191)

Assim, a partir das atividades e/ou avaliações realizadas, sejam exercícios, trabalhos, provas presenciais ou à distância, testes, projetos individuais ou grupais, dentre outros, o aluno produzirá registros e indicativos, com as reflexões sobre cada experiência de aprendizagem realizada pelo aluno, armazenados em uma pasta - como um modelo de portfólio, que será disponibilizada para acesso do professor (ELLIOT, 2000). Essa pasta deverá ser criada e aberta no início do curso, contendo a identificação administrativa do aluno e pode ter como introdução o resultado de uma avaliação diagnóstica relacionado ao conteúdo daquela disciplina.

A partir daí, se formará um acervo ativo com todos os instrumentos, trabalhos, hipóteses, comparações, rascunhos e observações realizados ao longo do curso, e também suas notas, conceitos, novas hipóteses de aferição e, principalmente, os registros quanto aos avanços do aluno, de acordo com Gardner, (2000).

O processofólio permite ao professor identificar a seqüência das tentativas na busca das respostas aos questionamentos propostos e possibilita a indicação de novas leituras, exercícios e buscas em direção ao domínio daquele conteúdo, ou seja, a reorientação da aprendizagem. “O professor, ao acompanhar os diversos momentos de desenvolvimento dessas atividades, pode testemunhar o fluxo de raciocínio feito pelo aluno... [tornando] possível apreciar o próprio processo de construção do conhecimento do aluno”. (ELLIOT, 2000, p.131).

Cabe ressaltar que o uso do processofólio deve considerar o envolvimento dos alunos e a disponibilidade do professor/tutor em acompanhar o processo de aprendizagem de cada aluno, proporcionado a realimentação necessária.

 

2 Divulgação dos resultados da avaliação - informação aos interessados

Um processo de avaliação deve necessariamente ter seu resultado divulgado pelo professor ao interessado, o aluno, segundo Garcia Aretio (2001,p.300). Na modalidade EAD, quando os encontros presenciais são menos freqüentes ou inexistentes, dificultando muitas vezes as possibilidades de retornos e informações sobre o desempenho do aluno, esta deve ser uma preocupação constante e sistemática.

A partir dos resultados obtidos com a aplicação dos instrumentos de avaliação, nem sempre é potencializada a real importância que deve ser dada às dificuldades dos alunos. O professor/tutor tem diversas possibilidades de utilizar os resultados da avaliação, no entanto, segundo Luckesi “... a mais rara na escola é a de (...) atentar para as dificuldades e desvios da aprendizagem dos educandos e decidir trabalhar com eles para que, de fato, aprendam aquilo que deveriam aprender, construam efetivamente os resultados necessários da aprendizagem” (2001 p.91).

Considerando aspectos da avaliação formativa, a informação aos interessados é um importante elo de retroalimentação do processo de ensino e aprendizagem. Devendo, portanto, além de emitir símbolos e juízo de valor, ser um instrumento de apoio ao aluno, incluindo comentários que expliquem a qualificação dada e que possam contribuir para apontar os erros indiscutíveis e mal entendidos, numa perspectiva de reconstrução, (re)significação daqueles conceitos.

 

Considerações finais

Ao serem incorporados novos recursos tecnológicos à forma de ensinar, torna-se necessário repensar a maneira de avaliar. A avaliação que propomos, com base nas teorias contemporâneas da aprendizagem, deve ser colaborativa e possibilitar o acompanhamento da construção da aprendizagem de cada aluno.

No entanto entendemos que a prática de avaliação em EAD deve considerar um aluno pró-ativo, prevendo o uso dos métodos, técnicas e instrumentos de avaliação que estimulem o processo autoral, como um eixo de auto-aprendizagem (Piaget) e colocando a prática de avaliar a serviço da aprendizagem (Hadji), numa intenção formativa e processual da avaliação.

Assim, consideramos alguns instrumentos para o EAD que podem ser aplicados em função do local de aplicação da avaliação. Apresentamos o processofólio, que consideramos bastante adequado para a função formativa da avaliação, por constituir-se uma possibilidade de acompanhamento da construção do conhecimento do aluno e da ação pedagógica do professor, propiciando ainda a auto-avaliação e aprimorando as habilidades do aluno avaliar seu próprio desempenho. O uso do processofólio possibilita a retroalimentação da aprendizagem, imprescindível para os alunos que realizam cursos à distância.

A partir da informação do resultado da avaliação ao aluno, o professor/tutor terá a oportunidade de reorientar a aprendizagem, através de um retorno imediato e individualizado, contendo comentários sobre o desenvolvimento do seu processo de construção de conhecimento. Os alunos precisam de comprovação imediata e freqüente dos resultados das suas aprendizagens.

No entanto esse processo deve ser construtivo, no sentido de ajudar o aluno a entender o que deveria fazer para evitar os mesmos erros no futuro, apresentando indicações de como uma resposta certa, mas não satisfatória, poderá ser melhorada, podendo incluir a indicação de técnicas de estudo ou métodos para melhor estudar aquele conteúdo. Deve se tornar um instrumento de motivação para o aluno, que ao tomar consciência de como está o seu processo de construção do conhecimento e das suas eventuais dificuldades será capaz de, com a ajuda do professor, buscar rotas alternativas de aprendizagem.

 


Referência bibliográfica

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