Computadores na Educação 
 Projetos baseados na Internet



Marcos Clayton Fernandes Pessoa, Phd
Professor Visitante da Universidade Estadual do Ceará
Coordenador de Tecnologia Educacional do Instituto Educacional do Ceará
mclayton@insoft.softex.br


(Texto original com imagens: clique aqui)


Este trabalho se propõe a apresentar o uso do computador no contexto educacional. Primeiro em projetos baseados na Internet, e, em seguida, usado com grupos especiais com a mesma finalidade. Nós mostramos uma visão histórica do uso da tecnologia informacional dentro da Educação no Brasil. Identificamos, outrossim, as principais fases do uso do computador dentro da educação. Primeiramente, oferecemos uma visão geral dos principais projetos brasileiros na área de educação os quais apóiam o ingresso do computador nas escolas por todo o país. Finalmente, ferramentas para planejamento, criação e manutenção de ambientes educacionais são mencionadas. Nós também descrevemos como implementamos este e outros 16 projetos. Mostramos,  por fim, nossa metodologia e como avaliamos os conhecimentos adquiridos. 
Palavras-chave: Avaliação – Modelo didático – Interdiciplinaridade - Internet


1) CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O trabalho no Laboratório de Informática, em meu entender, visa principalmente propiciar cada vez maiores recursos de pesquisa e aprendizado aos alunos.  Por isso, nós não devemos ensinar informática e sim propiciarmos um recurso educacional incrível no aprendizado dos conteúdos disciplinares.

Neste contexto o professor de matemática, física, química, etc., utiliza os programas educacionais existentes e a medida que vão ministrando a matéria trazem os alunos para o Laboratório para que eles experimentem o aprendizado de sala de aula. Por exemplo, um professor de biologia ensinando sobre a alimentação, pode após a sua aula trazer os alunos para verem no computador como se faz a produção do bolo alimentar, este virando quilo e quimo.

Entretanto, muitas vezes, alguns alunos se destacam no uso dos computadores exigindo maior atenção. Esta atenção deve-se ao fato de oportunizarmos condições de os alunos sempre crescerem mais, aumentando sua auto-estima e suas potencialidades.

Pensando nisso, e aliado ao crescimento da INTERNET procuramos criar projetos de internet com o objetivo de: Ingresso na cultura de redes; Participação dos professores e alunos em discussões nacionais em diversos assuntos e o Intercâmbio de experiências entre alunos e professores de diversos países.

2) ALGUNS PROJETOS EDUCACIONAIS BRASILEIROS

As primeiras iniciativas governamentais de incentivo à introdução da informática na educação brasileira  foram tomadas por volta de 1981 através do Projeto EDUCOM. Este projeto teve suas origens no “I Seminário Nacional de Informática na Educação”, que se realizou em Brasília no mesmo ano. O projeto almejava à implementação de centros-pilotos nos quais seriam formados profissionais capazes de utilizar em sala de aula a nova tecnologia que estava sendo disponibilizada. Finalmente, em 1983, o Projeto EDUCOM foi introduzido como uma proposta interdisciplinar, através da implementação dos centros-pilotos que contavam com infraestrutura capaz de formar profissionais qualificados a levar a tecnologia para dentro da escola. 

O Projeto FORMAR foi implementado em 1987, através de dois cursos, à nível de graduação, realizados na UNICAMP,  sobre especialização de informática na educação. O projeto foi criado com a finalidade de capacitar professores do setor público. Essa capacitação foi proporcionada pelos laboratórios do Projeto EDUCOM.

Os professores de graduação delineariam e implementariam, juntos com seus secretários em educação, um CIEd – Centro de Informática Educacional, com apoio técnico e financeiro do Ministério da Educação. Depois da realização do Projeto FORMAR foram abertos 17 CIEDs,  um em cada estado brasileiro.

