PERSPECTIVAS DO IESDE DE EAD:

DO PLANEJAMENTO À AVALIAÇÃO

UMA CONSTRUÇÃO DINÂMICA

Teofilo Bacha Filho
IESDE BRASIL S/A
teofilo@netpar.com.br

 Gilda Poli
IESDE BRASIL S/A
gilda.poli.br@iesde.com.br

 Elizabete dos Santos
IESDE BRASIL S/A

elizabete.santos.br@iesde.com.br

  Camile Gonçalves Hesketh
camihesk@uol.com.br

 

(Texto original com imagens: clique aqui)


Esse trabalho descreve a experiência do IESDE BRASIL S.A no que se refere ao planejamento, elaboração e avaliação de materiais didáticos para Educação a Distância.
Sabemos que na EAD os processos de ensino- aprendizagem são mediados através de materiais e  portanto, a produção destes é um dos aspectos decisivos para o êxito de qualquer proposta educacional nesta modalidade. Embora estejamos na era digital, podemos observar que o meio impresso e o meio audiovisual continuam exercendo um papel fundamental nos dias de hoje. Além de serem meios mais acessíveis economicamente, a maioria das pessoas sabe como utilizá-los.
Esse relato irá mostrar que independente da mídia escolhida, elaborar materiais inovadores que atendam as exigências da sociedade do conhecimento requer profissionais qualificados e comprometidos com novas formas de ensinar e aprender.
Sendo assim,  contar com uma estrutura física apropriada e uma equipe multidisciplinar, formada por especialistas de diversas áreas, preocupados com o aluno e com curso como um todo,  é um primeiro passo para se construir uma nova rota no processo educativo.
Palavras-chave: planejamento, elaboração, avaliação, educação a distância, videoaulas, material impresso

 

1. Introdução

 Não se compreende o caminho num grande e único passo: novas estradas se abrem quando se persiste no caminhar.

(Danilo Gandin)

 A cultura atual nos demanda uma formação permanente e uma reciclagem profissional que alcança quase todos os âmbitos produtivos, como decorrência, de um mercado de trabalho complexo, mutável, flexível e inclusive imprevisível. A Educação permanente consolida a idéia de que o ser humano precisa ser um eterno aprendiz.

Hoje a boa formação tornou-se requisito de sobrevivência num mercado cuja a característica mais marcante é a alta competitividade e a seletividade. Neste contexto a Educação a Distância aparece como uma oportunidade preciosa para atender às necessidades de uma parcela significativa da população que reclama por uma melhor qualificação profissional e por um maior nível de conhecimento.

Com a finalidade de contribuir para a melhoria da  educação, surgiu o IESDE Brasil S/A. O IESDE além de ter em seus cursos, uma equipe comprometida e especializada, utiliza as modernas tecnologias da informação e da  comunicação, como uma forma de buscar a excelência no ensino.

A Educação a Distância como define a UNESCO, nos permite vislumbrar uma maior democratização da informação e do conhecimento, prioridade absoluta das Nações Unidas, garantindo o acesso à educação permanente para todos.

O termo Educação a Distância se aplica segundo Moore (1992),a todas as formas de  educação nas quais o aprendiz normalmente se encontra em lugar distinto daquele em que se acha o professor.(p.62)

Moore ressalta ainda que esta separação entre a aprendizagem e o ensino tem um profundo impacto nos processos de comunicação entre a pessoa que ensina e quem aprende, nos procedimentos empregados para a preparação dos cursos e nas estratégias usadas para fornecer o ensino. De um modo geral, a educação a distância supõe o uso de um, dois ou mais meios de comunicação (mídia).

Segundo Litwin (2000), O traço distintivo da modalidade, consiste na mediatização das relações entre os docentes e os alunos. Isso significa, de modo essencial, substituir a proposta de assistência regular à aula por uma  nova proposta, na qual os docentes ensinam e os alunos aprendem mediante situações não convencionais, ou seja em espaços e tempos que não compartilham. (p.13)

É neste sentido que o IESDE tem prestado a sua contribuição. O clássico modelo de ensino, com visão pura e simples de transmissão de informações contidas nos currículos (matéria dada), foi substituída pela visão da aprendizagem, na qual o modelo conta com a percepção do aluno. O IESDE acredita que o processo de aprendizagem é socialmente construído através de ações, comunicações e reflexões envolvendo os alunos.

