AS CONCEPÇÕES SOBRE A FUNÇÃO DO TUTOR INFLUENCIAM O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM EM EAD?

ABRIL/2004

 

Keite Silva de Melo Nepomuceno – UNESA -  keitemelo@ig.com.br

Maria de Fátima Rosa Salles – UNESA – fátima-salles@ig.com.br

Maria Claudia de Oliveira Pan – UNESA -  aleixo@domain.com.br

 

Formação de Profissionais para Educação a Distância – Educação Universitária

Resumo
A Educação a Distância apresenta uma série de peculiaridades.  Os profissionais envolvidos no processo ensino-aprendizagem vêm tendo que se adequar  rapidamente às novas propostas.  Nosso artigo tem por objetivo mostrar as concepções dos alunos em um curso de Pedagogia na modalidade a distância, no que diz respeito ao papel dos tutores presenciais e a distância.  Concluímos que os alunos desejam que a EaD abra espaço para a afetividade que é encontrada na modalidade presencial, desejam contato físico com o tutor. Observaram outros tipos de problema como a falta de acesso aos computadores e a dificuldade em lidar com as novas mídias. Os alunos ainda estão impregnados com modelo tradicional de ensino, temos um longo caminho a percorrer para nos adaptarmos ao modelo da EaD.

Palavras-chave:
Tutoria – EaD – formação continuada

 


1.Introdução

              A Educação a Distância (EaD) é uma modalidade de ensino que enfatiza a dimensão espacial, há uma separação física e temporal entre professor e aluno, uma tendência a propor estratégias menos flexíveis, tendo por base as tecnologias educacionais (BELLONI, 2002).  Não se trata de uma prática recente no meio educacional, hoje, contudo, vem utilizando a Internet como suporte o que lhe confere um diferencial.

              Observamos três gerações de modelo de EaD, na primeira geração encontra-se o ensino por correspondência realizado no final do século XIX caracterizada pela limitação da interação entre aluno e professor.  Na segunda geração, o ensino de multimeios a distância, tem por meios principais de difusão o impresso, os programas de áudio e vídeo e em pequena quantidade, os computadores.  A terceira geração inciou-se no final dos anos 90 marcada pelo início da utilização das tecnologias de informação e comunicação (TIC), contamos com uma redução no uso dos meios de comunicação de massa e um aumento da utilização de materiais de uso pessoal.

              É importante que se estabeleça um equilíbrio entre os vários elementos que compõem o curso em EaD  a saber: a proposta pedagógica, as estratégias de ensino, as atividades avaliativas, o tempo para a sua realização, os recursos didáticos, o funcionamento das ferramentas de comunicação  e uma presença efetiva do professor/tutor a fim de estimular, colaborar, questionar, motivar e desafiar os alunos, deseja-se a promoção da autonomia e cooperação sustentáveis pelos alunos.

              A função do tutor (do latim protetor) precisa ser esclarecida neste momento em que a EaD necessita desde profissional para desenvolver seu trabalho.  O tutor no passado era um fellow  (companheiro) agregado a universidade, não era o responsável pelo ensino, era um conselheiro (PETERS, 2003). Acaba por se fazer uma associação da imagem do tutor àquela pessoa que dá assistência no estudo no sentido mais restrito.  Segundo Litwin (2001) devemos ter em mente que tanto professor quanto tutor são responsáveis pelo bom  ensino, a EaD fornece uma diversidade muito grande de suportes que ambos poderão utilizar, não apenas para dinamizar o curso, mas principalmente, para contribuir de forma marcante na evolução do processo ensino-aprendizagem.  O papel do tutor é essencial, devemos vê-lo como uma “ponte móvel”  entre o aluno, o curso e o professor, podemos sintetizar com a fórmula ensinar a aprender.  Em face deste destaque, qual é a importância que se tem dado para se compreender essa função?

É valido salientar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) incentiva a oferta de cursos a distância, estabelecendo em seu artigo 80: “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada” (1996, p.43).  No Brasil hoje observamos a criação de um grande número de cursos oferecidos na modalidade a distância, instituições públicas e privadas colocam a disposição um número considerável de cursos de graduação, extensão e pós-graduação a fim de atender a grande demanda da população.