O Programa Nacional de Informática Educacional – PRONINFE, de 1989, visava desenvolver a informática educacional no Brasil. O programa se desenvolveu através de atividades e projetos, de base sólida e atualizada no que tange aos fundamentos pedagógicos, a fim de garantir a unidade cientifica, política e técnica vitais para o êxito dos esforços e investimentos envolvidos. Programa também pretendia, entre outras coisas, dar apoio ao desenvolvimento e utilização da Ciência da Computação nos 1º, 2º e 3º graus, e na educação especial; para promover a infraestrutura de apoio à criação de vários centros espalhados por todo o país, podendo assim consolidar e integrar as pesquisas; para produzir recursos humanos qualificados para produzir, adquirir, adaptar e avaliar materiais de software educacional.

Finalmente, O PROINFO – Programa Nacional de Informática na Educação – foi criado.  Os principais objetivos do PROINFO eram financiar a entrada da tecnologia informacional e das telecomunicações no ensino médio e fundamental das escolas publicas, e, iniciar o processo de universalização do uso de novas tecnologias na educação publica. Com isso, o projeto se propunha a melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, e, ao mesmo tempo, tornar possível a criação de uma nova pedagogia cognitiva no ambiente escolar através da incorporação de novas tecnologias informacionais. Tudo isso ofereceria uma educação voltada para o desenvolvimento cientifico e tecnológico. O Projeto PROINFO, quando foi lançado, antecipou algumas mudanças tais como: suporte e preparação de projetos estaduais voltados para educação através do computador; planejamento da informatização da escola; apoio aos projetos escolares; qualificação de recursos humanos; implantação de centros de tecnologia educacional; definição de especificações técnicas e de suporte futuro para os projetos.

Atualmente o educação no Brasil está dividida em Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. Umas das preocupações atuais do governo é o Programa TV Escola que conta com um canal de televisão via satélite totalmente dedicado à educação.  Os maiores objetivos desse programa são a qualificação de professores de escolas publicas dos ensinos Fundamental e Médio, como também o enriquecimento do processo de ensino-aprendizagem. Por ultimo, visa também proporcionar educação às áreas de difícil acesso dentro do país, por exemplo,  a Amazônia.

FASES DO USO DO COMPUTADOR DENTRO DA EDUCAÇÃO

Nesta seção, dois assuntos são abordados no que concerne à utilização de tecnologias dentro da sala de aula. O primeiro está relacionado ao uso do computador como uma ferramenta capaz de auxiliar o aluno a desenvolver seu raciocínio. O segundo mostra a evolução do uso dessa tecnologia pelo professor durante a preparação e apresentação do material que vai ser ensinado ao aluno.

O Computador no processo de ensino-aprendizagem

A Instrução Mediada pelo Computador (CAI – Computer Assisted Instruction) foi a primeira, e a  mais difundida em termos de quantidade, maneira que o computador foi utilizado com fins educacionais. É também conhecida como Instrução Programada, a qual é composta, brevemente, de exercícios de repetição para fixar, tutoriais e demonstrações. Os mais utilizados foram os exercícios de repetição. Eles são programas que levam o aluno a responder uma seqüência de exercícios organizados por nível de dificuldade.  

A evolução dos recursos pedagógicos

Tradicionalmente as aulas eram conduzidas com o auxilio de livros. Depois vieram as transparências manuscritas, e com o avanço da tecnologia veio o computador e, conseqüentemente, as transparências evoluíram para as impressas, as quais se tornaram um marco em termos de qualidade visual.

Em seguida, vieram ferramentas que tornaram as aulas mais criativas tais como o Microsoft PowerPoint – e todo o pacote Microsoft Office. Desde então os conteúdos de sala de aula as velhas transparências deram lugar a apresentações de maior qualidade de resolução.

Projetos no Brasil

Com o desenvolvimento do Ensino a Distancia via Internet no Brasil, muitos projetos começaram a nascer. A maioria desses projetos eram desenvolvidos nas universidades com o propósito de promover pesquisas, publicar artigos, promover eventos, publicar resultados e integrar a comunidade de Educação a distancia do país. Alguns desses projetos oferecem cursos realmente “distantes” , enquanto outros têm apenas um caráter informativo, oferecendo artigos da área, relatórios de especialistas ou dicas de links. Alguns dos Projetos desenvolvidos no Brasil são:

Kidlink Brazil (http://venus.rdc.puc-rio.br/kids/kdlinkv1.0),

LUAR Project – Leading the University to the Distance Learning

(http://penta.ufrgs.br/edu/telelab/luar.htm),

Aprendiz Project (http://www.uol.com.br/aprendiz/),

LED – Distance Teaching Laboratory (http://www.led.ufsc.br),

S.A.B.E.R. Center – Support to Learning Based on Remote Education (Centro S.A.B.E.R. – Apoio à Educação a Distancia) (http://www.centrodesaber.com.br/),

Telecourse 2000 (http://www.bibvirt.futuro.usp.br/acervo/matdidat/tc2000/tc2000.html)

Campus Global – PUCRS (http://terra.cglobal.pucrs.br/).