 

1.2 CND e EJA: experiências que têm dado certo

 

O Curso Normal a Distância em nível médio, primeira experiência do IESDE é um curso de formação de professores para séries iniciais do Ensino Fundamental.

Considerando que o Art. 87, § 4º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 nos diz que “ Até o fim da Década da Educação, somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamentos em serviço”,  o CND aparece nesse cenário  como uma opção interessante e viável para qualificar esses profissionais.

Com mais de 22.000 alunos no Estado do Paraná, esse curso conta com a aprovação dos Conselhos Estaduais de Educação dos Estados do RS , SC, PR, ES, BH, SP, RJ, estando também em funcionamento nestes estados.

Construído e estruturado dentro dos princípios pedagógicos mais recentes, O CND pretende promover a cidadania através da melhoria da qualidade da educação. Solidariedade, ética e respeito à vida são produtos de uma educação de base humanista e estão presentes na proposta pedagógica do IESDE.

O material base do curso é composto por  vídeoaulas, acompanhadas por  estudos individuais, com o apoio do material impresso e videoconferências. Com uma carga horária total de 3380 horas, esse curso tem 780 horas de vídeoaulas e estudos  presenciais acompanhados pelo tutor nas telessalas, 800 horas de prática supervisionada (exercício profissional docente ou estágio) e 1800 horas de estudos individuais, a partir do material de apoio. Além de proporcionar ao aluno a aprendizagem dos conteúdos da Base Nacional Comum do Ensino Médio, há também módulos específicos referentes as disciplinas da parte diversificada.

 

Visando ainda contribuir para a qualificação de uma outra parcela da população que não teve a oportunidade de freqüentar um ensino médio regular, o IESDE tem ofertado o curso de Educação de Jovens e Adultos- EJA, também na modalidade semi-presencial. Com uma carga horária total de 1904 horas, os alunos podem contar com momentos presenciais e a distância. Os momentos presenciais perfazem um total de 864 horas e são realizados nas telessalas, onde os alunos assistem às aulas, debatem em grupos e recebem orientações e esclarecimentos dos tutores. Também pertencem a esta estrutura as teleconferências  e determinadas etapas do processo de avaliação. As atividades de estudos a distância com base no material impresso fornecido pelo IESDE, perfazem um total de 1040 horas, incluídas as atividades complementares que podem, ou não, ser acompanhadas diretamente pelos tutores.

 

A EAD se apresenta neste contexto como uma opção metodológica que traz consigo características próprias, impondo a necessidade de novas aprendizagens por parte de quem a planeja, desenvolve e avalia, implicando inclusive na necessidade de que seja construída uma nova maneira de compreender o processo de ensino-aprendizagem.

 

1.3 Planejamento participativo do IESDE: algumas diretrizes

 

Sabemos que algumas habilidades são essenciais para quem vai produzir materiais para Educação a Distância. Do planejamento a avaliação, da maneira como as informações serão apresentadas à linguagem utilizada, é necessário principalmente que os professores sejam orientados nessa nova rota.

 

Para Pfromm (1998),

 "o planejamento e a produção de bons materiais de ensino para sistemas de educação a distância demandam equipes relativamente numerosas de profissionais especializados, com diferentes papéis e competências claramente definidos, e exige a participação, nessas equipes, (1) não só dos que dominam essas habilidades e os conhecimentos específicos de cada meio a ser utilizado, como também (2) de especialistas em conteúdo extremamente capazes, imaginosos e competentes e (3) profissionais dotados de amplo repertório de habilidades e conhecimentos pedagógicos e psicológicos sobre aprendizagem- ensino. Este repertório psicopedagógico é indispensável para especificação das competências finais desejadas no aprendiz, a determinação empírica de pré-requisitos e características cognitivas e comportamentais de entrada da população-alvo a que se destina o curso, a análise estrutural dos conhecimentos, procedimentos e comportamentos visados pelo ensino, a preparação de instrumental confiável, objetivo, de avaliações formativa e somativa, etc... Em uma palavra, pessoal de meios, especialistas em conteúdo e tecnólogos de ensino-aprendizagem."( p.52)

Pensando nisso, o IESDE possui uma  equipe multidisciplinar com especialistas de diversas áreas, preocupados com o aluno e com os cursos como um todo.