 

2. Contexto e proposta de investigação

              A formação do professor vem, no decorrer dos anos sendo revista e aperfeiçoada.  Observamos em Nóvoa (1995),  que é categórico ao afirmar a importância da formação docente em nível superior: “... considero que a existência de uma carreira docente única e a dignificação da profissão docente exigem que a formação de todos os professores tenha um estatuto universitário”  (p.26, grifo do autor).

              Este estatuto universitário não é garantia eterna de qualidade em nenhuma carreira profissional, tampouco é suficiente para se exercer a cidadania de forma autônoma, crítica e competente em nossa sociedade da informação, correndo-se o risco de ficar à margem da vida, pois a informação é multiplicada em ritmo muito veloz e o conhecimento não reconhece fronteiras. Sobre a importância da formação continuada, Belloni (2002, p. 152) afirma:

Nas sociedades da ‘informação’ ou do ‘saber’, em que a formação inicial torna-se rapidamente insuficiente, as tendências mais fortes apontam para a ‘educação ao longo da vida’ (lifelong education), mas integrada aos locais e às demandas do trabalho e às expectativas e necessidades dos indivíduos.

              Neste sentido, a formação ao longo da vida ou formação continuada de professores se faz necessária e urgente. Cabe ao professor lidar com a insegurança, instabilidade, incertezas e assim, ensinar o seu aluno  de forma ética a reconhecer as complexidades das novas relações humanas. Mas esta formação continuada precisa considerar a prática destes profissionais, problematizando-a, questionando-a,  refletindo, buscando alternativas de solução e articulando o exame de suas realidades a partir de teorias, em um constante diálogo teoria-prática.

A presente proposta de investigação se realizou com as primeiras turmas do curso de Pedagogia para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental, na modalidade de Educação a Distância, oferecido inicialmente para professores em serviço que lecionam nestas séries, na rede pública de ensino do Rio de Janeiro.  A Pedagogia é um dos cursos de graduação a distância oferecido pelo Consórcio CEDERJ (Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro) formado pelas Universidades públicas situadas no estado: UERJ, UFRJ, UNIRIO, UENF e UFRRJ.  Este curso está sob a responsabilidade da UERJ e da UNIRIO.

Nossa pesquisa se realizou com as primeiras turmas do curso de Pedagogia oferecido pela UERJ, em seus pólos regionais Maracanã e Paracambi. Os referidos alunos ingressaram no curso através de vestibular realizado pelo CEDERJ em julho de 2003, onde foram oferecidas quarenta vagas por pólo.

              A proposta pedagógica deste curso também foi pensada de forma a oferecer adequação a estes professores formados no antigo curso normal, em nível médio, às exigências da Lei  9394/96, em seu artigo 62, que propõe que a formação de docentes da Educação Infantil e Séries Iniciais se dê em “nível superior”.  No entanto, a LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional), neste referido artigo, também oferece uma certa flexibilidade.

              O Parecer CEN/CEB 03/2003, homologado pelo senhor Ministro da Educação, Cristovan Buarque em 31 de julho de 2003 e publicado no D.O.U. em 01 de agosto de 2003, ratifica este direito adquirido dos professores formados em nível médio, no curso normal, mesmo aqueles que não estão em exercício da carreira, mas possuem o diploma e estão legalmente habilitados em instituição reconhecida pelo sistema de ensino.

          Apesar da flexibilização a imensa diversidade e desigualdade de oportunidades na realidade educacional de nosso país, não permitem que muitos educadores possam investir em sua formação. Temos profissionais que estão em função docente e não possuem sequer a formação específica em nível médio, é consenso fomentar o aumento da qualidade da educação.  Há necessidade destes professores continuarem seus estudos e adquirirem formação quer em nível superior, quer em serviço utilizando-se, inclusive, dos recursos disponibilizados pela  EaD.

   Aplicamos 46 questionários, 30% do total de alunos, com uma pergunta fechada e outras três abertas. Na questão fechada, pedimos que dentre as nove opções de atribuições do tutor apresentadas, enumerassem-nas segundo a ordem de importância. A primeira questão aberta estava diretamente relacionada à primeira fechada. Nela o aluno precisava justificar sua consideração mais importante. As outras duas questões abertas estão diretamente ligadas às especificidades das tutorias nas modalidades: presencial e a distância. Uma se referia a quem o aluno considera como sendo o  mais importante e porquê, e a outra, com quem o aluno tem interagido mais, seguido de justificativa.