3) PROJETO INTERNET

A utilização da internet para a educação foi desenvolvido em duas fases:

1ª FASE:

Participação nos projetos de discussão, desenvolvidos e administrados pelo Departamento de Computação da USP.
Participação nos projetos de discussão, de assuntos sobre meio-ambiente administrados pelo professor Manoel Filho da USP.
Participação, em comum acordo, de projetos com a escola do futuro, filiados a USP.
Participação nos seguintes projetos mundiais: KIDLINK, KIDFORUM, I*EARN,  GEONET, NASA SPACELINK, NASA SIMULATION

2ª FASE:

Elaboração e criação de outros projetos de interesse dos alunos;

- Utilização de bases de dados de bibliotecas para pesquisa;
- Troca e desenvolvimento de softwares educativos;

 
4) RESUMO DOS PROJETOS

4.1) PROJETO FIGURAS HISTÓRICAS

Projeto realizado com uma escola de Lisboa-Portugal com o objetivo de estudar figuras históricas comuns ao Brasil e Portugal. A primeira estudada foi a figura de D. Pedro I do Brasil e D. Pedro IV de Portugal. Com este estudo os alunos puderam conhecer peculiaridades do imperador que abdicou do trono Brasileiro para assumir o Português, levando os alunos a discutir a independência do Brasil.

4.2) PROJETO CARTÃO POSTAL

Neste projeto é lançado um desafio de descobrir a cidade da escola.  Os alunos criam pistas e enviam para as demais escolas participantes do projeto. As primeiras 20 escolas que respondem corretamente recebem um cartão postal. Nós recebemos cartão da cidade de Phoenix-EUA, Salisburg-Austria e Guatemala-Guatemala.

4.3) PROJETO SOBRE TRÂNSITO

Os alunos escreveram mensagens sobre o tema TRÂNSITO falando sobre o que deve mudar e o que deve ser melhorado. No final o texto copilado com as idéias mais frequentes foi enviado para o Congresso Nacional com a assinatura eletrônica dos participantes.

4.4) PROJETO HISTÓRIAS INFANTIS

Uma escola de San Jose na Califórnia-EUA desejava traduzir 10 histórias infantis Brasileiras, visto que nesta escola existe uma grande comunidade Brasileira. Foi então realizada uma pesquisa e a história que os alunos gostariam de ver traduzida seria a do MENINO MALUQUINHO.

4.5) DISCUSSÕES

Este projeto envolve SEIS temas (aborto, drogas, imposto, meio-ambiente, mulher contemporânea, virgindade). Os alunos discutem livremente este tema com alunos de outros estados e países, trazendo novas informações e muitas vezes mudando ou fortificando o ponto de vista.

4.6) PROJETO PÓLO NORTE

Neste projeto os alunos do primário em dezembro enviaram cartas para o PAPAI NOEL e receberam resposta.

4.7) OLIMPíADA DE MATEMÁTICA

Troca de questões de matemática entre alunos do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile e México.

4.8) PROJETO EXPOSIÇÃO ARTÍSTICA

Aconteceu de 10 a 15 DE Abril de 1995 na Suiça uma exposição de desenhos feitos no computador, no programa KIDPIX. Participamos desta exposição com nove desenhos.

4.9) ESTUDO DOS INCAS

Troca de informações sobre a cultura INCA com estudantes da Guatemala.

 4.10) ESTUDO MEIO-AMBIENTE

 Pesquisa nos computadores do NASA EDUCATIONAL CENTER sobre o clima e vegetação de diversas partes do planeta.

 4.11) PROJETO HERBARIUM

 Troca de informações e fotos digitalizadas por computador de plantas exóticas entre o Brasil e Israel.