Além da equipe pedagógica, o IESDE conta com o pessoal responsável pela produção gráfica e eletrônica, com técnicos de produção de TV e de material gráficos de apoio, os quais trabalham juntamente com o professor especialista no conteúdo, no  planejamento de  materiais contextualizados e dinâmicos.

Fazem parte da equipe técnica do IESDE: diretor geral, diretores de cena, roteiristas, jornalistas, assistentes de equipe, coordenador de produção, gerente de operações, produtores, assistentes de direção, cinegrafistas,  designers, responsável pela computação gráfica, operador de áudio, editores, copiadores, videotecários.

As etapas de elaboração e produção dos conteúdos utilizam métodos de planejamento e trabalho visando a qualidade e a adequação dos cursos às necessidades dos alunos.

As atividades da fase presencial são realizadas em ambiente apropriado, cabendo à instituição formadora:

·        Designar e preparar o corpo docente do curso, bem como especificar os respectivos encargos didáticos;

·         Detalhar o plano didático da fase presencial e o cronograma de execução de todas as suas atividades;

·          Preparar a infra-estrutura das telessalas e dos laboratórios a serem utilizados nos cursos;

·          Organizar meios e materiais didáticos para o desenvolvimento da fase presencial;

·          Estabelecer meios e estratégias para o acompanhamento dos alunos (frequência, participação e desempenho);

·          Organizar as turmas de alunos e dividi-las em grupos de estudo, obedecendo a critérios de localização especial, de forma a concentrar o trabalho posterior dos tutores no menor número possível de escolas;

As atividades individuais de estudo poderão ser desenvolvidas em casa ou na escola, de acordo
com o tipo de atividade e a preferência do aluno.

Para GANDIN (1988) o Planejamento participativo “... é um processo em que as pessoas realmente participam porque a elas são entregue não só as decisões específicas mas os próprios rumos que se devem imprimir à escola. Os diversos saberes são valorizados, cada pessoa se sente construtora- e realmente o é - de um todo que vai fazendo sentido à medida em que a reflexão atinge a prática e esta vai esclarecendo a compreensão, e à medida em que os resultados práticos são alcançados em determinado rumo.” (p.82-83)

1.4   O processo de produção dos materiais didáticos: uma ação conjunta

Dizer que a produção de materiais é um dos aspectos decisivos para o êxito de qualquer proposta de EAD, não é nenhuma novidade.

Segundo Pfromn, (1998), Tanto na áreas de materiais impressos como nas da televisão, rádio e informática educativa, ocorreu um refinamento inegável nos procedimentos de produção de materiais para fins de ensino, que gerou nova linguagem, novos esquemas  de trabalho, novas concepções, novas técnicas e novos instrumentos de avaliação. ( p.38)

Nas propostas de Educação a Distância, o grande desafio é justamente a questão do como elaborar materiais envolventes, que estimulem o aluno a construir o seu conhecimento com autonomia. Aprofundando a questão da autonomia, encontramos em Moore (1994) um conceito sobre o significado desse termo: autonomia se refere ao potencial que os alunos de cursos a distância tem para determinar seus objetivos, a implementação de seus programas de estudo e a avaliação de sua aprendizagem.

No entanto, hoje em dia devemos, como sugere Peters (2001), ir além da explicação de Moore, pois o estudo autônomo significa muito mais do que estudo auto-dirigido. Para Peters (2001)

 “estudantes são autônomos quando assumem e executam as funções dos docentes. Isso  significa quando eles mesmos reconhecem suas necessidades de estudo, formulam objetivos para o estudo, selecionam conteúdos, projetam estratégias de estudo, arranjam materiais e meios didáticos, identificam fontes humanas e materiais adicionais e fazem uso delas, bem como quando eles próprios, organizam, dirigem, controlam e avaliam o processo da aprendizagem”. (p.95)

 

Assim, tanto na produção dos materiais impressos quanto na elaboração das vídeoaulas, os professores do IESDE são orientados  a criarem situações que ajudem a desenvolver um estudo autônomo e independente.