Constitui como parte da proposta deste curso, a apropriação de forma crítica por parte dos alunos das TIC, tendo em vista que estas têm ampliado possibilidades de  ambientes educativos. São utilizados diversos instrumentos da EAD a fim potencializar a aprendizagem e a interação aluno-aluno, aluno-tutor, através de material impresso, vídeo e áudio, multimídias, Internet, chats, correio eletrônico, fórum e toda  a gama de recursos disponíveis hoje.

O que buscamos?  Nosso objetivo nesta investigação é destacar as concepções dos alunos das primeiras turmas do curso de Pedagogia da UERJ/CEDERJ, quanto a sua interação com os tutores a distância e tutores presenciais, destacando como eles concebem ser o papel do tutor, as suas principais atribuições, a importância que conferem as tutorias presencial e a a distância,  com quem  mais interagem e o porquê da preferência de determinada modalidade de tutoria.

Inquietamo-nos, enquanto tutoras (presenciais e a distância) deste curso, com a constatação de que a distância física e virtual de nossos alunos veio a acarretar pouca interação, uma postura antagônica à proposta construtivista do curso.

Há que se considerar que estes alunos não tiveram acesso previamente ao documento de atribuições do tutor, organizado pelo CEDERJ. Portanto, estas concepções são construídas também influenciadas pelas suas necessidades imediatas durante os estudos.

 

3.Categorias de análise

              Antes de entrarmos no processo da pesquisa propriamente dito, levantamos na literatura pedagógica alguns dos elementos que vêm sendo destacados como importantes para a EaD.  Os três elementos que constituem as categorias de análise são:  interação ,autonomia,  e  mediação.

              Usamos o pensamento de Vygotsky (1998) como pano de fundo de nosso estudo, considerando suas idéias sobre as relações do ser humano com os outros homens como processo espontâneo, porém, apenas quando ele não tem percepção da consciência sobre aquilo que está fazendo.  Para o supracitado autor, a aprendizagem se produz pelo constante diálogo entre os indivíduos, uma vez que  para se formar ações mentais, tem-se que partir das tocas com o mundo externo. Portanto, “pode-se dizer que a cena interativa é tão antiga quanto as primeiras manifestações comunicacionais entre seres humanos” (Silva, 2000) e que as concepções interativas de Vygotsky contribuíram para a elaboração inovadora de processos que ultrapassam metodologias tradicionais.

              Pressupomos que os processos interativos viabilizem o desenvolvimento da autonomia, com colaboração dos sujeitos envolvidos, pois autonomia aprende-se no convívio, desenvolve-se e conquista-se em ambiente de cooperação e interdependência, com respeito ao pluralismo de idéias e de modo de ser, onde a transformação do indivíduo em produtor de conhecimento é um dos seus objetivos.  Autonomia é a vocação ontológica, segundo Paulo Freire (1996) que o ser humano tem de transformar o mundo ou o ambiente em que vive. Para tanto, é necessário antes ter a habilidade cognitiva de conceber a transformação pretendida e, portanto, de entender primeiro a realidade a ser transformada, partindo da consciência de seu inacabamento como ser humano.

              Finalmente a mediação aqui entendida como “a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem” (MASETTO,2000, p.144).  As TIC precisam ser bem aproveitadas na educação, não devemos usá-las apenas para tentar ser “moderno” ela é uma aliada para que possamos melhorar nossa prática docente, o professor/tutor necessita estar consciente deste fato e ser a “ponte móvel” entre o aprendiz e a construção do conhecimento.

 

4.Análise dos resultados

              Os gráficos aqui apresentados mostram  análise comparativa entre os dados coletados e preliminarmente apresentamos os seguintes resultados.