 4.12) PROJETO DICIONÁRIO PORTUGUÊS-PORTUGUÊS

 Criação de um dicionário PORTUGUÊS(Brasil)-PORTUGUÊS(Portugal).

 4.13) CONHECIMENTO MÚTUO

 Pesquisa para conhecer os hábitos diários de estudantes de outros países. Os hábitos estudados são: o tempo na escola, programas de TV, principais passatempos, etc.

 4.14) PROJETO COM NORUEGA

 Troca de informações sobre os cangaceiros (Brasil) e sobre os vinkings (Noruega).

 4.15) PROJETO PEN-PAL

 Troca de correspondências individuais entre alunos do Brasil, França, Noruega, Israel, Estados Unidos, Chile, Uruguai, Paraguai, Chile, Irlanda, Argentina, Inglaterra, Guatemala, Venezuela, Colombia, Costa Rica.

 4.16) PROJETO MATH-GRAPH

 Projeto com o objetivo de criar gráficos matemáticos a partir de perguntas genéricas feitas para a classe.

 6) METODOLOGIA DE TRABALHO

 Todo o trabalho seguiu utilizando os seguintes pontos:

 Direcionismo (não diretismo)

Aprendizagem ativa (estimular pensamento e ação)

Definição de temas para estudo (diálogo - negociação - significação)

Pesquisa/investigação (administração e organização do conhecimento)

Estratégias de intervenção (correção, socialização, monitoração )

Verbalização (participação em grupo e conscientização política)

             Trabalhar junto com alunos e professores de forma que estes exercitem uma aprendizagem ativa, estimulando o pensamento e ação. Para isso são definidos temas para estudo, através de diálogos, negociação e significação. Será utilizada ainda pesquisa, investigação e produção do conhecimento, bem como estratégias de intervenção para correção, socialização, monitoração e verbalização como forma de ampliar a participação do grupo dentro de uma conscientização sócio-política.

 O professor é consultor, articulador, mediador e orientador do processo em desenvolvimento pelo aluno. A criação de um clima de confiança, de respeito às diferenças e de reciprocidade encoraja o aluno a reconhecer seus conflitos e a descobrir  a potencialidade de aprender a partir dos próprios erros. Da mesa forma, o professor não terá inibições em reconhecer seus próprios conflitos, erros e limitações e em buscar sua depuração, numa atitude de parceria e humildade diante do conhecimento que caracteriza a postura interdisciplinar (Fazenda, 1994).

 O professor atua como mediador, facilitador, incentivador, desafiador, investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal.

 7. AVALIAÇÃO

 A avaliação dos projetos e grupos de interesse aconteciam permanentemente e tendo as seguintes premissas.

 Individualização (não individualismo)

Erro como oportunidade de aprender / refletir.

Medida do esforço e superação de dificuldades.

Acompanhamento da produção e conclusão.

Estratégias de premiação de esforços.

Conceito vinculado à disciplina (matéria)

             Dentro da avaliação concebe-se o erro como oportunidade de re-aprender/refletir e avançando no processo de aprendizagem o que leva a uma superação das dificuldades. Será observado dentro do laboratório a participação e o nível de crescimento individual e coletivo dos envolvidos no processo.

 8) CONCLUSÃO

Percebeu-se que os alunos preferem uma aprendizagem ativa baseada em projetos com metas a atingir e uma metodologia a ser seguida. Percebeu-se também que os alunos aprendem bem mais quanto o objeto de estudo é de seu interesse.

Os alunos disseram que seus pais  não acreditavam em suas habilidades em trabalhar com o computador. Muitos vieram ao programa acreditando que computadores era algo para pessoas muito inteligentes. Depois de participarem do programa um sentimento de orgulho e auto-realização nasceu nos alunos e seus pais resgataram a confiança no futuro de  seus filhos.

O computador é visto como um símbolo do que há de mais moderno, avançado e extremamente caro atualmente. É também o que a sociedade tem para oferecer de melhor aos seus cidadãos. Sabendo disso, a elite busca essas tecnologias e as tem como forma de perpetuar o seu estado de elite. As crianças de classe media e alta vão para cursos de informática ou os fazem dentro de sua própria escola.