 

Além disso, há alguns cuidados especiais na hora da produção. Os vídeos, por exemplo, têm um formato estético próprio, uma linguagem específica, utilizada para atrair a atenção do alunos, motivando-os ao estudo. Os recursos da computação gráfica, os clips de imagens diversificadas, as matérias captadas em externas, os quadros e letreiros, também são alternativas utilizadas para criar um envolvimento com os alunos e facilitar a aprendizagem dos conteúdos das aulas.

 

As vídeoaulas são de aproximadamente 36 minutos. A cada 18 minutos, há um intervalo para socialização entre os alunos e o tutor. É importante ressaltar ainda, que o professor sempre no final de cada aula gravada, faz uma revisão do que foi discutido, dando dicas aos alunos de assuntos a serem pesquisados e aprofundados.  Os alunos dessa forma, são desafiados a observarem e a refletirem sobre situações de sua realidade, começando a desenvolver um estudo autônomo e consciente.

 

O IESDE realiza toda a produção com recursos próprios, tendo já produzido mais de 700 aulas em 2 anos. As aulas são produzidas com roteiro, direção, produção sonora, captação de imagens externas e gravação em um estúdio. O cenário é composto de vários ambientes, no qual o professor tem completa mobilidade de deslocamento. O corte é feito direto das 3 câmeras no estúdio, formando uma aula pré-editada, a qual é inserida em uma ilha de edição não linear (Real Time) para a finalização. No momento seguinte, são acrescentadas as matérias captadas em externas, imagens de cobertura, caracteres, computação gráfica, vinhetas e efeitos necessários para a completa ilustração da aula.

 

Um curso começa a ser concebido pela definição da sua proposta pedagógica. Elabora-se a matriz curricular de acordo com a legislação e a concepção pedagógica. Realiza-se a seleção e treinamento dos professores que vão participar da gravação do curso.Os professores especialistas são convidados a organizar um roteiro do conteúdo, o qual é encaminhado para um roteirista formatar em linguagem de televisão. Esse roteiro é analisado e aprovado pela supervisão pedagógica e direção de criação e encaminhado ao departamento de produção.

 

Na próxima etapa, são montados o calendário e o cronograma de produção. A produção, gravação e edição das aulas completam o ciclo de produção do conteúdo.

 

A produção dos materiais impressos também requer algumas orientações especiais. Assim, encontramos em Laaser ( 1997), um conceito para trabalhar com a mídia impressa sob uma nova perspectiva. Segundo esse autor, o maior desafio de quem vai elaborar mídia impressa é envolver o aluno em um diálogo permanente com o texto, numa ação participativa. Para isso, deve-se ter em mente o conceito de aprendizagem ativa.

 

Aprendizagem ativa, como o próprio nome diz, é aquela em que o aluno se envolve ativamente no processo de educação (Laaser, 1997, org.)

“Ela é essencial na EaD e implica a existência de interação entre o redator e o aluno. Seus propósitos são ajudar o aluno a aprender, fazendo-o usar as informações encontradas; motivá-lo a continuar o estudo; verificar seu progresso; capacitá-lo a fazer pausas para tomar nota mentalmente das informações importantes; repartir o texto em "pedaços de aprendizagem", e proporcionar um retorno sobre o curso.”(p.75)

 

As atividades que proporcionam a aprendizagem ativa em um contexto de EAD, de acordo com Laaser (1997), são 3: pensar, escrever e fazer.

 

 

"Pensar: a aprendizagem envolve a interpretação de fatos e o estabelecimento de conexões entre eles. As perguntas formuladas, não têm respostas certas e não pretendem testar a memória do aluno. Preferencialmente, devem estimular a reflexão com base na própria experiência pessoal do aluno.