              No gráfico 1 utilizamos as três tarefas com a maior incidência em primeiro lugar assinalada pelo grupo. A questão apresentava nove tarefas próprias dos tutores do curso e os alunos deveriam numerar por ordem de importância a saber:

  1. Ajudar o aluno a compreender o material didático.
  2. Familiarizar o aluno com o hábito da pesquisa bibliográfica.
  3. Levar o aluno a adquirir uma metodologia autônoma de estudo.
  4. Atender as consultas dos alunos.
  5. Estimular o aprofundamento e a atualização dos conteúdos das disciplinas.
  6. Encorajar e auxiliar os alunos na busca de informações adicionais em bibliotecas virtuais e/ou do pólo.
  7. Construir um vínculo afetivo com os alunos de forma a incentivá-los a permanecerem no curso.
  8. Estimular a reflexão crítica ajudando o aluno a ampliar o seu entendimento.
  9. .Mediar as relações sociais entre os participantes do curso, alunos e professores.

              Depois de numerá-las os alunos deveriam justificar a sua escolha, explicando porque aquela tarefa esta em primeiro lugar na lista.

 

Podemos assim inferir quanto a questão que obteve o primeiro lugar nas preferências:

Ajudar o aluno a compreender o material didático.
Compreender o material didático significa para os alunos dominar o conteúdo, tão exigido tradicionalmente, ainda é grande a preocupação dos discentes em um curso a distância com o modelo tradicional de avaliação. As observações assim se revelam:
“Porque a minha prioridade é entender o conteúdo da apostila a fim de atender às exigências do professor”. “Porque considero que o tutor deve ter tomado um maior conhecimento sobre o material didático, para que possa nos esclarecer melhor”.
Subjetivamente pode-se destacar uma concepção tradicional, onde o aluno quer pensar como o professor entendendo assim, que ele terá sucesso nas avaliações.
“Porque muitas vezes entendemos de um jeito e os tutores pensam de outro”.
A segunda opção dos alunos diz respeito a autonomia de estudo.
Levar o aluno a adquirir uma metodologia autônoma de estudo Podemos perceber que o conceito de autonomia é compreendido pela maioria do grupo, embora algumas concepções se reportem à autonomia vinculada apenas a EaD, assim se justificaram:
“Porque é um dos objetivos do curso a distância.” “Visto que a modalidade do curso é a distância, temos que comportarmos como tal.”

              Em terceiro lugar observamos a preocupação com a reflexão crítica.

Estimular a reflexão crítica ajudando o aluno a ampliar o seu entendimento.

Algumas concepções refletem que a criticidade está relacionada a construção do conhecimento, buscaram justificar da seguinte maneira:

“Porque é através da reflexão crítica que o conhecimento é construído”.
“Porque estimular a reflexão crítica é fundamental para a aprendizagem”.

              Vale ressaltar, para nossa surpresa, que nenhum dos entrevistados assinalou como mais importante dentre as funções do tutor os itens: estimular a pesquisa bibliográfica e mediar as relações sociais entre os participantes do curso, alunos e professores, contrapondo-se à proposta inicial do curso quanto às funções dos tutores.

As questões demais questões da pesquisa foram:

3 .Quem é mais importante: o tutor a distância ou o tutor presencial?
4. Com quem você tem interagido mais:tutor a distância ou tutor presencial?

Foi solicitado também que justificassem brevemente as suas escolhas.

A tabulação dos dados gerou os gráficos 2 e 3 que apresentamos a seguir: (NR=não respondeu, ND=nenhum dos dois)


Gráfico 2 - questão 3


Gráfico 3 - questão 4

 

Após a análise dos gráficos e das justificativas apresentadas pelos alunos podemos depreender que:

1.Os alunos buscam criar laços afetivos com o tutor presencial, sentem a necessidade da presença deste personagem e inclusive atribuem a ele, melhores possibilidades de aprendizagem, transcrevemos algumas das respostas:

“Porque existe uma amizade um contato pessoal que não há com o da distância.” “Como a educação se dá na interação e integração entre os sujeitos do processo educativo, é essencial ouvir, trocar, partilhar, conhecer o outro”.

“Porque me sinto mais à vontade, porque valorizo esse contato e porque me sinto ligada ao curso, vendo a ansiedade e o interesse tanto dos colegas, quanto do tutor e do pólo em si em fazer o melhor”.