 Nós podemos utilizar este tipo de projeto para diminuir a exclusão digital. Este tipo de projeto é uma forma de colocar a tecnologia a serviço da aprendizagem de qualquer classe social.

 BIBLIOGRAFIA:

 Márcia R. Notare, Simone C. Mendes, Ingrid V. Mito and Tiarajú A. Diverio. Historical Overview of computer usage in Brazilian Teaching . Instituto de informática e PPGC da UFRGS C.P. 15604 91501-970 Porto Alegre, RS – Brazil diverio@inf.ufrgs.br

 Ferreira, Sueli. Introdução às Redes Eletrônicas de Comunicação. Ciências da Informação. Brasília. Maio/Agosto de 1994.

 Estabrook, Noel et al. Using UseNet Newsgroups. Indianopolis, Que, 1995.

 Pappert Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre. Artes Médicas, 1994

 Alba Ma. Lemme Weis e Mara  Lucia R.M. da Cruz - A informática e os problemas escolares de aprendizagem - DP&A Editora

Failure to conect: how computers affect our children's minds - for better and worse (fracasso em conectar: como os computadores afetam a mente das crianças - para o melhor e o pior ED. Simon & Schuster).

 SENAC.DN Desatando os nós da rede: dicas para você não se enrolar na internet /Sonia Aguiar. Rio de Janeiro, 1997

 Michael Schrage - Shared Minds - Tecnologia da Colaboração

 PERRENOUD, P. (1999). Avaliação: Da excelência à regulação das aprendizagens. Entre duas lógicas. Porto Alegre: Editora Artes Médicas.

  Nessa etapa, o facilitador deve grupar os aprendizes, dando-lhes a liberdade para a escolha de um tema, que esteja associado ao conteúdo programático da disciplina. Também deve ser escolhido um líder, por grupo, e os alunos devem se cadastrar no AulaNet.

ETAPA  2 – Criação do plano de aulas

Nessa etapa, o facilitador deve criar o curso no AulaNet, elaborando o plano de aulas, onde cada aula corresponderá a um tema selecionado por um grupo. Também deverá selecionar alguns serviços oferecidos pelo AulaNet,  necessários para promoverem uma aprendizagem cooperativa.

ETAPA  3 – Publicação do curso no AulaNet e matrícula

Nessa etapa, o administrador do AulaNet deve publicar o curso e liberar o cadastramento para que os aprendizes possam se matricular.

 ETAPA  4 – Nomeação dos co-autores do curso

O facilitador deverá nomear o líder de cada grupo como co-autor do “curso a distância” que será construído.

ETAPA  5 – Construção do conteúdo programático do curso

Nessa etapa,  sob a orientação do facilitador, os aprendizes devem iniciar a elaboração do conteúdo programático das aulas, através do processamento de informações obtidas de diversas fontes – Internet, livros, textos, etc.

ETAPA  6 - Inserção do conteúdo programático no AulaNet

Após a construção do conteúdo programático, o mesmo deverá ser inserido pelos líderes dos grupos no AulaNet, na aula correspondente.

ETAPA  7 -  Dinâmica virtual  com os alunos

Cada grupo deve selecionar 3 (três) aulas do “curso a distância” construído pelos outros aprendizes, e utilizando o serviço de comunicação grupo de interesse, o grupo deverá comentar os trabalhos em relação aos seguintes critérios: aplicabilidade, conteúdo programático; apresentação; objetividade e inovação.

ETAPA 8 - Pesquisa Avaliativa

Ao término de cada experimento, é feita uma Pesquisa Avaliativa com os alunos, para saber sua opinião em relação à aplicação desta Metodologia Construtivista usando o ambiente AulaNet..

4. Aplicação da Metodologia Construtivista
Neste item mostramos dois experimentos dos sete já realizados (Tabela 1). Através da Pesquisa Avaliativa realizada ao final de cada experimento foi possível comprovar a eficiência desta Metodologia.

4.1. Experimento 1 - Curso “Os Desafios da Pesquisa em Educação”
O primeiro experimento, denominado “Os Desafios da Pesquisa em Educação”, corresponde a um “curso a distância” construído no AulaNet pelos alunos do 8º período do curso de Pedagogia no 2º semestre de 1999, e que estavam cursando a disciplina Educação a Distância, usando a Metodologia Construtivista proposta.