Escrever: Os exercícios escritos auxiliam o aluno a consolidar o que já foi lido. Elaborar perguntas que estimulem o aluno a escrever sobre o que foi aprendido, relacionando com  situações novas, é uma forma interessante de testar a sua compreensão.

Fazer: As atividades adequadas à aplicação prática dependem do tipo de curso que se está elaborando e das habilidades que se pretende desenvolver nos alunos." (p.80)

 

Com relação a produção do material impresso, podemos dizer, que os professores recebem também orientações com relação a linguagem a ser utilizada, com relação à equivalência em termos de horas de estudo independente que o material deve proporcionar ao aluno e ainda com relação a estrutura do material impresso. Cada unidade didática por exemplo deve apresentar: introdução (apresentação do tema), desenvolvimento das idéias principais, atividades sugestivas aos alunos, síntese, atividades de incentivo à pesquisa, além de propostas de avaliação.

 

Depois de terem sido escritos pelos professores, os materiais são encaminhados à equipe de correção  e diagramação. Neste momento, todo cuidado com o visual é válido. Disposição dos textos e gravuras (composição), tipos de letras, espaçamentos, alinhamentos, cores, são alguns aspectos fundamentais que podem facilitar a visualização e a aprendizagem. Depois dessa etapa é executada a editoração e a produção gráfica dos livros.

 

É importante ressaltarmos, que embora os conteúdos das videoaulas, sejam os mesmos dos materiais impressos, a forma de abordagem de cada mídia é  diferenciada.  Sempre procurando aproveitar a linguagem e o potencial de cada meio, a equipe do IESDE procura  fazer com que esses materiais, ao invés de se tornarem repetitivos e cansativos para os alunos, sejam complementares  e dinâmicos.

 

Sabemos, que  o centro do processo de ensino é o aluno. Deste modo, procuramos ampliar as suas possibilidades de escolha, oferecendo visões alternativas sobre o mesmo problema e materiais complementares que auxiliem na sua formação.

1.5 Avaliando resultados: um processo contínuo e permanente

Uma outra parte desse processo de planejamento e elaboração de materiais para a Educação a Distância que também não pode ser esquecida, diz respeito à questão avaliativa. Sabemos que a avaliação é parte integrante de um processo contínuo e permanente, devendo envolver ativamente os participantes.

Para BRIGHRNTI (1998) a avaliação busca confrontar os resultados alcançados, para analisar as causas dos acertos e dos desvios ocorridos. Consiste em detectar as falhas de organização e de emprego de recursos, a falta de adaptação dos objetivos à realidade, bem como a falha das políticas e estratégias.(p. 56)

Pensando nisso, o IESDE contando com uma equipe de jornalistas, que faz a cobertura dos trabalhos realizados  nas telessalas distribuídas pelos estados,  capta depoimentos informais dos alunos, sobre as possíveis dificuldades encontradas nos materiais produzidos, bem como reforçam os resultados.

Ao realizarmos uma avaliação dos materiais, a partir da perspectiva dos alunos, podemos perceber que nem tudo o que planejamos e elaboramos pode ter alcançado os objetivos iniciais. Por isso, os resultados devem ser comunicados para que sirvam à retomada do processo, seja pela retificação da ação em curso, seja pela construção de uma nova ação.

Para FERREIRA (1998) o planejamento possui três fases: a elaboração, a revisão durante a ação e a revisão depois da ação.

Uma outra forma de avaliação dos materiais produzidos, utilizadas no IESDE, ocorre também nas telessalas, no entanto, com a interferência dos tutores. Pelo fato deles estarem em contato direto com os alunos, é possível que sejam identificadas as principais dificuldades surgidas durante o processo. Essas são encaminhadas às  supervisoras regionais, para que sejam discutidas em conjunto e superadas na elaboração dos módulos seguintes.

Dessa forma, avaliar é percorrer diversos caminhos para que possamos verificar continuamente, os erros e os acertos. A avaliação dos materiais é um processo permanente de comparações daquilo que tínhamos antes com aquilo que vamos obtendo durante o percurso.