2.Os alunos ainda estão “amarrados” às características das aulas presenciais. Ainda não foi possível criar uma dinâmica própria para a sala de aula virtual, as comparações são inevitáveis, eles assim justificaram:

”..algumas vezes por achar que pessoalmente é mais dinâmico.” “Os tutores presenciais têm suprido as minhas necessidades e tirado minhas dúvidas sempre que necessito deles.”  “... porque pode haver uma troca maior de informações.” (com o tutor presencial)

3.Os discentes possuem dificuldade,  certas resistências em lidar com as mídias ou ainda não possuem acesso às mesmas, assim eles se expressaram:

Não tenho computador”.  “Porque não possuo meios para interagir com o tutor a distância.”   “Tenho dificuldades em manusear o computador.”  “O tutor a distância requer que o aluno possua computador e tenha acesso à Internet. Na realidade, isso não acontece com todos. Muitos não têm condições de utilizar ou mesmo possuir esse instrumento de trabalho e comunicação”.  “Não tenho computador dificultando o acesso à plataforma”.  “... não gosto de falar (não fico a vontade) ao telefone com pessoas que não conheço”.

              A pesquisa foi uma boa avaliação para continuarmos com o  nosso trabalho na tutoria, são valiosas as contribuições dos alunos, principalmente porque deixamos bem claro de que não se tratava de uma pesquisa institucional.

 

5.Conclusão

              Importante se faz compreender as funções dos tutores presenciais ou a distância, devemos considerar que eles  desenvolvem a prática pedagógica respaldada nas propostas interativas das mais variadas mídias, onde interação e mediação, são quesitos fundamentais para o sucesso do processo. 

              A falta de compreensão por parte do aluno das funções do tutor  acaba por distanciá-los, incorrendo no risco de fazer desta proposta de ensino mais um modelo tradicional de ensino e recepção de conteúdos. Pode vir a  acarretar a evasão dos alunos dos momentos de tutoria, o que não queremos de forma alguma.  Acreditamos na relevância do papel do tutor, sabemos que as trocas afetivas, tão necessárias aos alunos, como eles sinalizaram na pesquisa, terão resposta nos momentos com o tutor e com os colegas de turma, não haverá isolamento.  O aluno precisa saber que não está só, a EaD propicia estudo individualizado e autônomo mas não solitário.

              Faz-se necessário que em um curso a distancia, os alunos possam ter acesso inicialmente à proposta pedagógica do curso bem como conhecer as funções da tutoria, podendo utilizar estratégias que permitam tornar claro estes dois aspectos tão importantes.  Atividades práticas no inicio do curso poderiam familiarizar os alunos não somente com a plataforma, mas com a proposta do curso e das tutorias

              Desta pesquisa resulta que a afetividade, a dificuldade em utilizar as mídias, o apego ao sistema tradicional de ensino e a falta de acesso aos computadores, principalmente em função do custo do equipamento e manutenção para o acesso a Internet, foram os fatores que indicaram a preferência pelo tutor presencial no curso a distância.  Os alunos esperam compreender melhor o conteúdo com o auxílio do tutor apesar de desejarem, logo a seguir, autonomia e reflexão crítica, percebemos que os entrevistados estão se adaptando ao curso na modalidade a distância, a turma está no segundo período.  Esperamos que, ao final da graduação, tenhamos superado todas as dificuldades iniciais, e quem sabe, possamos apresentar uma nova pesquisa com este grupo. 

 


Referências

BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância mais aprendizagem aberta. In:BELLONI,M.L.(Org.) A formação na sociedade do espetáculo. São Paulo: Loyola, 2002.

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa. São Paulo:Paz e Terra,1996.

LITWIN, Edith (Org.). Educação a distância:temas para o debate de uma nova agenda educativa. Tradução Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

MASETTO, Marcos T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos T. & BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000.

NÓVOA, António. O passado e o presente dos professores. In: NÓVOA, António (org.). Profissão professor. Portugal: Porto Editora, 1995.

PETERS, Otto. Didática do ensino a distância:experiências e estágio da discussão numa visão internacional. Tradução Ilson Kayser. São Leopoldo,RS: Editora Unisinos, 2003.

SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro:Quartet, 2002.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1998.