Seguindo as etapas da Metodologia, a formação dos grupos procurou respeitar a mesma distribuição utilizada na disciplina “Projeto de Pesquisa Educacional”, onde os alunos foram distribuídos em 14 (catorze) grupos, com 2 (dois) a 7 (sete) alunos por grupo. Para a realização do experimento foram utilizados 3 (três) laboratórios de informática.

Após o procedimento de cadastramento dos 57 alunos no AulaNet, 68% deles comentaram que não tiveram problemas; 20% conseguiram se cadastrar com dificuldades e apenas 12% não conseguiram. Em função das  dificuldades apresentadas pelos alunos ao lidarem com a tecnologia, foi discutido em sala de aula a continuidade do experimento e 54,54% dos alunos acharam a experiência válida e enriquecedora pela possibilidade da troca de informações, exposição de idéias, e a interação com as mais recentes pesquisas; já 15,15% confessaram ainda não ter entendido o ambiente, necessitando de ajuda e apenas 3,03% acharam a experiência chata, superficial e frustrante. Os alunos optaram pela continuidade do trabalho nos laboratórios de Informática, e sugeriram a inserção no AulaNet de seus projetos de pesquisa de final de curso.

Na etapa 2, o plano de aulas foi constituído de 14 aulas, onde cada aula representava um projeto de pesquisa de final de curso.

Na etapa 5, vale destacar que os alunos utilizaram os aplicativos Word e PowerPoint para a construção do conteúdo programático das aulas. Após a etapa 6, com os conteúdos já inseridos, foi realizada a dinâmica virtual onde foram contabilizados um total de 51 comentários.

A Pesquisa Avaliativa realizada com os 57 participantes mostrou que 60% acharam Ótimo o trabalho com o AulaNet,  33% acharam Bom e apenas 7% acharam Regular.  Veja a seguir uma tabulação com os principais resultados da Pesquisa:

4.2. Experimento 2 - Curso “Metodologia da Pesquisa Científica em Informática”
O segundo experimento, denominado “Metodologia da Pesquisa Científica em Informática”, corresponde a um “curso a distância” construído no AulaNet pelos alunos do curso de Informática do 1º semestre de 2000.

Seguindo as etapas da Metodologia Construtivista, foi utilizado apenas 1 (um) laboratório de informática e os alunos foram distribuídos em 20 (vinte) grupos, com 2 (dois) a 4(alunos) por grupo, e cada grupo escolheu um tema. Nesse caso não houve problemas com o procedimento de cadastramento no AulaNet.

O plano de aulas foi constituído de 20 aulas, onde cada aula representava um projeto de pesquisa bibliográfica construído a partir da utilização de princípios básicos de metodologia e pesquisa científica. Na etapa de construção do conteúdo os alunos fizeram uso de aplicativos como: Word, um editor de páginas Web, e softwares  para apresentações como PowerPoint e Flash. Após a etapa 6, com os conteúdos já inseridos no AulaNet, foi realizada a Pesquisa Avaliativa com os 42 alunos, dos quais 60% acharam Ótimo o trabalho com o AulaNet,  32% acharam Bom e apenas 8% acharam Regular.  Em relação à interface do ambiente, 6% acharam Ótima, 68%, Bom e 26%, Regular. Os alunos comentaram que a interface é simples e dinâmica, fácil de usar. Na Tabela 3, encontra-se uma tabulação com os principais resultados da Pesquisa:


5. Conclusões
De acordo com os resultados obtidos nas Pesquisas Avaliativas, a ferramenta AulaNet em conjunto com a Metodologia Construtivista proposta no presente trabalho, foram bem aceitas pelos alunos dos dois experimentos, mostrando que pode ser uma alternativa para romper com a monotonia da sala de aula tradicional, pois possibilita a utilização de novas formas de ensino centradas no aluno, através de um repertório de estratégias instrucionais implementadas em um ambiente construtivista e orientadas para a cognição e para o aprendizado cooperativo,  superando limitações como tempo, espaço e seqüência [10].