A necessidade de avaliar os programas educacionais, nos permite trabalhar concretamente pela melhoria dos cursos oferecidos. Hoje, quando pensamos em avaliação de materiais na Educação a Distância, percebemos claramente que um longo caminho ainda deve ser construído.

VIANNA (1986) afirma:

“...ser o planejamento participativo um desafio para os verdadeiros educadores, exigindo daqueles que pretendem realizá-lo muita disponibilidade, coragem, persistência, tenacidade, garra, espírito de luta. Não é trabalho impossível, mas plenamente viável, apesar de todos os empecilhos colocados pelo sistema e por educadores descompromissados com a tarefa que abraçaram como profissão: educar as novas gerações de brasileiros conscientes e livres. (p.38)

Considerações Finais: encurtando distâncias

É importante reafirmarmos que o planejamento, produção e avaliação de materiais, são aspectos decisivos para o êxito de qualquer proposta de EAD.

O IESDE tem a convicção de que não basta ter um especialista de conteúdo ou um excelente pedagogo, para produzir bons materiais. Os cuidados são inúmeros e cada vez mais surge a necessidade de ter uma equipe multidisciplinar em sintonia, para ajudar os educadores a encontrarem maneiras diferenciadas de ensinar, motivar, planejar e avaliar.

Sabemos que esse trabalho pedagógico é desafiador, pois implica em tomada de decisão, definição de critérios,  base teórica, vontade política, e compromisso com a aprendizagem dos alunos.

As novas tecnologias da Informação e Comunicação modificaram as formas de percebermos o mundo. O desenvolvimento tecnológico permitiu o aparecimento de novos meios e a construção de novas linguagens. Enquanto educadores, temos que estar atentos a essas características do mundo moderno, para contribuirmos significativamente para a formação de cidadãos críticos e atuantes nessa sociedade.

Hoje temos que pensar em incorporar tecnologias novas junto com àquelas que já conhecemos e utilizamos. No ensino a distância o problema principal não é o tecnológico, embora encontremos muitas resistências ao novo, mas a mudança de mentalidade quanto ao novo papel do professor e do aluno na sociedade do conhecimento.

Há uma forte tendência a considerar que o maior desafio dos sistemas educacionais atualmente, é o de oferecer um ensino que habilite os estudantes a exercerem no futuro funções que ainda nos são desconhecidas ou indefinidas.

Nesse novo cenário, cabe ao professor criar materiais contextualizados, significativos, que estimulem a busca de informações, que interajam com o aluno, ajudando-o a transformar informações em conhecimento e sabedoria.

Não podemos esquecer que um dos problemas sérios do ensino no Brasil é a dificuldade do aluno em trabalhar sozinho, organizar-se para o estudo, sem desistir no meio do caminho.

E no meio de tantos caminhos incertos, é preciso como diria Rubem Alves:

“...criar pessoas que se atrevam a sair das trilhas apreendidas, com coragem de explorar novos caminhos. Pois a ciência construiu-se pela ousadia dos que sonham e o conhecimento é a aventura pelo desconhecido em busca da terra sonhada.”

Referências bibliográficas

BRIGHENTI, Agenor. Metodologia para um processo de planejamento participativo. São Paulo: Paulinas, 1988.

 

FERREIRA, Francisco Witaker. Planejamento sim e não. São Paulo: Paz e Terra, 1988.

 

GANDIN, Danilo. Escola e transformação social. Rio de Janeiro: Vozes, 1988.

LAASER, Wolfram (org). Manual de criação e elaboração de materiais para Educação a  distância. Brasília: CEAD; Editora Universidade de Brasília, 1997.

LITWIN, Edith. Educação a Distância – Temas para o debate de uma nova agenda educativa.  Porto Alegre: Artmed, 2001.

MOORE, Michel Kearsley. Grep. Distance Education- a systems view. USA: Wadsworth Publishing   Company, 1992.

PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: Unisinos, 2001.

PFROMM, Samuel Neto. Telas que ensinam- Mídia e Aprendizagem: do cinema ao computador. Campinas: Alínea,1998.

VIANNA, Ilca Oliveira de Almeida. Planejamento participativo na escola. São Paulo: E.P.U., 1986.