Isto confirma o que disse Altet [2]de que “o fato de aprender tem primazia sobre o ato de ensinar (inversão do training ao learning)”, ou seja, a atividade do aluno passou a ser mais importante em relação à atuação do professor, que passa a ser um mediador, um facilitador e um organizador de situações de aprendizagem, para ajudar o aluno a transformar informação em saber pela comunicação e pela ação interativa entre aluno-saber-professor.

Observou-se também que os alunos participantes dos experimentos manifestaram vontade de ampliar seus conhecimentos através desta dinâmica de ensino, e sugeriram a sua utilização em outras disciplinas, permitindo um maior alcance e abrangência no meio universitário. A grande vantagem da ferramenta AulaNet, segundo eles, é a facilidade de acesso de qualquer lugar e em qualquer momento e o aluno pode estabelecer seu próprio horário de estudo.

Portanto, os experimentos realizados até agora poderiam servir como um modelo para que os outros professores do mesmo meio universitário pudessem adotar a Metodologia Construtivista proposta neste trabalho, uma vez que mesmo não sendo um especialista em Internet, é possível construir um curso a distância usando o serviço de cooperação da co-autoria do AulaNet, quando o professor poderá construir os conteúdos programáticos dos cursos em conjunto com seus alunos, valorizando a produção pessoal dos mesmos.

O principal benefício disto será a superação de obstáculos como a desmotivação e fatores como cansaço e dispersão manifestados pelos alunos durante as aulas presenciais, uma vez que a sala de aula oferece hoje poucos recursos para acompanhar o ritmo das novas tecnologias que permitem o acesso a novas informações para a construção de novos conhecimentos de forma mais rápida e eficiente.

Referências Bibliográficas
[1] Almeida, M.E. Informática e Formação de Professores. Volume 1. Série de Estudos –Educação a Distância. SEED-MEC. Brasília. 2000.

[2] Altet, M. As Pedagogias da Aprendizagem. Coleção Horizontes Pedagógicos. Lisboa: Instituto Piaget. 1997.

[3] Deschênes  A.-J. et all.  Tradução por Roger Bédard. Artigo publicado na revista DistanceS, 1 (1), 9-25, Sainte-Foy, Québec, Canada. Constutivismo e Formação a Distância.

[4] Fernandes, M.C. P.; Fernandes, J.R. Uma Experiência Construtivista Usando Um Ambiente de Software Baseado na Web”. VII Congresso Internacional de Educação a Distância da ABED. S. Paulo (08/2000);  IV COINFE na UERJ (11/2000); II Conferência Internacional em Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação. Braga - Portugal (05/2001).

[5] Fernandes, M.C.P.& Fernandes,J.R. Metodologia Construtivista usando um ambiente de software baseado na Web. Trabalho apresentado no VIII Congresso Internacional de Educação a Distância da ABED. Brasília (08/2001); V COINFE na UERJ (11/2001) como Relato-destaque.

[6] Franco, B.B.F.& Monteiro, M.R. & Ladeira, A . Papel do Facilitador na Instrução Baseada na Web. Curso TIAE: PUC-RJ. 2º Semestre de 2001. (http://www/anauel.cead.puc-rj/aulanet2).

[7] Gerosa, M.A. & Fuks, H. & Lucena, C.J.P. Elementos de percepção como forma de facilitar a colaboração em cursos via Internet. artigo apresentado no XII SBIE – Educação a Distância Mediada por computador. Espírito Santo. 2001.

[8] Hack, L.E. & Gelle, M. & Tarouco, L.M.R. Artigo O Processo de Avaliação na Educação a Distância. Livro Tecnologia Digital na Educação. IV Workshop Informática na Educação. PGIE/UFRGS. 2000.

[9] Heide, A e Silborne, L. Guia do Professor para a Internet. Rio Grande do Sul:  Artmed Editora. 2000.

 [10] Lucena C.J.P., Fuks H. A Educação na Era da Internet. Rio de Janeiro: clubedofuturo. 2000.

[11] Maia, C.(Org.). Ead.br: Educação a distância no Brasil na era da Internet. S. Paulo: Editora Anhembi Morumbi. 2000.

[12] Santos, A. Ensino a Distância e Tecnologias da Informação. Lisboa: FCA Editora. 2000.